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Crise Política

- Publicada em 21 de Abril de 2016 às 18:10

PMDB vê tentativa de golpe em PEC da Eleição

Senador Romero Jucá assumiu a presidência do partido

Senador Romero Jucá assumiu a presidência do partido


WILSON DIAS/ABR/JC
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 20/2016, que determina a realização de novas eleições gerais em outubro de 2016, foi alvo de críticas do núcleo duro do vice-presidente Michel Temer (PMDB), que passou a quarta-feira em São Paulo.
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 20/2016, que determina a realização de novas eleições gerais em outubro de 2016, foi alvo de críticas do núcleo duro do vice-presidente Michel Temer (PMDB), que passou a quarta-feira em São Paulo.
Presidente do PMDB e um dos principais operadores políticos de Temer, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) classificou, na quinta-feira, como "golpe" a chamada PEC da Eleição. "O partido vê como uma tentativa de golpe. Qualquer redução ou ampliação de mandato é inconstitucional e fere cláusulas pétreas", afirmou o peemedebista. Jucá passou a quarta-feira em São Paulo reunido com Temer no escritório político do PMDB, em Pinheiros, zona Oeste da cidade.
A PEC é defendida pela ex-ministra Marina Silva (Rede), por um bloco de senadores não alinhados com o governo e a oposição e por setores do PT. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Marina lideram as pesquisas de opinião sobre a eleição presidencial de 2018. Já o PSDB, maior partido de oposição ao governo, rejeita a proposta, apesar de ter entrado com uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para cassar o mandato da chapa liderada, em 2014, pela petista Dilma Rousseff com Temer de vice. Se o pedido for acolhido pelo colegiado ainda em 2016, Temer perderia o mandato, e novas eleições seriam convocadas.
A proposta de um novo pleito foi defendida pelo PSDB até o começo deste ano, quando a legenda mudou de estratégia e passou a apoiar o impeachment. Na época, a mudança de discurso fez o partido ser chamado até por tucanos de "errático".
O ideia também foi defendida publicamente, no começo do mês, pelo senador Valdir Raupp (PMDB-RR). Aliado de Temer, ele usou a tribuna do Senado para dizer que a realização de um novo pleito com as eleições municipais de outubro atenderia ao clamor das manifestações contra o governo.

PT compara Temer a traidor da Inconfidência Mineira

O Partido dos Trabalhadores (PT) aproveitou o feriado que celebra a morte de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, para ressaltar a traição do vice-presidente, Michel Temer (PMDB), ao governo de Dilma Rousseff (PT). Em uma série de publicações nas mídias sociais, o PT compara Temer a Joaquim Silvério dos Reis, que delatou os integrantes da Inconfidência Mineira no século XVIII, levando à execução de Tiradentes.
"Em 21 de abril de 1792, Joaquim Silvério dos Reis traía os revoltosos e Tiradentes, mártir da Inconfidência Mineira. Em 2016, Michel Temer trai a democracia brasileira e os mais de 54 milhões de eleitores que votaram em Dilma Rousseff", diz uma das mensagens publicadas pelo PT.
Com a hashtag #TemerSilveriodosReis, as críticas do PT a Temer têm sido reforçadas por internautas nas redes sociais. No Twitter, uma das mensagens, que já tem mais de 300 replicações, afirma que é "uma data muito adequada para falar de traidores". Por causa da viagem da presidente Dilma à sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, Temer ocupa interinamente a presidência da República até a volta da petista, que deve acontecer neste domingo.
Assessores do Palácio do Planalto afirmam que Dilma aproveitará o discurso na ONU para "denunciar o golpe". A fala será às 9h40min desta sexta-feira, horário de Brasília. Ela também deve conceder, em Nova Iorque, pelo menos duas entrevistas à mídia estrangeira, nas quais pretende relatar que a democracia "está em perigo" no Brasil.
Nos últimos dias, Temer tem se encontrado com uma série de políticos do PMDB para articular uma estratégia de reação às críticas do PT e às acusações feitas por Dilma à imprensa internacional. As visitas, ocorridas na residência de Temer ou no seu escritório em São Paulo, incluíram os ex-ministros Moreira Franco, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) e o gaúcho Eliseu Padilha (PMDB), além do senador Romero Jucá (PMDB-RR).
Em entrevista ao Wall Street Journal, publicada mais cedo, Temer criticou as acusações de que esteja conspirando contra Dilma. "Ela (Dilma) tem dito que eu sou um conspirador, o que obviamente é algo triste para mim e para a vice-presidência da República", declarou. O peemedebista afirmou também que, no caso de impeachment de Dilma, "quando o tempo chegar, eu terei um gabinete na cabeça e, apenas nesse momento, irei revelar nomes", afirmou.