Após encontro com o presidente interino, Michel Temer, o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, reconheceu que o Brasil vive momento de turbulência e negou divergências com o ministro de Relações Exteriores, José Serra. "Eu fico perplexo com as notícias no sentido de colocar como se o ministro Serra e eu estivéssemos em oposição. Não sei de onde vem isso, conversei com ele, nem eu e nem ele entendemos isso", disse. "Eu e ele falamos exatamente a mesma coisa: que o Brasil tem que procurar avançar nos acordos comerciais", afirmou. Azevêdoafirmou que os dois "estão perfeitamente afinados" e que marcaram um encontro para hoje.
Serra questionou, no início do mês, a legitimidade da OMC e disse que a instituição enfrenta imobilismo, falhou em derrubar os subsídios e barreiras sanitárias e fitossanitárias e ao apostar na Rodada Doha - o que leva o Brasil a condicionar seu engajamento a avanços objetivos. Para Azevêdo, a opinião de Serra não significa dizer que o Brasil vai abandonar a OMC. "O que ele disse é que em determinadas áreas, na área de abertura de mercados, a OMC não avançou muito, sobretudo, no contexto da Rodada de Doha. E é mais fácil avançar na abertura de mercado na área bilateral, por exemplo, do que multilateral e nós nunca discordamos", afirmou.
Segundo Azevêdo, a visita a Temer foi de cortesia para informar sobre as negociações em Genebra e também para colocar a instituição à disposição "no que for possível" para ajudar o País a recuperar o caminho do crescimento econômico "e facilitar a inserção do País nos fluxos de comércio internacionais". "Foi uma conversa muito descontraída, agradável, no sentido de aprofundar o diálogo entre governo brasileiro e a OMC, que continua sempre interessada em avançar no dialogo e inserção do País no comércio internacional", disse.