Tóquio fecha em queda com iene forte e redução da perspectiva de estímulos

A Bolsa de Tóquio fechou em queda nesta quinta-feira (2) mais uma vez penalizada pelo iene forte e diante da redução da expectativa de que o governo do Japão poderá anunciar um pacote de estímulos adicional em breve.

O Nikkei, índice que reúne as empresas mais negociadas na capital do Japão, recuou 2,3%, a 16.562,55 pontos. Desde o início do ano, o Nikkei já caiu 13%.

O iene atingiu o nível mais alto em duas semanas em relação ao dólar após Takehiro Sato, membro do conselho do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês), advertir que a expansão da base monetária e a introdução de uma taxa negativa de juros são essencialmente contraditórias, e que essa combinação não é sustentável. "Além disso, eu acredito que a política de taxas negativas tem o efeito de aperto monetário ao invés de afrouxamento, e pode afetar a estabilidade do sistema financeiro", acrescentou.

Os investidores já estavam céticos depois que o primeiro-ministro, Shinzo Abe, não deu detalhes sobre um pacote de estímulos adicional esperado em seu discurso de ontem, quando ele anunciou apenas o adiamento do aumento do imposto sobre as vendas - de abril de 2017 para até outubro de 2019 - medida que ainda precisa ser aprovada pelo Parlamento em votação no dia 10 de julho.

O fato de o premiê não ter apresentado nenhum pacote de estímulo concreto levou os investidores a reduzirem a perspectiva de uma flexibilização fiscal e monetária coordenada nas próximas semanas, quando haverá a reunião de política monetária do BoJ, nos dias 15 e 16 de junho, apontaram alguns operadores.

Além disso, os investidores também optaram por não tomarem risco antes da conclusão da reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que começa nesta quinta-feira, em Viena. O mercado segue cauteloso e aguarda o resultado para saber se o grupo chegará a um acordo para limitar a produção da commodity e, consequentemente, elevar os preços do petróleo.

Diante do iene forte, mais uma vez as empresas exportadoras foram afetadas. Entre as maiores quedas, destaque para as ações das montadoras Toyota e Nissan, com queda de 1,5% e 2,7%, respectivamente. Já a siderúrgica Nippon Steel & Sumitomo Metal recuou 3,8%.