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Cenário

- Publicada em 15 de Maio de 2016 às 00:48

Retração emperra competitividade com outros mercados

Participação da indústria no PIB caiu em quase todos os Estados brasileiros, inclusive no RS

Participação da indústria no PIB caiu em quase todos os Estados brasileiros, inclusive no RS


GERDAU/DIVULGAÇÃO/JC
A produção industrial nacional sofreu desaceleração intensa em 2015, processo iniciado ainda no ano anterior, e atingiu em cheio os setores que mais empregam e geram renda, como metalmecânico, automotivo, construção civil e de máquinas e equipamentos. O cenário impactou fortemente a cadeia produtiva, chegando a retração geral da indústria brasileira no ano passado a 8,3% frente a 2014.
A produção industrial nacional sofreu desaceleração intensa em 2015, processo iniciado ainda no ano anterior, e atingiu em cheio os setores que mais empregam e geram renda, como metalmecânico, automotivo, construção civil e de máquinas e equipamentos. O cenário impactou fortemente a cadeia produtiva, chegando a retração geral da indústria brasileira no ano passado a 8,3% frente a 2014.
Entre os setores, o principal impacto, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi nos veículos automotores, reboques e carrocerias (-25,9%). Em março, a produção cresceu em 10 dos 14 estados analisados pelo IBGE, porém, no Rio Grande do Sul, o quadro foi de retração de 1,3%. Ao longo de 2015, o volume de produção física da indústria gaúcha, comparado com 2014, recuou 11,9%, acima da média nacional, sendo o setor metalmecânico com a maior queda concentrada, segundo a Fundação de Economia e Estatística (FEE).
A análise mostra que praticamente todos os segmentos da indústria de transformação, com exceção da celulose e produtos de papel (crescimento de 37,9%), apresentaram queda na produção, principalmente em veículos (retração de 33,9%), máquinas e equipamentos (queda de 26,3%) e metalurgia (baixa de 19,7%). No primeiro bimestre de 2016, confirmando a demanda interna baixa, os mesmos setores apresentaram as principais quedas: automóveis (-31,36%), máquinas e equipamentos (-14,47%) e metalurgia (-26,98%). O comportamento positivo foi registrado nos segmentos de celulose e papel (91,6%), fumo (38,5%), fabricação de alimentos (5,6%), outros químicos (3,9%) e couro e calçados (2,04%).
As exportações, que, por conta do câmbio favorável, poderiam trazer ganhos para indústria gaúcha, encerraram o primeiro trimestre do ano em curva negativa de 9,2% (US$ 2,81 bilhões) na comparação com o mesmo período do ano anterior. Segundo a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), colaborou para esse resultado a diminuição da venda externa de farelo de soja, que impactou o setor de alimentos (-17,5%), além da manutenção da baixa atividade nos setores de máquinas e equipamentos (-25,5%) e de automotores (-28,2%). "Isso denota que as mercadorias perderam competitividade", afirma o presidente da Fiergs, Heitor Müller. Somente na indústria de transformação, o índice do trimestre foi o pior registrado no período desde 2009, retração de 5,3%. De 23 segmentos, 13 tiveram queda nas exportações. Em abril, as negociações com mercado internacional caíram 20,3% (US$ 1,31 bilhão) no Estado, perdas estimadas em mais de US$ 300 milhões.
Estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontou diminuição da participação da indústria no Produto Interno Bruto (PIB) em quase todos os estados brasileiros nos últimos quatro anos, inclusive no Rio Grande do Sul, hoje em 24,3%, consequência da falta acentuada de competitividade do Brasil. O cenário de estagnação econômica também atingiu a geração de empregos, principalmente na indústria de transformação, onde apenas o setor de alimentos conseguiu aumentar vagas (869). As principais baixas de pessoal foram nos segmentos de máquinas e equipamentos (10.443), veículos (8.623 vagas), couro e calçados (7.646) e produtos de metal (5.587).

Mudanças podem desencadear melhoras

As dificuldades para manter produtividade, vendas e evitar ao máximo as demissões fizeram com que o empresariado tivesse de se superar para seguir com as máquinas em atividade. No Estado, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei-RS), da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) atingiu em abril o 25º mês de pessimismo, 39,5 pontos. Para 2016, as expectativas são de manter a atividade e a demanda interna fracas.
Em abril, pesquisa da Fundação de Economia e Estatística (FEE) revelou que a economia gaúcha encolheu 3,4% em 2015 em relação a 2014, maior queda do PIB desde 1995. O economista da FEE Cesar Conceição reforça que é difícil projetar o cenário futuro. "O desempenho da economia gaúcha segue trajetória de queda nos emprego e na produção industrial. Com os principais setores com resultados ruins, é difícil uma previsão para a indústria e, enquanto não ocorrer reversão da conjuntura nacional, dificilmente a indústria terá recuperação", comenta.
O presidente da Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs), Volnei Benini, diz que o posicionamento do segmento tem sido de cautela. "O Custo Brasil, a alta da inflação, dos juros, da energia elétrica, além dos problemas de infraestrutura, logística e falta de crédito têm impactado a indústria como um todo", afirma.
Luiz Moan Yabiku Junior, que até abril presidia a Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), reforça a equação difícil nas mãos da indústria. "É notória a necessidade de apoio para que os ajustes sejam praticados pelo governo." O vice-presidente da General Motors do Brasil, Marcos Munhoz, destaca a adoção de taxas de juros menores, disponibilidade de crédito e retomada da confiança do consumidor.
O presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein, ao comentar o incremento nos embarques, em abril, pontuou que o resultado poderia indicar a retomada das exportações. "Esperávamos uma recuperação já no início do ano, mas os problemas econômicos e políticos atrasaram o momento. Com definição da questão política, esperamos uma estabilização do câmbio, o que poderia dar consistência à recuperação dos embarques ao longo de 2016", ressalta.