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Previdência

- Publicada em 29 de Maio de 2016 às 20:25

Reforma não deve afetar todos trabalhadores

Mudanças têm preocupado brasileiros que já poderiam se aposentar ou estão perto disso

Mudanças têm preocupado brasileiros que já poderiam se aposentar ou estão perto disso


FREDY VIEIRA/JC
Para o governo do presidente interino Michel Temer (PMDB), a reforma da Previdência Social precisa ser feita "para ontem", e a criação de idade mínima para a aposentadoria de homens e mulheres - 65 anos - deve ser a principal alteração. A perspectiva tem preocupado brasileiros na faixa dos 50 anos, que já poderiam se aposentar ou estão perto disso.
Para o governo do presidente interino Michel Temer (PMDB), a reforma da Previdência Social precisa ser feita "para ontem", e a criação de idade mínima para a aposentadoria de homens e mulheres - 65 anos - deve ser a principal alteração. A perspectiva tem preocupado brasileiros na faixa dos 50 anos, que já poderiam se aposentar ou estão perto disso.
No entanto, a mudança não deve sair do papel tão cedo e, quando sair, não afetará todos os trabalhadores. Para mexer na Previdência, Temer tem que enviar ao Congresso projeto de emenda constitucional, que precisa ser aprovado por mais de 60% dos deputados e senadores em dois turnos.
Mesmo depois da aprovação, quem já tiver cumprido o tempo mínimo de contribuição exigido antes da reforma, mas ainda estiver trabalhando para fugir do fator previdenciário, por exemplo, não será afetado. Esse trabalhador tem o direito adquirido de se aposentar pelas regras mais brandas. Já os que tiverem só mais alguns anos na ativa pelas regras atuais devem ser enquadrados em uma regra de transição.
O atual secretário da Previdência, Marcelo Caetano, disse recentemente que considera adequada uma transição que dure entre cinco e 10 anos. Na última reforma da Previdência, implantada em 1999, quando foi criado o fator previdenciário, a transição durou cinco anos, ou seja, o desconto foi um pouco menor para os trabalhadores que estavam a cinco anos de se aposentar. Na prática, portanto, o trabalhador não precisa sair correndo a um posto do INSS.
Para quem ainda tem vários anos de trabalho pela frente, a recomendação de especialistas é planejamento. Trabalhadores autônomos, por exemplo, devem contribuir ao INSS pelo percentual da renda que efetivamente recebem. Assim, garantem que receberão benefício condizente com os ganhos da ativa. Quem tem carteira assinada já tem recolhimento proporcional ao rendimento. "O ideal é que as pessoas contribuam com um pouco mais que o mínimo quando puderem", recomenda o advogado Daisson Portanova.
Já para quem recebe mais que o teto do INSS, de cerca de R$ 5.000 em 2016, é preciso poupar enquanto trabalha para compensar a futura redução no orçamento doméstico, segundo Fabio Giambiagi. Se o salário na ativa for de R$ 8.000, é preciso se preparar para ter os R$ 3.000 a mais por mês em economias.
A sugestão pode passar por planos de previdência privada ou outros investimentos, como títulos públicos com vencimento de longo prazo. "Mas, em geral, não há sentido em querer ganhar mais quando aposentado do que o que ganhava antes. É preciso um planejamento financeiro associado", diz Giambiagi.
Outra medida importante para evitar dor de cabeça é acompanhar se o empregador recolhe corretamente o INSS. Para isso, basta agendar atendimento no INSS por telefone (135) ou internet. Lá, será possível consultar dados e pedir uma senha para acessar o CNIS (Cadastro Nacional de Informações Sociais).

Pressa em mudar é criticada; centrais fecham proposta

 RIO DE JANEIRO, RJ, 28.02.2014: FABIO-GIAMBIAGI - Retrato do autor e organizador de livros sobre economia, Fábio Giambiagi, no prédio do BNDES no Rio de Janeiro. (Foto: Zé Guimarães/Folhapress)

RIO DE JANEIRO, RJ, 28.02.2014: FABIO-GIAMBIAGI - Retrato do autor e organizador de livros sobre economia, Fábio Giambiagi, no prédio do BNDES no Rio de Janeiro. (Foto: Zé Guimarães/Folhapress)


ZÉ GUIMARÃES/FOLHAPRESS/JC
Contrárias à fixação de uma idade mínima para a aposentadoria, centrais sindicais se reúnem hoje para fechar a proposta que será entregue ao governo do presidente interino Michel Temer. Na semana passada, o ministro chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, afirmaram que o governo apresenta até o dia 3 de junho seu plano de reforma para estancar o deficit da Previdência, estimado em R$ 146 bilhões em 2016.
A pressa, no entanto, tem sido alvo de críticas. "Mandar o projeto daqui a 15 dias ou três meses não faz nenhuma diferença", diz Fabio Giambiagi, economista e especialista em Previdência.
Para ele, o Congresso não discutirá a reforma antes de novembro. Entre junho e julho, existem as festas juninas e o recesso, que tiram os parlamentares de Brasília. Em agosto, a Olimpíada. Em setembro e outubro, eleições. "É um pouco temerário fazer reforma da Previdência às pressas", concorda Dávio Zarzana Jr, mestre em Direito Previdenciário e advogado da Gueller & Vidutto.
As maiores centrais do País, CUT, Força Sindical e UGT, devem manter as propostas de reforma do Fórum das Centrais. Criado em 2010, o fórum é contra a idade mínima e defende a fórmula 85/95 sem progressividade. Para as centrais, o governo deve elevar a arrecadação para equilibrar o sistema. A Força Sindical defende, para isso, a legalização dos jogos de azar.