Com o aumento da inadimplência, os balcões do cadastro de negativados viraram um território para golpistas. De olho em mais de 60 milhões de brasileiros sujos na praça, essas empresas prometem limpar o nome cobrando uma "taxinha", mas somem com o dinheiro pago pelo "serviço".
"Não existe milagre. Não dá para limpar o nome sem pagar a dívida," diz Flávio Calife, economista do birô de crédito Boa Vista Serviços. O problema é que propostas como essas, do tipo "trago a pessoa amada em três dias", são cada vez mais frequentes. O consumidor vai ao balcão de atendimento de Serasa Experian, Boa Vista Serviços ou SPC Brasil para consultar suas dívidas vencidas e é abordado por pessoas entregando folhetos.
"Alguns desses prestadores de serviço são sérios, mas desnecessários", afirma Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil. "Tem muita empresa séria que oferece o serviço como facilitador, mas a gente não indica. O consumidor já está numa situação financeira complicada e não precisa gastar dinheiro com algo que consegue de graça", diz.
Antes de contratar um intermediário, o consumidor tem de saber que não precisa gastar um centavo para tirar o nome do cadastro de negativados. Nos postos de atendimento, a consulta de quem são os credores e do tamanho da dívida é gratuita. Pela internet, apenas o SPC Brasil cobra pela consulta.
Pesquisa divulgada neste mês pelo SPC Brasil mostra que metade das pessoas que contrataram empresas para limpar o nome não obteve sucesso. Segundo o levantamento, 9,9% dos consumidores inadimplentes ou que estiveram nessa situação nos últimos 12 meses contrataram uma companhia para esse tipo de trabalho.
Dentre eles, 50,5% não conseguiram tirar o nome do cadastro de negativado. Entre aqueles que continuaram com restrições, menos de três em cada dez (27,5%) conseguiram recuperar todo o dinheiro investido. Há formas de identificar um golpe para limpar nome. Alguém se ofereceu para tirar o nome da lista de negativados sem pagar a dívida? É golpe. Nesses casos, a empresa cobra um valor pelo serviço, mas desaparece logo após o pagamento da primeira parcela. Se uma empresa -que não seja o credor- oferecer um abatimento do tipo e pedir pagamento antecipado, recuse.
Um intermediário ofereceu desconto de mais de 80% no valor da dívida? Outro golpe. Nos feirões limpa nome, é possível conseguir abatimentos, mas concedido diretamente pelo próprio credor."O credor não é obrigado a negociar. As empresas estão abertas à negociação neste momento de crise, mas elas não são obrigadas a dar desconto nos juros ou na dívida", afirma Kawauti. Prometeu utilizar logins e senhas dos birôs de proteção para retirar o nome do cadastro? Mais do que golpe, é crime.
Contas vencidas podem parar em outras mãos
A dívida era com o banco, mas as ligações de cobrança agora são feitas por uma empresa desconhecida. É golpe? Não necessariamente. Grandes lojas e bancos vendem dívidas em atraso para outras companhias, chamadas de empresas de recuperação de crédito. Assim eles recuperam uma parte do dinheiro e tiram o prejuízo de seus balanços.
Em geral, as dívidas são vendidas por um valor menor para essas empresas de cobrança. Quanto menor a chance de recuperação, menor é o valor pago. Depois da venda, o banco ou a loja retira o nome do consumidor da lista de devedores.
O alívio dura pouco: assim que compram essas dívidas, a maioria das empresas de recuperação de crédito volta a negativar esse inadimplente. E a ligar para cobrar o dinheiro. Godofredo Barros, presidente da empresa Ipanema Credit Management, especializada em cobrança e recuperação de crédito, diz que compra dívidas atrasadas entre 180 dias e quatro anos.
A companhia que adquire uma carteira de crédito sempre notifica o inadimplente. "Mas às vezes o consumidor não recebe a carta ou não entende a notificação, o que dificulta nosso trabalho", diz.
Assim que a dívida troca de mãos, para de vigorar o juro da instituição financeira ou loja e começa a valer a taxa do código civil, que é de 1% ao mês. Os juros são simples -ou seja, incidem somente sobre o principal.
Antes de começar a negociar com a nova dona da dívida, a recomendação é que o consumidor entre em contato com o credor antigo e confirme a transação ou consulte os birôs de crédito. Isso evita, por exemplo, que alguma empresa cometa fraude.
Em geral, as dívidas são vendidas por um valor menor para essas empresas de cobrança. Quanto menor a chance de recuperação, menor é o valor pago. Depois da venda, o banco ou a loja retira o nome do consumidor da lista de devedores.
O alívio dura pouco: assim que compram essas dívidas, a maioria das empresas de recuperação de crédito volta a negativar esse inadimplente. E a ligar para cobrar o dinheiro. Godofredo Barros, presidente da empresa Ipanema Credit Management, especializada em cobrança e recuperação de crédito, diz que compra dívidas atrasadas entre 180 dias e quatro anos.
A companhia que adquire uma carteira de crédito sempre notifica o inadimplente. "Mas às vezes o consumidor não recebe a carta ou não entende a notificação, o que dificulta nosso trabalho", diz.
Assim que a dívida troca de mãos, para de vigorar o juro da instituição financeira ou loja e começa a valer a taxa do código civil, que é de 1% ao mês. Os juros são simples -ou seja, incidem somente sobre o principal.
Antes de começar a negociar com a nova dona da dívida, a recomendação é que o consumidor entre em contato com o credor antigo e confirme a transação ou consulte os birôs de crédito. Isso evita, por exemplo, que alguma empresa cometa fraude.
Contas vencidas há mais tempo podem parar em outras mãos
A dívida era com o banco, mas as ligações de cobrança agora são feitas por uma empresa desconhecida. É golpe? Não necessariamente. Grandes lojas e bancos vendem dívidas em atraso para outras companhias, chamadas de empresas de recuperação de crédito. Assim eles recuperam uma parte do dinheiro e tiram o prejuízo de seus balanços.
Em geral, as dívidas são vendidas por um valor menor para essas empresas de cobrança. Quanto menor a chance de recuperação, menor é o valor pago. Depois da venda, o banco ou a loja retira o nome do consumidor da lista de devedores.
O alívio dura pouco: assim que compram essas dívidas, a maioria das empresas de recuperação de crédito volta a negativar esse inadimplente. E a ligar para cobrar o dinheiro. Godofredo Barros, presidente da empresa Ipanema Credit Management, especializada em cobrança e recuperação de crédito, diz que compra dívidas atrasadas entre 180 dias e quatro anos.
A companhia que adquire uma carteira de crédito sempre notifica o inadimplente. "Mas às vezes o consumidor não recebe a carta ou não entende a notificação, o que dificulta nosso trabalho", diz. Assim que a dívida troca de mãos, para de vigorar o juro da instituição financeira ou loja e começa a valer a taxa do código civil, que é de 1% ao mês. Os juros são simples - ou seja, incidem somente sobre o principal. Antes de começar a negociar com a nova dona da dívida, a recomendação é que o consumidor entre em contato com o credor antigo.