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Relações Internacionais

- Publicada em 02 de Junho de 2016 às 23:25

Serra critica OMC e cogita desengajamento brasileiro

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, José Serra (PSDB), questionou, nesta quinta-feira, a legitimidade da Organização Mundial do Comércio (OMC) e sinalizou que o País pode se afastar do organismo, "tomando novos caminhos". A manifestação foi feita em uma minirreunião da entidade realizada em Paris. Para Serra, a instituição enfrenta imobilismo, falhou em derrubar os subsídios e barreiras sanitárias e fitossanitárias e ao apostar na Rodada Doha - o que leva o Brasil a condicionar seu engajamento a avanços objetivos.
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, José Serra (PSDB), questionou, nesta quinta-feira, a legitimidade da Organização Mundial do Comércio (OMC) e sinalizou que o País pode se afastar do organismo, "tomando novos caminhos". A manifestação foi feita em uma minirreunião da entidade realizada em Paris. Para Serra, a instituição enfrenta imobilismo, falhou em derrubar os subsídios e barreiras sanitárias e fitossanitárias e ao apostar na Rodada Doha - o que leva o Brasil a condicionar seu engajamento a avanços objetivos.
As críticas foram feitas na sede da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), durante encontro de ministros de Economia e de Relações Exteriores de mais de 40 países. Na minirreunião da OMC participaram representantes de cerca de 20 nações, incluindo grandes exportadores, como Brasil, Argentina, México, Estados Unidos e China.
Serra reconheceu que o Brasil enfrenta uma crise econômica causada em especial por fatores políticos internos, mas reiterou que o novo governo está tomando medidas para "corrigir desequilíbrios macroeconômicos" e "criar condições para o crescimento". "Nesse processo", sustentou, "o comércio internacional e investimentos vão desempenhar um importante papel".
O ministro criticou os subsídios agrícolas em países desenvolvidos, afirmando que eles contribuíram para abalar a credibilidade da OMC. "A proibição de subsídios de exportação para produtos agrícolas evitou a perda total da credibilidade do pilar de negociação da OMC. No entanto, a capacidade da OMC para permanecer um fórum significativo de negociação ainda está em questão", disse.
O chanceler reiterou que o Brasil "valoriza" a entidade, mas alegou que "a experiência dos últimos 10 anos não se mostrou recompensadora". "Nós não fomos capazes de corrigir a assimetria em setores e o acesso entre produtos agrícolas e industriais. Não fomos capazes de corrigir as preocupações de países em desenvolvimento no sentido de facilitar sua participação crescente no comércio internacional", disparou.
Foi então que Serra sinalizou o desengajamento em relação à organização - embora nos bastidores assessores reiteraram que não há hipótese de desligamento da OMC. "Se as coisas não funcionaram do jeito que tentamos, nós estamos prontos para novos caminhos, à medida que os problemas importantes para nós continuam na mesa", justificou.
Serra exortou os colegas a estipularem um quadro de trabalho até a próxima reunião ministerial da OMC, no final de 2017. O encontro deverá, diz o chanceler, servir como um ponto de partida para "um processo de eliminação passo a passo das distorções".

Abandonar área multilateral é 'equívoco enorme', diz diretor

 eco embaixador Roberto Azevêdo crédito Antônio Cruz ABR

eco embaixador Roberto Azevêdo crédito Antônio Cruz ABR


ANTONIO CRUZ/ABR/JC
O brasileiro Roberto Azevêdo, diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), defende que o Brasil continue apostando em todas as frentes na política externa. Para ele, abandonar a área multilateral é "um equívoco enorme", capaz de fazer o País perder o "poder de barganha".
Desde que assumiu o Ministério das Relações Exteriores, o tucano José Serra tem intensificado negociações bilaterais num movimento antagônico a uma das principais características da gestão petista, que se dedicou bastante a acordos multilaterais.
"O Brasil não pode abandonar negociações que oferecem oportunidade na área bilateral ou regional. Ao avançar nessa área, não precisa abandonar a área multilateral. Isso seria um equívoco enorme", disse Azevêdo durante encontro da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) em Paris.
Azevêdo, contudo, nega qualquer crítica à atuação do chanceler interino e diz que ele e Serra "estão falando a mesma coisa". "Serra acha que tem que ser pragmático. Que tem que tentar tudo, que não tem que optar por A, B, C ou D", disse, depois de se encontrar com o ministro em Paris.
Para Azevêdo, a política externa não se trata de um jogo com fichas limitadas. Países como os EUA, segundo ele, apostam em todas as frentes e é isso que ele acha que o Brasil deveria fazer.
"Pragmaticamente, você avança no que pode bilateralmente e, quando você negocia em várias frentes, você alavanca seu poder de barganha. Atuar em várias frentes não tem nenhuma desvantagem, é o que todos fazem", diz.
A OMC tem intensificado os acordos multilaterais, uma novidade para a entidade que reúne 162 países. Em 2013, a OMC fechou o chamado Pacote de Bali, que inclui um acordo para facilitação de comércio, e em 2015 assinou outro pacote de acordos em Nairóbi (Quênia). Há ainda uma série de negociações em curso sobre comércio eletrônico, concorrência, facilitação de licitações e transparência.