O vice-presidente da State Grid, Ramon Haddad, afirmou nesta terça-feira (17), que a análise dos ativos da Abengoa no Brasil, para potencial aquisição, está levando mais tempo do que o esperado. Ainda assim, ele disse esperar cumprir a meta de definir "o rumo do negócio" entre o final de maio e o início de junho.
A empresa chinesa está olhando todos os ativos da Abengoa no País, tanto aqueles em construção quanto os já operacionais. "É um pacote grande e é um projeto muito complexo", disse. Ele não revelou qualquer estimativa inicial de valor do negócio, mas o mercado aponta que somente para os ativos em construção seriam necessários R$ 8 bilhões em investimentos. "Por enquanto nossa principal preocupação é com a valoração dos ativos da Abengoa, tanto aqueles em construção como aqueles em operação e os outros ativos", disse, numa referência a empresas associadas à Abengoa, por exemplo.
Haddad afirmou que as negociações continuam "normalmente", mesmo em meio à mudança do governo. "As análises estão sendo feitas, a due dilligence está sendo finalizada. A mudança de governo não influenciou o processo, mesmo porque ainda está muito cedo para qualquer tipo de influência em processos de M&A (fusão e aquisição, na sigla em inglês) e compra de ativos", disse.
O executivo da State Grid não descartou a possibilidade de a empresa chinesa estabelecer uma parceria com outros investidores interessados na Abengoa para assumir a empresa, mas disse que, neste momento, a análise está direcionada para uma operação isolada. "Uma parceria foi de fato considerada em um determinado momento", disse, acrescentando, porém, que ainda há possibilidade de ocorrer.
A expectativa da State Grid é que, uma vez assumindo os projetos em construção, obtenha a postergação da entrada em operação comercial, a nulidade de qualquer tipo de penalidade e a prorrogação do contrato de concessão, com prazo equivalente à demora advinda da negociação.
Apetite
Haddad disse que a State Grid também pretende crescer no Brasil nos segmentos de geração e transmissão. No segmento de geração, o interesse se volta particularmente para energias renováveis. "Vamos avaliar solar e eólica", disse. Ele ponderou, no entanto, que no segmento de energia a partir dos ventos o movimento é menos intenso, porque o segmento "tem mercado bem disperso e não temos certeza de como conseguiríamos atuar", disse, durante evento que se realiza em São Paulo.
Ele explicou que, embora a companhia analise potenciais ativos à venda, a intenção é, principalmente, entrar em projetos novos (greenfield). Haddad descartou, porém, a possibilidade de a empresa participar dos leilões de energia de reserva previstos para este ano. "Está muito em cima", disse.
No caso do segmento de distribuição, Haddad afirmou que, ainda que a companhia tenha interesse, deverá esperar um pouco, para ver qual deve ser a política do novo governo relacionada ao setor. "A distribuição é diretamente afetada pelos governos, mas nós não estamos desinteressados, estamos interessados", disse.
Entre os ativos que a empresa avalia está a Celg-D, para a qual Haddad disse esperar uma mudança no valor. Além da empresa goiana controlada pela Eletrobras, estão no radar da chinesa outras distribuidoras federalizadas e também concessionárias controladas por empresas privadas, incluindo participações de acionistas que queiram desinvestir. "O mercado está falando em várias atividades, não há nada muito concreto, mas estamos atentos", disse.