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indústria Automotiva

- Publicada em 29 de Maio de 2016 às 19:39

Com pátios cheios, montadoras podem acelerar demissões

Há mais de um ano, a média de estoques nas montadoras e concessionárias de veículos está próxima dos 50 dias de vendas, bem acima do volume considerado razoável pelas empresas, de 30 a 35 dias. As várias medidas adotadas pelas fabricantes para reduzir a produção, com férias coletivas, dispensas temporárias e corte de jornada, não surtiram o efeito esperado para esvaziar os pátios, até porque os consumidores continuam arredios em adquirir bens de alto valor num período de crise.
Há mais de um ano, a média de estoques nas montadoras e concessionárias de veículos está próxima dos 50 dias de vendas, bem acima do volume considerado razoável pelas empresas, de 30 a 35 dias. As várias medidas adotadas pelas fabricantes para reduzir a produção, com férias coletivas, dispensas temporárias e corte de jornada, não surtiram o efeito esperado para esvaziar os pátios, até porque os consumidores continuam arredios em adquirir bens de alto valor num período de crise.
Em abril, o encalhe era de 251,7 mil veículos, suficientes para 46 dias de vendas. A produção no mês foi de 169,8 mil unidades e foram vendidas 162,9 mil, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
O cenário para os próximos meses é de corte de vagas no setor, ainda que de forma incentivada por meio de Programas de Demissão Voluntária (PDV) ou pagamento extra aos demitidos. Neste mês, duas montadoras, a Mercedes-Benz, de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, e a Volvo, de Curitiba (PR) anunciaram PDVs. A primeira afirma ter 2 mil excedentes, 20% do seu quadro atual, e a segunda 400, de um total de 3,2 mil operários.
A indústria automobilística opera com menos da metade de sua capacidade produtiva, de cerca de 5 milhões de veículos, mas prevê para este ano produção de no máximo 2 milhões de unidades - 1 milhão a menos do que em 2008, quando empregava número próximo ao contingente atual, de 128,4 mil trabalhadores. Desde então, nove fábricas foram inauguradas no País.
Algumas montadoras, entre as quais a Mercedes-Benz e a Ford, já indicam que não pretendem renovar o sistema de lay-off (suspensão temporária de contratos) e o Programa de Proteção ao Emprego. O PPE permite a redução da jornada e dos salários e foi criado por insistência das próprias empresas e dos sindicatos de trabalhadores como alternativa para garantir empregos em períodos de crise. Nos dois casos, parte dos salários é bancada pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
"O PPE é uma solução interessante, mas para ser adotado quando há uma perspectiva de retomada na produção mais à frente", diz o executivo de uma montadora. "Hoje, com a clareza que temos da situação macroeconômica e fiscal no País, sabemos que o cenário para a recuperação está bem mais longe do que imaginávamos e será necessário um ajuste real", afirma a fonte, para quem as demissões no setor até agora foram "pontuais". De janeiro de 2015 a abril deste ano, o setor fechou 15,8 mil vagas.
Atualmente, quase 30% da mão de obra das montadoras têm alguma restrição em suas atividades. Há 6 mil funcionários fora das fábricas por período mínimo de cinco meses (em lay-off), e 29,6 mil no PPE, trabalhando um dia a menos por semana. Constantemente há anúncios de férias coletivas ou licença remunerada.

Excesso de estoques atinge 36% das indústrias

Em abril, quase 36% das indústrias de veículos e autopeças informaram ter estoques excessivos, segundo a Sondagem da Indústria de Transformação da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O percentual vem caindo desde novembro, mas ainda é elevado, demonstrando uma persistência do desequilíbrio entre produção e demanda.
Em períodos de estabilidade econômica, esse percentual se mantém ao redor de 7%, segundo o superintendente adjunto para Ciclos Econômicos da FGV/Ibre, Aloisio Campelo Jr. "Outros setores já fizeram ajustes e caminham para o equilíbrio, mas o segmento de transportes sempre foi o mais problemático e é o que está mais distante do equilíbrio", diz.
Na indústria de transformação, quase 10% das empresas afirmaram ter estoques em excesso em abril, percentual que estava em 16,3% em novembro e em 20,3% em agosto de 2015, quando teve início o recuo para o segmento. Na área automotiva, o auge do desequilíbrio foi em novembro, quando 54,8% das empresas informaram estar com os pátios lotados.