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Política

- Publicada em 20 de Abril de 2016 às 20:49

Delator da Lava Jato diz que foi extorquido por lobista ligado ao PMDB

Delator da Operação Lava Jato, o empresário Milton Schahin contou que foi chantageado pelo lobista Jorge Luz, ligado ao PMDB, a pagar US$ 2,5 milhões no negócio envolvendo o contrato de construção e sonda do navio-sonda Vitória 10.000.
Delator da Operação Lava Jato, o empresário Milton Schahin contou que foi chantageado pelo lobista Jorge Luz, ligado ao PMDB, a pagar US$ 2,5 milhões no negócio envolvendo o contrato de construção e sonda do navio-sonda Vitória 10.000.
Foi a segunda propina para viabilizar o mesmo contrato, de R$ 1,6 bilhão. Schahin admitiu ter quitado fraudulentamente um empréstimo de R$ 12 milhões de José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula, junto ao banco Schahin, após acerto com o tesoureiro afastado do PT João Vaccari Neto. Bumlai dizia à época, segundo a família Schahin, que o negócio era "abençoado pelo presidente".
Logo depois do acerto com Vaccari e com o contrato da sonda já assinado com a Petrobras, Schahin diz ter sido procurado por Jorge Luz, uma espécie de decano dos lobistas na Petrobras, com fortes ligações com o PMDB no Senado: "[Ele disse:] não adianta vocês quererem [apoio] lá de cima. Se não tiver pagamentos para isso, esse assunto não vai sair."
Indagado pelo juiz Sergio Moro em depoimento nesta quarta (20) sobre por que pagar propina também a Jorge Luz mesmo depois de ter acertado o pagamento com o PT, Schahin disse que preferiu não correr o risco. "Conheço o Jorge Luz há 20 anos ou mais. Eu sei que ele não brinca quando fala e eu resolvi não correr o risco", afirmou o delator.
O empresário disse que, após negociação, o segundo pedágio ficou em US$ 2,5 milhões parcelados. "Ele [Luz] me deu o nome de duas empresas e detalhes de como pagar. Não foi [pago] 100%, cheguei uns US$ 2 milhões. Foram US$ 2,5 milhões acertados e eu paguei um pouco menos. Foram umas dez parcelas", disse Schahin.
A propina foi paga por meio de empresas controladas pelo grupo Schahin no exterior, que realizaram transferências para as contas das offshores Pentagram e à Dbase, atribuídas, respectivamente, a Jorge Luz e ao ex-gerente da diretoria internacional da Petrobras Eduardo Musa, que também se tornou delator.
Na audiência desta quarta (20), Schahin entregou os comprovantes de pagamentos à Pentagram. Os pagamentos foram feitos a partir de 2011 -dois anos depois da assinatura do contrato e do perdão do empréstimo de R$ 12 milhões contraído por Bumlai, em 2004.
Na audiência, Schahin contou ainda que sofreu uma tentativa de extorsão pelo então diretor internacional da Petrobras, Jorge Zelada, também indicado pelo PMDB. Segundo o empresário, o grupo Schahin começou a atrasar os pagamentos do leasing do navio-sonda e Zelada foi procurado para interceder a favor da empresa. "Pedi que ele me desse um voto de confiança. Ele escutou e disse que iria ver. Na hora de sair, me convidou para tomar um aperitivo em um bar a algumas quadras da Petrobras", disse.
Pelo relato do delator, o diretor internacional aguardava o empresário fumando um charuto, quando fez uma proposta para encaminhar o pedido de rolagem das prestações atrasadas. "Eu parei, ponderei e disse que não poderia atender", disse Schahin. No final, segundo o empresário, as prestações atrasadas da compra do navio-sonda foram renegociadas com juros mais altos do que os de mercado.
Filho de Milton Schahin, o engenheiro Fernando Schahin, outro réu no processo, também prestou depoimento e disse que foi pressionado por Eduardo Musa e pelo lobista Fernando Soares para pagar propina na negociação do contrato. Se não fizesse, disse, não haveria negócio.
Milton Schahin disse que Luz citou os dois como beneficiários dos pagamentos. Fernando Schahin contestou versão de Musa de que teria negociado o pagamento em diversas ocasiões. Vaccari e Zelada, que estão presos, tinham depoimentos marcados para esta quarta-feira, mas preferiram se manter em silêncio. A reportagem não localizou a defesa de Jorge Luz para comentar o assunto na noite desta quarta.
Folhapress
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