Nove meses depois do lançamento do Programa de Proteção ao Emprego (PPE), iniciativa do governo federal para evitar demissões, 54 mil trabalhadores foram inscritos no plano e tiveram seus postos preservados. No mesmo período, levando em conta todos os setores da economia, o País demitiu 1,4 milhão de trabalhadores acima do que contratou, segundo dados do Caged.
Para preservar as vagas, o governo gastou R$ 149,7 milhões custeando parte do salário dos trabalhadores com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Criado em julho do ano passado, o programa ajuda empresas a evitar demissões em época de crise. Ao se inscreverem, as empresas reduzem o salário dos funcionários em até 30%, assim como a carga horária. Metade desse valor é ressarcida pelo governo.
A indústria, sobretudo os setores automotivo e metalúrgico, concentrou a maior parte dos trabalhadores que foram beneficiados pelo programa. As fabris também se destacaram (veja quadro). Houve ainda uma concentração geográfica: 82% das vagas preservadas foram na região Sudeste. Apenas uma empresa do Nordeste aderiu ao programa - e nenhuma do Centro-Oeste entrou no plano.
Uma das primeiras empresas a aderir ao programa, a montadora Mercedes-Benz inscreveu no Programa de Proteção ao Emprego 8.900 trabalhadores da fábrica de São Bernardo do Campo, que terão estabilidade no emprego até agosto deste ano. A adoção da medida, contudo, não foi suficiente para enfrentar a crise. Como as vendas de veículos comerciais caíram ainda mais neste ano, a montadora colocou cerca de outros 1.500 funcionários em licença remunerada por tempo indeterminado.
Em nota, a Mercedes-Benz diz que, desde 2014, "vem adotando diversas medidas de flexibilidade e gestão de mão de obra para administrar a ociosidade" da fábrica "enquanto não há nenhuma sinalização de recuperação da economia" no País. Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista, Rafael Moura afirma que o programa cumpriu seu papel ao evitar cerca de 4 mil demissões nas empresas do setor automobilístico. "O esforço para manter as vagas tem sido satisfatório. Mas defendemos que também sejam adotadas medidas para estimular o mercado", afirma.
Segundo Moura, ao menos cinco empresas da região encerraram a participação no PPE sem demitir, dos setores metalúrgico e de autopeças, como Schuler, VMG e Pricol.
Em nota, o ministro do Trabalho, Miguel Rossetto, disse que o PPE "tem atingido seus objetivos", preservando empregos, direitos e contribuições sociais, e que o governo estuda a manutenção de forma permanente, a ser usado em tempos de crises setoriais.