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Conjuntura Internacional

- Publicada em 22 de Junho de 2016 às 18:21

UE não está disposta a beneficiar Reino Unido

População britânica vai às urnas hoje para responder ser o país deve continuar como membro da União Europeia; votação divide opiniões

População britânica vai às urnas hoje para responder ser o país deve continuar como membro da União Europeia; votação divide opiniões


fotos JUSTIN TALLIS/AFP/JC
O presidente da Comissão Europeia, o braço executivo da União Europeia (UE), Jean-Claude Juncker, descartou ontem a possibilidade de o Reino Unido negociar melhores termos de adesão ao bloco caso o plebiscito que ocorre hoje decida pela sua saída. "Fora é fora", resumiu Juncker quando questionado sobre se a UE estaria disposta a oferecer melhores termos de adesão aos britânicos para evitar que a separação seja concretizada.
O presidente da Comissão Europeia, o braço executivo da União Europeia (UE), Jean-Claude Juncker, descartou ontem a possibilidade de o Reino Unido negociar melhores termos de adesão ao bloco caso o plebiscito que ocorre hoje decida pela sua saída. "Fora é fora", resumiu Juncker quando questionado sobre se a UE estaria disposta a oferecer melhores termos de adesão aos britânicos para evitar que a separação seja concretizada.
Nos últimos meses, como preparação para a votação popular de hoje, o primeiro-ministro inglês David Cameron obteve uma série de concessões de Bruxelas para limitar a imigração e a integração regional. Juncker disse que Cameron conseguiu "o máximo que ele poderia, e nós cedemos o máximo que podíamos", e que, portanto, "não haverá uma nova negociação".
Os britânicos vão às urnas hoje para responder à pergunta: "O Reino Unido deve continuar a ser um membro da União Europeia ou deixar a União Europeia?". Poderão votar cidadãos britânicos acima de 18 anos e cidadãos dos 53 países da Comunidade Britânica e da Irlanda que vivam no Reino Unido. O resultado do plebiscito não é vinculante, ou seja, se o voto na saída prevalecer, os parlamentares farão uma lei para que o país deixe o bloco e a votarão.
O Parlamento pode derrubar a decisão do plebiscito, ainda que politicamente seja pouco provável. Se endossar as urnas, começará uma negociação com a UE que pode levar até dois anos e deve ocorrer em várias fases.
Este será o terceiro plebiscito em toda a história do Reino Unido. Em 1975, os britânicos apoiaram a participação do país na Comunidade Econômica Europeia. Já em 2011, os britânicos recusaram proposta de alterar o sistema eleitoral nacional. O Reino Unido sempre manteve algumas posições, como a de não aderir ao euro - mantendo como moeda nacional a libra - e de não aderir ao Acordo Schengen, tratado de livre circulação de pessoas em territórios europeus.
O porta-voz oficial da Casa Branca, Josh Earnest, declarou que, apesar de tratar-se de uma decisão do povo britânico, os EUA se posicionam favoravelmente à permanência do Reino Unido na União Europeia. Segundo Earnest, o processo será acompanhado de perto pelo presidente norte-americano, Barack Obama.
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Saída pode complicar negociações de acordo Mercosul-UE

A saída do Reino Unido da União Europeia pode ser um complicador para as negociações do acordo do Mercosul com o bloco europeu, segundo se avalia no Ministério das Relações Exteriores. Isso porque os britânicos têm sido aliados do Brasil quando se discute a abertura do mercado agrícola.
"O Reino Unido é um dos maiores apoiadores de um acordo amplo, e têm atuado firmemente para a inclusão do setor agrícola", disse um diplomata. "Eles têm sido um pilar importante."
Por isso, há uma "torcida discreta" pela permanência. É o máximo que se pode fazer, pois o Brasil não interfere em temas internos de outros países.
A torcida se justifica também porque a saída do Reino Unido pode desestabilizar a União Europeia e atrasar o processo de recuperação econômica que só começou a dar os primeiros passos em mercados importantes para o Brasil, como Espanha e Portugal. Os britânicos são a terceira maior população do bloco e respondem por 15% de seu Produto Interno Bruto (PIB).
As consequências da separação, porém, são mais amplas do que os potenciais efeitos sobre o Brasil. Hoje, o Reino Unido integra um tripé, junto com a Alemanha e a França, na sustentação do bloco. Sua saída provocaria um realinhamento de forças.
Além disso, poderia haver um "efeito cascata", com a saída de outros países do bloco europeu. A crise dos refugiados tem dado força a grupos nacionalistas e xenófobos.
Do ponto de vista econômico, a saída do Reino Unido deixaria a Alemanha sem seu principal aliado nas discussões sobre propostas voltadas para a produtividade. Eles têm trabalhado juntos para refrear propostas na linha estatizante.

Soros prevê queda vertiginosa da libra em caso de Brexit

O magnata George Soros, que enriqueceu apostando contra a libra esterlina em 1992, prevê uma queda vertiginosa da moeda britânica em caso de vitória do Brexit hoje no plebiscito. "Caso o Reino Unido abandone a União Europeia, haverá um efeito claríssimo e imediato que afetará cada casa: o valor da libra cairá de forma vertiginosa", disse o bilionário.
Segundo Soros, a libra deverá cair ao menos 15%. "A ironia, neste caso, é que a libra passaria a valer o mesmo que o euro, uma forma de equiparar as moedas, o que ninguém deseja no Reino Unido." O magnata de origem húngara prevê ainda que o abandono da União Europeia reduzirá o preço das moradias, mas também provocará perda de postos de trabalho e, eventualmente, recessão.
Nas casas de apostas britânicas, o voto pela permanência do Reino Unido na UE liderava ontem a disputa. As apostas na vitória do "fica" representavam 57% do total, segundo levantamento do site Oddschecker com 21 casas de apostas. Os palpites pela vitória do "sair" representaram 43%.