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Política

- Publicada em 14 de Maio de 2016 às 19:37

Ex-governador do Rio é acusado de receber propinas de empreiteira Andrade Gutierrez

O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB) foi acusado, por dois ex-executivos da construtora Andrade Gutierrez, em delações premiadas a procuradores da Lava Jato, de ter cobrado propina nas obras do Maracanã, Comperj, Arco Metropolitano, Conjunto de Favelas de Manguinhos e até de contratos nos quais não havia dinheiro do estado.
O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB) foi acusado, por dois ex-executivos da construtora Andrade Gutierrez, em delações premiadas a procuradores da Lava Jato, de ter cobrado propina nas obras do Maracanã, Comperj, Arco Metropolitano, Conjunto de Favelas de Manguinhos e até de contratos nos quais não havia dinheiro do estado.
Em seus depoimentos, divulgados pelo Jornal Nacional, da TV Globo, nesta sexta-feira (13), Rogério Nora de Sá e Clóvis Peixoto Primo disseram que Cabral teria recebido R$ 300 mil mensais, entre 2010 e 2011, referentes a 5% do contrato da reforma do Maracanã para a Copa do Mundo.
Os delatores afirmaram ainda que a Andrade pagou outros R$ 350 mil por mês, sem informar a duração do pagamento, após pedido do ex-governador, em 2011, como um adiantamento. Na ocasião, Cabral teria cobrado da empresa o pagamento referente a contratos futuros, justificando que não tinha obras nem projetos porque estava no início do segundo mandato.
Os ex-executivos afirmaram, em depoimento no fim de maio, que se reuniram com Cabral no Palácio Laranjeiras, residência oficial do governador do Rio, onde Cabral morava à época, para tratar de propina. O percentual cobrado pelo ex-governador era de 5% dos valores dos contratos. As delações incluem, também, o ex-secretário de Governo do estado Wilson Carlos, o dono da construtora Delta, Fernando Cavendish, e Carlos Miranda, apontado como operador dos pagamentos a Cabral nas obras do Maracanã. Segundo os depoimentos, o acerto dos pagamentos era feito com Wilson Carlos, que falava em nome de Cabral.
Aos procuradores, Rogério de Sá e Clóvis Primo disseram que o ex-governador cobrou pagamento de 5% do valor total do contrato para reforma do Maracanã. A informação foi publicada pela "Época" e pelo Jornal Nacional. Com pagamentos mensais, a propina teria permitido que a Andrade Gutierrez se associasse à Odebrecht e à Delta, outra construtora que formaram o consórcio que disputou a reforma do estádio, em 2009, para a Copa do Mundo. Segundo os delatores, os vencedores já estariam definidos antes mesmo da licitação. Orçadas inicialmente em R$ 720 milhões, a obra custou R$ 1,266 bilhões. O montante recebido por Cabral seria de cerca de R$ 60 milhões.
Os pagamentos teriam sido feitos por Alberto Quintaes, superintendente comercial da Andrade Gutierrez no Rio, usando caixa dois. Segundo a delação, o dinheiro era entregue a Carlos Miranda. Segundo a revista "Época", Rogério de Sá afirmou que se reuniu com Cabral para tratar da inclusão da Andrade Gutierrez no consórcio.
O ex-governador teria concordado e determinado que a empresa combinasse o percentual com a Odebrecht. A Delta teria direito a 30%, o que não poderia ser modificado. A Andrade Gutierrez ficou com 21% de participação, e a Odebrecht, 49%. Nesta reunião, Cabral usou a palavra "contribuição" para se referir ao pagamento de propina em troca da "bondade".
A Delta pertencia a Cavendish, amigo de Cabral. Rogério de Sá disse que questionou o ex-governador sobre uma eventual exclusão da Delta do consórcio, já que a empresa não teria competência técnica. Cabral não teria concordado porque "tinha consideração pela empresa e gostava dela".
O ex-governador teria cobrado, também, pagamento referente a contratos em que não havia dinheiro do estado. Rogério de Sá disse que Cabral pediu propina de 1% referente às obras de terraplanagem do Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí, Região Metroplitana do Rio. Cabral teria dito aos ex-executivos que já tinha acertado a negociação com o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, hoje condenado na Lava-Jato. Rogério de Sá disse que procurou Costa na estatal e questionou o pagamento, mas ouviu uma confirmação como resposta: "Tem que honrar". No depoimento, ele afirmou que a Andrade Gutierrez pagou R$ 2,7 milhões a Cabral em seguida.
Os delatores afirmaram, ainda, que a propina referente ao contrato do Arco Metropolitano não foi paga porque a Andrade desistiu da obra depois de ganhar a licitação.
A proximidade entre Cabral e Fernando Cavendish, dono da Delta, foi exposta em abril de 2012, depois que vídeos e fotos de uma viagem do ex-governador a Paris, três anos antes, foram divulgados. As imagens mostraram Cabral e sua mulher, Adriana Ancelmo, em jantar de comemoração do aniversário da então primeira-dama em restaurante onde estavam Cavendish, a então noiva do empresário, Jordana Kfouri, o secretário estadual de Saúde, Sergio Côrtes, sua mulher e Wilson Carlos.
Nas fotos, Cabral e Cavendish apareceram com guardanapos enrolados na cabeça. Na ocasião, a empresa era uma das principais prestadoras de serviço do estado. Um inquérito aberto para investigar a viagem foi arquivado pelo Conselho Superior do Ministério Público estadual em novembro de 2013, sob alegação de que não havia provas de que a ida a Paris fora custeada com recursos públicos.
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