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COUREIRO-CALÇADISTA

- Publicada em 15 de Maio de 2016 às 03:21

Momento de consolidar relações comerciais

Conforme dados elaborados pela Abicalçados, até agosto a produção encolheu 34,8% em relação ao mesmo período do ano passado.

Conforme dados elaborados pela Abicalçados, até agosto a produção encolheu 34,8% em relação ao mesmo período do ano passado.


foto ABICALÇADOS/DIVULGAÇÃO/JC
Sede de mais da metade das indústrias de couro do País, o Estado é reconhecido pela ampla capacidade de atender a todos os segmentos da cadeia, em especial o calçadista e de artefatos. Apesar de liderar as exportações, o setor não passou incólume à tormenta econômica e registrou queda de 5,4% no acumulado de 2015 do volume da indústria de couro em geral. Na produção calçadista, o IBGE indicou retração de mais de 8% no ano passado, e os números de 2016 já apontam declínio de 9,2% nos primeiros dois meses. Para minimizar esses índices, a indústria aposta em qualidade, inovação e design para fortalecer as exportações e manter competitividade.
Sede de mais da metade das indústrias de couro do País, o Estado é reconhecido pela ampla capacidade de atender a todos os segmentos da cadeia, em especial o calçadista e de artefatos. Apesar de liderar as exportações, o setor não passou incólume à tormenta econômica e registrou queda de 5,4% no acumulado de 2015 do volume da indústria de couro em geral. Na produção calçadista, o IBGE indicou retração de mais de 8% no ano passado, e os números de 2016 já apontam declínio de 9,2% nos primeiros dois meses. Para minimizar esses índices, a indústria aposta em qualidade, inovação e design para fortalecer as exportações e manter competitividade.
Para o presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein, 2015 foi um "ano perdido", por conta da queda brusca das exportações (10% em relação a 2014) e do varejo de calçados. "Tivemos um dos piores anos da história. Problemas recorrentes do Custo Brasil foram somados a uma crise política que paralisou o Brasil e que, além de impactos econômicos, gerou desconfiança generalizada no consumidor", comenta.
Dentre os principais destinos internacionais, os Estados Unidos, mercado mais importante, geraram acréscimo de 19,2% em receita e de 19% no volume (embarque de 31,84 milhões de pares por US$ 226,75 milhões) no primeiro trimestre de 2016, índices insuficientes para segurar as exportações totais, que caíram 6,1% ante o mesmo período de 2015 (US$ 241,56 milhões). No volume de vendas no primeiro bimestre deste ano, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), houve queda de 12% na comparação com o ano anterior.
Klein não vislumbra recuperação, principalmente porque a retração já chega a mais de 9%, mas prevê melhores resultados por conta das exportações. "Em 2016, o quadro segue o mesmo, especialmente no mercado interno. No externo, apesar de ainda não termos sentido, há expectativa de recuperação a partir da valorização do dólar e formação de preço mais competitivo", analisa o presidente da Abicalçados.
Para a Associação das Indústrias de Curtumes do Rio Grande (AICSul), a previsão é exportar 7 milhões de couros e movimentar US$ 550 milhões. Atualmente, 75% do couro brasileiro é destinado ao exterior e, em 2015, o Estado se manteve no topo das exportações (21,8%) pela terceira vez consecutiva, movimentando US$ 493 bilhões. No primeiro trimestre deste ano, os embarques já ficaram em US$ 115,4 milhões, principalmente para China, Estados Unidos e Europa.
"A liderança gaúcha está relacionada ao desempenho positivo nas exportações de couro de maior valor agregado", diz o presidente da AICSul, Moacir Berger. Já para a Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), 2015 foi ano de consolidar relações comerciais e driblar a instabilidade com as exportações, fundamentais no planejamento do setor. Foram movimentados em exportações US$ 219 milhões, segundo o presidente da entidade, Milton Killing. De janeiro a março de 2016, as vendas externas chegaram a US$ 150 milhões, 6% a mais em relação ao ano anterior. O foco é seguir investindo em inovação, qualidade e design para ampliar o alcance externo. "Estamos prontos para fazer mais com menos", garante.

Diferenciais das marcas garantem a manutenção de produção e o mercado

Retração é de 9,2% nos primeiros dois meses de 2016, segundo o IBGE

Retração é de 9,2% nos primeiros dois meses de 2016, segundo o IBGE


foto ABICALÇADOS/DIVULGAÇÃO/JC
Driblando o cenário econômico desfavorável, a Sugar Shoes, de Picada Café, apostou no fortalecimento dos produtos da marca Coca-Cola para manter sua movimentação de mercado e projeta incremento de 18% nas vendas em 2016. A empresa, fundada em 1998, licencia os calçados da The Coca-Cola Company desde 2010 e fabrica 33 mil pares/dia, entre tênis e chinelos, produzidos em Picada Café, Capela de Santana e Senador Pompeu ,no Ceará.
Com 1,6 mil funcionários, conseguiu manter a produção em 2015, sem crescimento, e não demitiu, priorizando a negociação de preços. "Desde a Copa do Mundo, sentimos desaquecimento do mercado, que se manteve em 2015 e deve ser o cenário de 2016. Por isso, trabalhamos focados nos produtos licenciados, que os clientes continuam comprando por se identificarem com a marca", diz o diretor da empresa, Paulo Boelter.
A dedicação ao projeto da Coca-Cola garantiu o reconhecimento como a melhor licenciada da marca no mundo e melhor ativação em varejo, com direito a premiação em evento realizado na sede da companhia, em Atlanta (EUA), em abril. Detentora também dos licenciamentos da Disney e Capricho, a Sugar Shoes tem no público jovem e infantil os principais clientes e exporta 10% de sua produção para América Latina e Europa.
"O resultado desse trabalho focado resulta na cartela de clientes bem selecionada que temos, na qualidade dos produtos fabricados e na gestão da marca, distribuída em 3 mil pontos de vendas no País", diz o gestor da marca Coca-Cola na empresa, Paulo Schneider.
Na Anzetutto, marca de bolsas e sapatos de Novo Hamburgo, a ordem em 2015 foi agregar valor em toda a cadeia para se diferenciar na crise. Com três lojas próprias (Porto Alegre, Novo Hamburgo e São Paulo), a empresa não registrou crescimento e produziu 211 mil pares no ano passado e 100 mil no primeiro trimestre de 2016. Em exportação, foram vendidos 32,5 mil pares no ano passado e, até abril deste ano, 16,3 mil embarcados para os mercados norte-americano e europeu, principalmente.
De acordo com o diretor comercial, Fredy Paese, as principais dificuldades estão em condicionar a produção ao preço, para que os contratempos do mercado não pesem no bolso do consumidor. Para se adequar ao cenário, a empresa dispensou cerca de 10% dos funcionários e conta hoje com 130 profissionais. "Apesar das dificuldades, a crise tem de servir para alguma coisa. Acredito que as empresas vão priorizar ações, e cada marca se diferenciará para não perder mercado", opina o executivo.