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Energia

- Publicada em 05 de Maio de 2016 às 22:38

Liquigás pode ser vendida e valeria até R$ 1,5 bilhão

Subsidiária da petroleira detém o segundo lugar no mercado doméstico

Subsidiária da petroleira detém o segundo lugar no mercado doméstico


LIQUIGÁS/DIVULGAÇÃO/JC
A Liquigás, distribuidora e comercializadora de botijão de gás da Petrobras, começa a receber propostas para a venda de seu controle. Vice-líder nesse segmento, a companhia é cobiçada pelos seus principais concorrentes. A Ultragaz, do grupo Ultra; a Supergasbrás, do grupo holandês SHV, terceiro do setor; além da Copagaz, do empresário Ueze Zahan, estão entre os principais interessados no negócio, avaliado entre R$ 1,2 bilhão e R$ 1,5 bilhão, segundo apuração junto ao mercado.
A Liquigás, distribuidora e comercializadora de botijão de gás da Petrobras, começa a receber propostas para a venda de seu controle. Vice-líder nesse segmento, a companhia é cobiçada pelos seus principais concorrentes. A Ultragaz, do grupo Ultra; a Supergasbrás, do grupo holandês SHV, terceiro do setor; além da Copagaz, do empresário Ueze Zahan, estão entre os principais interessados no negócio, avaliado entre R$ 1,2 bilhão e R$ 1,5 bilhão, segundo apuração junto ao mercado.
A estatal, que está em um amplo processo de desinvestimento, enfrenta dificuldades para se desfazer de seus principais negócios. "A Liquigás é a única operação do grupo que está avançando de forma mais rápida", disse uma fonte de mercado. O banco Itaú BBA está coordenando esse processo.
O grupo Ultra tem interesse nos ativos da Liquigás e deverá fazer oferta pelo negócio. Procurado, o Ultra informou, em nota, que a companhia "analisa regularmente oportunidades em seus mercados de atuação". O mercado nacional de gás de cozinha é concentrado nas mãos da Ultragaz, maior deste segmento, com 23,11% de participação de mercado. A companhia da estatal vem em seguida, com 22,61% de fatia. A Supergasbras tem 20,42%, e a Copagaz, em quinto lugar, 8,19%.
Em recentes entrevistas, Thilo Mannhardt, presidente do Ultra, e Paulo Cunha, presidente do conselho de administração da companhia, afirmaram que o Ultra tem interesse em ativos da Petrobras - os principais seriam Liquigás e BR Distribuidora, por causa da sinergia com Ultragaz e Ipiranga (os postos pertencem ao grupo). A Liquigás colocaria o Ultra na liderança isolada do segmento.
Fontes afirmaram que, se efetivar a compra da Liquigás, o Ultra teria de se desfazer de ativos em estados onde sua fatia de mercado é maior. "Há poucas sobreposições entre Ultra e Liquigás em alguns estados", afirmou uma fonte.
Com participação relativamente pequena no setor, a Copagaz também tem interesse na Liquigás. Ueze Zahran, presidente do grupo, disse que fará oferta pela divisão de gás de cozinha da estatal. No entanto, segundo o empresário, ele deverá se juntar com um grupo de empresas menores que atuam no setor para conseguir fazer uma oferta firme. Zahran não quis informar os grupos envolvidos no negócio.
Segundo Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), a venda da divisão Liquigás faz todo o sentido para a estatal. Ele ressaltou, porém, que este não é o melhor momento para se fechar o negócio, pois o preço de venda não seria atrativo. "Não acredito que a venda seja feita logo, uma vez que há ainda o rito do processo de impeachment da presidente Dilma", afirmou.
A Supergasbras e a Petrobras não quiseram comentar o assunto. No caso da BR Distribuidora, o Ultra também tem interesse, mas essa operação ainda está bem longe de ser concluída.

Petrobras entra em conflito com a sócia White Martins

A Petrobras está em conflito com sua sócia White Martins, com quem criou o consórcio Gemini, em 2004, para atuar no mercado de gás natural liquefeito (GNL). Há um ano, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) determinou a proibição, de forma preventiva (suspensão temporária), do tratamento vantajoso de preços no fornecimento de gás por parte da estatal ao consórcio. A White Martins entrou na Justiça para barrar a decisão do órgão antitruste. O Cade recorreu ao Superior Tribunal de Justiça.
A própria Petrobras está tentando rever o acordo de preços com a White Martins, mas ainda não obteve sucesso. "A estatal não faz parte do processo em que a White Martins questiona a decisão do Cade. Foi uma decisão unilateral. A Petrobras tinha informado, ao ser questionada sobre o caso, que estava se esforçando em fazer valer a decisão (do Cade), mas estava enfrentando resistência de sua sócia", afirmou uma fonte.
Desde que foi formado, o consórcio (chamado Gás Local) - no qual a Petrobras detém 40%, e a White Martins, 60% - já teria provocado perdas de R$ 400 milhões à estatal por causa do fornecimento de gás subsidiado. Em crise, a petroleira, que está tentando se desfazer de vários ativos, não quer arcar com mais uma empresa problemática. No entanto, está amarrada a esse consórcio até 2024. "Esse projeto, de longe, não faz o menor sentido ser mantido pela estatal", disse uma fonte que acompanha o assunto.
O consórcio atua nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, além do Distrito Federal. Quando foi criada, a Gás Local não poderia atuar em regiões não servidas por gasodutos. Na prática, avançou em áreas que afetam concessionárias, como a Comgás, de São Paulo; e Ceg, no Rio de Janeiro. O GNL é vendido para empresas e hospitais, por exemplo. A Gás Local tem 29 clientes, dos quais sete estão em áreas que poderiam ser abastecidas por gás canalizado, o que também tem gerado conflito com as concessionárias de gás canalizado.
Em fevereiro, a prefeitura de Mococa (interior de São Paulo) se manifestou na Justiça contra a decisão, imposta pela White Martins, que barra a decisão do Cade, alegando que o município poderia ser abastecido por gás canalizado e se sente prejudicado. Outras cidades de São Paulo, como Avaré, Cosmópolis, Engenheiro Coelho, Rio das Pedras e Analândia, além de Petrópolis, no Rio de Janeiro, também poderiam ser abastecidas por gás canalizado.
Um levantamento mostra que cerca de 570 mil habitantes podem ser prejudicados por essa decisão, considerando as sete cidades que poderiam ter o abastecimento por gás canalizado. Ao firmar o consórcio, a White Martins fez um investimento da ordem de US$ 50 milhões, condicionado ao fornecimento de gás pela estatal, que, à época, se comprometeu a fornecer o insumo com preço diferenciado. Fontes afirmam que houve revisão de preços nesse período.