Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Comércio Exterior

- Publicada em 20 de Junho de 2016 às 21:40

País quer rever tarifa comum do Mercosul

Em encontro com empresários na sede da Fiesp, Serra (centro) atacou adoção de prática de concessões

Em encontro com empresários na sede da Fiesp, Serra (centro) atacou adoção de prática de concessões


ROVENA ROSA/ABR/JC
O ministro das Relações Exteriores, José Serra, disse que o Brasil deve flexibilizar a tarifa externa comum do Mercosul. "Ficamos excessivamente amarrados à cláusula da união alfandegária do Mercosul. Isso também serviu de pretexto para o Brasil ficar na retranca, porque em toda negociação o Brasil tinha que levar o Mercosul", afirmou o chanceler em reunião com empresários nesta ontem na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
O ministro das Relações Exteriores, José Serra, disse que o Brasil deve flexibilizar a tarifa externa comum do Mercosul. "Ficamos excessivamente amarrados à cláusula da união alfandegária do Mercosul. Isso também serviu de pretexto para o Brasil ficar na retranca, porque em toda negociação o Brasil tinha que levar o Mercosul", afirmou o chanceler em reunião com empresários nesta ontem na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
A ideia não é acabar com a taxa, um dos pontos fundamentais da união entre os países, mas "analisar dados" e "flexibilizá-la" de modo que o Brasil possa iniciar negociações unilateralmente, trazendo os parceiros sul-americanos em um segundo momento.
Atualmente, toda negociação precisa ser feita em conjunto pelos países para que as tarifas de comércio sejam as mesmas para todo o Mercosul. Essa obrigação atrasaria o avanço de negociações com novos parceiros, na visão do ministro. Exemplos do fracasso dessa abordagem seriam os únicos três acordos que o Brasil firmou no âmbito do Mercosul: com Israel e, "para não ser chamado de pró-semita", com Egito e Palestina.
Serra também atacou a prática de concessões unilaterais pelo Brasil, quando o País reduz tarifas a produtos estrangeiros sem que o parceiro adote a mesma medida em relação aos produtos nacionais. "Há uma linha masoquista no Brasil de achar que devemos fazer concessões unilaterais", afirmou, em referência ao governo Dilma Rousseff, que teria adotado a prática.
O chanceler voltou a mencionar a Argentina como parceiro prioritário do Brasil na região. Ele também citou a China como prioridade, e defendeu a criação de uma área especial do Itamaraty dedicada apenas ao País. O status da China como economia de mercado deve ser analisado este ano pela OMC (Organização Mundial do Comércio). Nessa matéria, Serra afirmou que o Brasil deve atuar como "observador" e seguir a "média mundial". Para analistas, o reconhecimento oficial do gigante asiático como economia de mercado deve dificultar a condenação do país por práticas de dumping, o que cria resistência por parte dos Estados Unidos e da União Europeia.
O ministro atacou políticas protecionistas de países desenvolvidos, que seriam um entrave às negociações multilaterais. "Sempre fui cético com a rodada Doha pela realidade que se tinha no comércio internacional. Os países mais protecionistas do mundo são os desenvolvidos. É brincadeira infantil o que o Brasil tem na área agrícola perto desses países, como Noruega e Estados Unidos", disse.
O ministro também comentou mudanças na estrutura de promoção das exportações brasileiras. A Camex (Câmara de Comércio Exterior), que estava no Ministério do Desenvolvimento, Industria e Comércio e ocupada pelo "terceiro escalão", nas palavras de Serra, foi transferida para a órbita da presidência da República, onde será chefiada por Michel Temer. A Agência de Promoção às Exportações (Apex), que também estava ligada ao ministério, integrou-se ao Itamaraty, onde será comandada pelo embaixador Jaguaribe, ex-representante brasileiro na China.
Participaram da reunião o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, o economista Delfim Neto, os embaixadores Rubens Barbosa e Sérgio Amaral, entre outros.
 

Skaf destaca importância da China, independentemente de status de economia de mercado

O presidente da Federação da Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, afirmou ontem que o Brasil precisa aproveitar as oportunidades comerciais com a China, independentemente da discussão que se faz sobre o reconhecimento daquele país como economia de mercado. O protocolo de acessão da China à Organização Mundial do Comércio (OMC), que foi firmado em 11 de dezembro de 2001, vence neste ano e os países-membros do órgão estão discutindo se todos são obrigados a adotar o reconhecimento.
Skaf convidou o ministro das Relações Exteriores, José Serra, para uma "grande missão" que a Fiesp deverá fazer na Argentina em setembro. "Tivemos a visita do (Mauricio) Macri antes de ele ser presidente e a ideia é ampliar a agenda com eles: comprar, vender e investir mais. Queremos fazer uma construção melhor com eles. Macri tem uma visão de economia liberal que nos agrada muito", afirmou.
Skaf defendeu as mudanças no ministério adotadas por Serra e pediu ainda que o Brasil priorize acordos para evitar a dupla tributação no comércio internacional, sobretudo com os Estados Unidos. O presidente da Fiesp também defendeu um retorno do Mercosul "às origens", com foco em compra e venda entre os países. No encontro, Serra e Skaf assinaram um memorando de colaboração entre as instituições para comércio exterior.
Sobre a economia nacional, Skaf reiterou que é contra o aumento de impostos. "Temos que aumentar a arrecadação com aumento do PIB", ressaltou. A avaliação dele é que a economia brasileira "bateu no fundo do poço". "Há sinais, de uns 60 dias para cá, não de piora, não está mais caindo. Então é a hora de retomarmos a economia", declarou.