As empresas brasileiras de relevância na economia mundial aumentaram de tamanho em quatro vezes ao longo dos nove anos, entre 2005 e 2014, de acordo com estudo da consultoria The Boston Consulting Group (BCG). A receita cresceu em média 15% ao ano ao longo desse período, um ritmo considerado superior ao de outras competidoras de países emergentes.
O estudo Global Leaders destaca as 100 maiores líderes em 63 setores da economia mundial e conta com a presença de 11 representantes brasileiros. São empresas de diferentes segmentos, como a BRF, a Braskem, a Embraer e a Natura. Também mencionada no estudo, a JBS entrou em uma categoria de companhias consideradas tão relevantes que são virtualmente indistinguíveis de multinacionais de países desenvolvidos.
Ainda de acordo com o levantamento, essas líderes de mercado brasileiras apresentaram crescimento de 13% no Ebit (lucro antes de juros e impostos) nestes mesmos anos. A rentabilidade delas também foi superior à de pares globais ao longo destes anos.
O BCG concentra o estudo na evolução das empresas de mercados em desenvolvimento. Apesar de o período analisado contemplar anos que foram afetados pelo efeito da última crise econômica mundial, a conclusão é de que as companhias de países emergentes cresceram mais do que os pares de mercados desenvolvidos. Em 2014, as localizadas em mercados em desenvolvimento foram responsáveis por 25% da receita das 100 maiores empresas, um crescimento de 7% em relação à 2009.
O estudo conclui, porém, que as companhias de mercados emergentes devem enfrentar um ambiente mais desafiador pela frente. Para o BCG, esses líderes de mercado não são imunes aos relevantes desafios atuais que se desenham no ambiente macroeconômico de países em desenvolvimento. Como exemplo, o estudo cita as produtoras de commodities, que não podem mais depender da demanda antes insaciável da China. Outro ponto relevante considerado é que a demanda local nesses países está se expandindo com menor velocidade do que em anos anteriores, o que tende a levar essas grandes empresas a buscar crescimento em outras regiões. Para o BCG, esse novo desafio faz com que as companhias de países emergentes precisem aspirar tanto ao crescimento como ao aumento de competitividade.
Concorrência, dividendos e processos são fatores de risco
Um levantamento da KPMG com 235 empresas abertas brasileiras listadas na Bovespa revela que a ação da concorrência, o não pagamento de dividendos e decisões desfavoráveis em processos judiciais são os três principais fatores de risco identificados pelas próprias companhias.
Das 235 empresas consultadas pelo estudo, 175 citaram a ação da concorrência como um fator de risco relevante, enquanto outras 151 mencionaram o não pagamento de dividendos como um ponto importante e 131 identificaram as decisões desfavoráveis em processos judiciais como fatores a serem considerados.
Outros pontos citados no levantamento são a dificuldade ou não execução da estratégia do plano de negócios (130), conflito de interesse entre controladores e minoritários (126), falta ou dificuldade de contratação ou retenção de profissionais (125), riscos relacionados à atuação em setor regulado (117), dependência de fornecedores (114), diluição de investidores (112) e variação no preço dos insumos (111).
O estudo também apontou que os setores com o maior percentual de empresas com áreas de gerenciamento de risco são aqueles com alta regulação, como telecomunicações, utilidade pública e financeiro, ou aqueles com maiores faturamentos, como consumo não cíclico, materiais básicos e petróleo, gás e biocombustíveis.
"Passou a vigorar este ano a Instrução nº 552/14 da CVM, que exige que as empresas informem a existência de uma política corporativa de gerenciamento de riscos, a estrutura organizacional existente e uma opinião da administração sobre a efetividade dessa política", destacou o sócio da KPMG, Sidney Ito. "As companhias que não possuírem ações de gerenciamento de risco deverão explicar o porquê da inexistência."
A pesquisa ainda identificou os fatores de risco por setores de atuação: consumo cíclico (43), financeiro (42), construção e transporte (36), consumo não cíclico (32), utilidade pública (27), materiais básicos (21), bens industriais (20), tecnologia da informação (8), petróleo, gás e biocombustíveis (3) e telecomunicações (3).