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- Publicada em 29 de Maio de 2016 às 19:03

Regulação de alimentos industrializados é desafio contra a obesidade

Agência Brasil
Um acordo internacional para restringir a venda de alimentos ultraprocessados pode ajudar a combater a obesidade e a hipertensão, associadas a problemas graves de saúde. A avaliação é de especialistas que se reuniram na Conferência Mundial de Promoção da Saúde, esta semana, em Curitiba. Inspirada nos marcos legais que impuseram restrições à venda de tabaco e de bebidas alcoólicas, uma convenção poderia colocar limites à publicidade, por exemplo, responsável pelo aumento do consumo de produtos na América Latina, afirmam.
Um acordo internacional para restringir a venda de alimentos ultraprocessados pode ajudar a combater a obesidade e a hipertensão, associadas a problemas graves de saúde. A avaliação é de especialistas que se reuniram na Conferência Mundial de Promoção da Saúde, esta semana, em Curitiba. Inspirada nos marcos legais que impuseram restrições à venda de tabaco e de bebidas alcoólicas, uma convenção poderia colocar limites à publicidade, por exemplo, responsável pelo aumento do consumo de produtos na América Latina, afirmam.
Os alimentos ultraprocessados são aqueles prontos ou quase prontos para comer, como pizzas, lasanhas, salgadinhos, biscoitos recheados, macarrão instantâneo, nuggets (frango empanado), embutidos e refrigerantes. Para que não estraguem e tenham boa aparência, passam por procedimentos industriais que retiram nutrientes naturais e alteram a composição.
Uma das estratégias para diminuir a procura desses itens deve ser a restrição da publicidade, defende a coordenadora do Núcleo de Alimentação e Nutrição Escola da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Inês Rugani. Ela explica que as empresas concentram investimentos em marketing para convencer as pessoas de consumir, principalmente crianças. Outro desafio, acrescenta, é incluir avisos de advertência na frente dos rótulos, como nos maços de cigarro.
"A parte da frente do rótulo é tida pelas empresas apenas como um espaço de comunicação com o cliente, para peças de publicidade que ora confundem, ora trazem mensagens enganosas, e, no caso de produtos infantis, (estampam) bonequinhos, essas coisas que encorajam o consumo", alertou Inês.
Segundo ela, na Inglaterra, pesquisas provam que as crianças chegam a afirmar que o sabor dos alimentos muda conforme o rótulo. Aqueles associados às grandes redes têm preferência. "Quem tem crianças, sabe. Quando você tem o Shrek em produto infantil, se o seu filho viu o filme do Shrek, e tem o Shrek no produto infantil, a criança quer aquele, mesmo sendo igual ao que não tem. Ela prova [o item] e acha mais gostoso porque o Shrek está ali na frente", acrescentou Inês, relacionando os ultraprocessados à crescente obesidade infantil no país.
A pesquisadora Ana Paula Bortolettto, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), acrescenta que um marco internacional é instrumento com capacidade de ajudar os países a terem mais força diante do lobby da indústria de alimentos. Ela conta que empresas recorrem à Justiça e a organizações internacionais para evitar qualquer forma de regulamentação.
"Hoje, empresas têm mais poder (do) que os países, impondo dificuldades para a implementação de políticas públicas com o objetivo de prevenir a obesidade e de melhorar a alimentação", denunciou ela, que também integra a Coalizão Latino-Americana Saudável.
Segundo Ana Paula, a coalização conversa com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e organizações da sociedade para discutir se a convenção pode se limitar à América Latina.
Como o consumo desse tipo de produtos chegou ao limite nos países mais ricos, as empresas se voltam para o Hemisfério Sul com estratégias agressivas, como a publicidade e o lobby, disse o assessor de Nutrição e Atividades Físicas da Opas, Fábio Gomes. Ele confirmou que vários países do bloco denunciam interferência da indústria de alimentos nas políticas públicas. Diante do cenário, revelou que os países "discutem benefícios de um marco legal internacional".
Estimativas da Opas apontam que em uma década o consumo de ultraprocessados aumentou 30% por pessoa, em países latino-americanos, enquanto cai na América do Norte. A obesidade alcança 8,4% dos jovens brasileiros entre 12 e 17 anos, sendo que 17% estão acima do peso ideal, segundo o Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (Erica), do Ministério da Saúde.
O levantamento também mostra que um em cada grupo de cinco adolescentes hipertensos - cerca de 200 mil - poderia não ter esse problema, se não fosse obeso. O levantamento foi feito entre 2013 e 2014, com base em entrevistas a 85 mil adolescentes de escolas públicas e privadas de 124 municípios acima de 100 mil habitantes.
Procurada pela Agência Brasil, a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia) informou que trabalha com o governo para “desenvolver iniciativas focadas na saudabilidade e no bem-estar da população”. Cita a participação no Plano Nacional de Vida Saudável, documento que busca equilíbrio entre alimentação saudável, atividade física e educação nutricional. “É preciso implantar programas educativos para que os consumidores possam escolher os alimentos e compreendam a importância de aliar nutrição equilibrada e prática de atividades físicas”, acrescenta a nota.
* A Agência Brasil fez correção de informação nesta segunda (30). Diferentemente do que o texto informava, o Plano Nacional de Vida Saudável não orienta a população a deixar de consumir alimentos ultraprocessados e não faz críticas à publicidade dos produtos. De acordo com a Abia, o plano prevê o equilíbrio entre alimentação saudável, atividade física e educação nutricional.
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