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Dezenas de jornalistas se reuniram na tarde de sexta-feira em frente ao Palácio Piratini para protestar contra a prisão do repórter Matheus Chaparini, do jornal JÁ. Essa foi a primeira vez em quase 30 anos que um jornalista foi preso durante o exercício de seu trabalho no Estado. O profissional foi detido enquanto fazia a cobertura da desocupação da Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz), na semana passada. Além dele, 41 estudantes e um documentarista também foram apreendidos.
Apesar de nota da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP) relatar que Chaparini não se identificou como jornalista aos policiais militares, vídeos gravados pelo repórter desmentem a informação. Após quase 14 horas, todos foram soltos, com liberdade provisória decretada.
Durante o ato, jornalistas de veículos de comunicação, assessores de imprensa, estudantes de jornalismo e membros do Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul (Sindjors) pediram respeito à liberdade de imprensa. Foram entoados gritos de guerra como "Informar não é crime/Anistia ao Chaparini" e "Sem jornalista/Não tem informação". Em ato simbólico, canetas e blocos de anotações foram depositados na escadaria do Palácio Piratini. Nenhum representante do governo do Estado apareceu para dialogar com os manifestantes.
Em 1987, repórter do Jornal do Comércio foi detido durante manifestação
A última prisão de um jornalista durante o exercício de suas funções no Estado havia sido há 29 anos, durante o governo de Pedro Simon (PMDB). Na época, o repórter Alfredo Daudt, do Jornal do Comércio, foi preso durante cobertura de uma manifestação de professores da rede estadual em frente à Assembleia Legislativa.
Em 7 de dezembro de 1987, o profissional foi imobilizado e carregado por policiais militares, ficando detido por cerca de quatro horas. Foi o primeiro caso de detenção de um jornalista após o fim da ditadura militar. Daquela vez, contudo, não houve indiciamento.
Dois dias depois do incidente, Simon recebeu Daudt em seu gabinete para ouvir o relato do ocorrido e pediu desculpas ao repórter e ao jornal pela atuação da Brigada Militar. Por enquanto, o atual governador, José Ivo Sartori, não se pronunciou oficialmente sobre a detenção de Matheus Chaparini.