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OPERAÇÃO Lava Jato

- Publicada em 31 de Maio de 2016 às 19:21

Odebrecht assina acordo de delação premiada

Marcelo Odebrecht assinou termo de confidencialidade

Marcelo Odebrecht assinou termo de confidencialidade


HEULER ANDREY/AFP/JC
O empresário Marcelo Odebrecht assinou acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal (MPF) e já começou a prestar depoimentos aos investigadores da Operação Lava Jato desde a semana passada.
O empresário Marcelo Odebrecht assinou acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal (MPF) e já começou a prestar depoimentos aos investigadores da Operação Lava Jato desde a semana passada.
O jornal O Globo confirmou com fontes próximas às investigações que as partes assinaram um termo de confidencialidade sobre as negociações. Além de Marcelo, outros executivos da Odebrecht fariam delação. O pai de Marcelo, Emilio Odebrecht, também prestará depoimentos.
Na semana passada, ocorreu uma reunião onde teria sido assinado um termo de confidencialidade entre os advogados da empreiteira e membros da Lava Jato e onde foi apresentada uma nova versão dos termos, que teria agradado mais os investigadores.
Todos os partidos investigados no esquema de corrupção da Petrobras, "PT, PMDB, PSDB e PP", podem ser implicados na delação da Odebrecht. Na 26ª fase da Lava Jato, deflagrada em março, os investigadores da Polícia Federal (PF) apreenderam uma planilha com listas de doações feitas pelo Grupo Odebrecht a mais de 300 políticos do País, de mais de 10 partidos. O material era de posse de Benedicto Barbosa Silva Júnior, conhecido como "BJ", presidente da Odebrecht Infraestrutura e um dos principais interlocutores do empresário Marcelo Odebrecht na alocação de recursos a campanhas políticas.
O juiz Sérgio Moro, depois, decretou sigilo sobre o processo ao qual as planilhas foram anexadas. As planilhas relacionam políticos de diversos partidos do País a valores pagos pela Odebrecht, vários deles com foro privilegiado, como o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), além de senadores e deputados federais.
A inclusão delas no inquérito em curso contra o publicitário João Santana, marqueteiro do PT, pode fazer com que a denúncia tenha de ser encaminhada para apreciação do Supremo Tribunal Federal (STF), retirando a decisão do juiz Moro.
Até agora, não foram identificados quais os valores relacionados a políticos são doações legais de campanha, se foram, de fato, pagos e se podem ser relacionados a esquemas de propinas. Além das planilhas, também foram apreendidos documentos que citam obras feitas pela Odebrecht em diversos estados e municípios.
Ainda não é possível afirmar se as doações foram feitas legalmente ou por meio de caixa-2. Outros documentos descobertos pela Lava Jato indicam que alguns desses repasses possam ter sido feitos sem o conhecimento da Justiça Eleitoral. Em depoimento à PF em fevereiro, quando foi preso pela Lava Jato, Benedicto Júnior disse que o ex-presidente de holding Marcelo Odebrecht tinha que aprovar os "valores globais" que seriam doados pela empresa.
Na lista, que foi antecipada pelo blog do jornalista Fernando Rodrigues, estão políticos de vários partidos. Chama a atenção que os nomes estejam relacionados a codinomes. O senador José Sarney (PMDB), por exemplo, é chamado de "Escritor". Renan Calheiros, o "Atleta". Eduardo Paes, prefeito do Rio, tem como codinome "Nervosinho". Eduardo Cunha é o "Caranguejo". O senador Humberto Costa (PT), "Drácula". O também senador Lindbergh Farias (PT) aparece como "Lindinho", como, de fato, é conhecido. O apelido de Manuela d'Ávila, do PCdoB, é "Avião".
 

Filho de Sérgio Machado também vira delator

Interlocutor das gravações envolvendo integrantes da cúpula do PMDB que provocaram a primeira grave crise do governo Michel Temer (PMDB), o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado viu um de seus filhos também se tornar delator da Operação Lava Jato. Expedito Machado Neto passou a colaborar com os investigadores a partir da delação premiada fechada pelo próprio Sérgio Machado.
A partir da homologação das delações da família Machado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a Procuradoria-Geral da República (PGR) pode pedir a abertura de novos inquéritos da Lava Jato ou incluir detalhes em investigações que já estão em andamento no tribunal, além de poder pedir que trechos de eventuais menções de pessoas sem foro privilegiado sejam analisados pelo juiz Sérgio Moro, no Paraná.
Há a expectativa de que a delação de Machado leve a PGR a apresentar ao STF as primeiras denúncias contra a cúpula do PMDB do Senado por suposta participação nos desvios da Petrobras.
O suposto envolvimento de Expedito no esquema ainda não está claro. Expedito, conhecido como Did, foi identificado como operador do PMDB do Senado, funcionando como laranja dos senadores peemedebistas, e teria apresentado o caminho do dinheiro desviado de obras e serviços da Transpetro. Ele e seu pai devolverão os recursos desviados, que seriam "surpreendentes".
A delação de Machado veio a público após a Folha de S.Paulo revelar, na semana passada, que ele teria gravado conversas com peemedebistas para negociar a colaboração. Os áudios divulgados provocaram a primeira crise do governo Temer, levando à saída de Romero Jucá (PMDB-RR) do Ministério do Planejamento e de Fabiano Silveira (PP) da Transparência.