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Conjuntura

- Publicada em 01 de Maio de 2016 às 22:03

Estatais podem ampliar rombo nas contas

Instituições como o Banco do Brasil e Caixa estão expostas a riscos na área do crédito

Instituições como o Banco do Brasil e Caixa estão expostas a riscos na área do crédito


JOÃO MATTOS/ARQUIVO/JC
As dificuldades por que passam as empresas brasileiras em função da desaceleração na economia criou uma bomba-relógio que torna ainda mais grave o quadro fiscal no País. Analistas afirmam que o cenário para as contas públicas, que vão encerrar 2016 com um rombo de quase R$ 100 bilhões, tende a piorar. Isso porque o Tesouro Nacional pode ser obrigado, em um futuro breve, a abrir os cofres da União para ajudar empresas que dependem dele e que enfrentam problemas financeiros.
As dificuldades por que passam as empresas brasileiras em função da desaceleração na economia criou uma bomba-relógio que torna ainda mais grave o quadro fiscal no País. Analistas afirmam que o cenário para as contas públicas, que vão encerrar 2016 com um rombo de quase R$ 100 bilhões, tende a piorar. Isso porque o Tesouro Nacional pode ser obrigado, em um futuro breve, a abrir os cofres da União para ajudar empresas que dependem dele e que enfrentam problemas financeiros.
O quadro mais sério estaria na Petrobras e na Eletrobras, cujo prejuízo líquido somado passou de R$ 24,5 bilhões em 2014 para R$ 49,8 bilhões em 2015. Mas não se limita às duas. Um levantamento da agência de risco Austin Rating mostra que outras empresas que dependem do Tesouro também têm registrado resultados negativos nos últimos dois anos. É o caso da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), cujo prejuízo somou R$ 2 bilhões nesse período.
Há ainda a preocupação com os bancos públicos, como Caixa e Banco do Brasil. Essas instituições estão expostas a riscos das estatais e de empresas como a Sete Brasil, que acaba de pedir recuperação judicial. A economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, lembra que a presidente Dilma Rousseff expandiu muito o crédito dos bancos públicos. Agora, a inadimplência está subindo. Ao mesmo tempo, os bancos precisam ajustar suas exigências de capital para cumprir as regras de Basileia 3.
"O Banco Central faz testes de estresse que mostram um quadro favorável para o sistema bancário como um todo. Mas esse quadro não seria assim se o cenário fosse apenas para os bancos públicos", afirma.
O economista-chefe do banco Votorantim, Roberto Padovani, diz que os investidores internacionais veem uma situação dramática para várias empresas brasileiras, incluindo as estatais, e estão mais preocupados com a capacidade do Tesouro de resgatar essas companhias do que com a crise política. Sob condição de anonimato, um economista do mercado aponta que, se o impeachment for aprovado pelo Senado e o vice-presidente Michel Temer assumir o lugar de Dilma, uma das primeiras ações deve ser uma auditoria em bancos públicos e estatais. "Existe uma preocupação com os bancos públicos, porque eles podem ter sido utilizados para 'favores'."
Segundo Zeina Latif, a Eletrobras pode precisar de um aporte de até R$ 10 bilhões, nas contas de especialistas. Sem conseguir vender todos os ativos que planejava, a Petrobras também pode precisar de mais dinheiro. O próprio governo determinou que o Bndes - que tem quase dois terços do seu funding em operações com a petroleira - diminua a exposição à empresa.
Outra preocupação com os bancos públicos é o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), que definirá se poupadores têm direitos a ressarcimento por perdas com planos econômicos das décadas de 1980 e 1990. Nesse caso, haveria um rombo de até R$ 340 bilhões.
De acordo com duas fontes graduadas, o BB tem caixa para não precisar de captação nos próximos três anos, se o cenário econômico continuar como está. A preocupação é que o ambiente ainda é bastante incerto. Alguns clientes pessoa jurídica quebraram ou passam por problema financeiro. Isso interfere na instituição. Com mais inadimplência, é preciso elevar o provisionamento.
O ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega concorda que há um grande risco de a viúva arcar com os estragos nas estatais, mas diz que esse não é o maior perigo à vista. O economista destaca que há a possibilidade de o País inteiro entrar em uma situação de insolvência. Se as contas públicas não melhorarem, o risco é de um quadro de dominância fiscal, ou seja, em que a política de juros pararia de funcionar e aumentaria consideravelmente a inflação, o que diminuiria o valor dos títulos públicos.

Pesquisa da CNI revela que indústria recua no Produto Interno Bruto em 23 estados

 INDÚSTRIA, LINHA DE PRODUÇÃO.  FOTO DA CAPA

INDÚSTRIA, LINHA DE PRODUÇÃO. FOTO DA CAPA


CLAITON DORNELLES/JC
A indústria perdeu participação na geração de riqueza na economia da maioria dos estados entre 2010 e 2013. Das 27 unidades da Federação, a fatia da produção industrial no Produto Interno Bruto (PIB) estadual recuou em 23 estados. Nesse período, a indústria conseguiu ampliar participação no PIB apenas em quatro unidades da Federação: Amapá, Maranhão, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
No Rio e no Espírito Santo, o avanço ocorreu por causa da indústria de óleo e gás, que, nesse período, estava em alta. No caso do Maranhão e do Amapá, o motivo é a diversificação da produção, antes concentrada na construção, que se expandiu para metais, alimentos e vestuário.
Essa é a fotografia da indústria nacional revelada em um estudo inédito feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Por meio de uma ferramenta interativa na internet, os técnicos da CNI traçaram um detalhado perfil do setor em cada estado, reunindo informações importantes, como valor da produção, trabalhadores empregados, salário médio, principais segmentos e fatia no PIB nacional e estadual, por exemplo.
"A perda na relevância da indústria de forma tão disseminada é reflexo da deterioração da competitividade de toda a economia brasileira", afirma Robson Braga de Andrade, presidente da CNI. Renato Fonseca, gerente de Pesquisa e Competitividade da CNI, ressalta que, em função da crise, na próxima edição do estudo, com dados de 2014 apurados pelo IBGE, a queda da indústria no PIB deve atingir todos os estados. "A perda de participação vai se aprofundar", prevê. O economista pondera que, nesta primeira edição, o período analisado é curto - três anos - porque o IBGE mudou os critérios de apuração da produção industrial.