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crise política

- Publicada em 15 de Abril de 2016 às 01:40

STF mantém votação do impeachment domingo

Corte negou ainda ação que contestou ordem do processo; votos serão alternados entre regiões Norte e Sul

Corte negou ainda ação que contestou ordem do processo; votos serão alternados entre regiões Norte e Sul


ROSINEI COUTINHO/SCO/STF/JC
O Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou o recurso do governo que pedia para suspender a votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), marcada para este domingo. A decisão impôs mais uma derrota ao governo, com o encerramento da análise na Corte da enxurrada de ações protocoladas na manhã desta quinta-feira com questionamentos ao processo de impedimento da petista. Todos os pedidos feitos pelo governo ou por partidos e deputados da base aliada foram rejeitados em liminar pela maioria do plenário.
O Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou o recurso do governo que pedia para suspender a votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), marcada para este domingo. A decisão impôs mais uma derrota ao governo, com o encerramento da análise na Corte da enxurrada de ações protocoladas na manhã desta quinta-feira com questionamentos ao processo de impedimento da petista. Todos os pedidos feitos pelo governo ou por partidos e deputados da base aliada foram rejeitados em liminar pela maioria do plenário.
O governo hesitou em judicializar o impeachment na expectativa de conseguir votos suficientes para barrar o impedimento da petista no plenário da Câmara. Diante de sucessivos desembarques e avanço das intenções de voto pelo afastamento da presidente, no entanto, o Supremo recebeu seis ações com questionamentos ao processo que tramita na Câmara.
A estratégia de recorrer ao Supremo dividiu integrantes do núcleo duro do governo. Um ministro do Palácio do Planalto defendeu junto à presidente que uma derrota na Corte iria fragilizá-la ainda mais e poderia influenciar deputados indecisos a votar a favor do impeachment.
O relator das ações do PT e da Advocacia-Geral da União (AGU), ministro Luiz Edson Fachin, entendeu que não foram constatados "vícios" que gerem a nulidade do parecer apresentado pelo deputado Jovair Arantes (PTB-GO) na Comissão Especial do Impeachment a favor da admissibilidade da denúncia contra a presidente. Em seu voto, ele considerou que a defesa de Dilma não foi inviabilizada e que o plenário da Câmara irá votar o teor da denúncia original contra a presidente.
O advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo (PT), alegava na Corte que o parecer de Jovair Arantes extrapolava o pedido de impeachment. Ele negou que estivesse tentando ganhar tempo e afastou as críticas de que estaria judicializando mais uma vez o processo por conta da debandada de partidos governistas, que agora liberaram as bancadas para votar em favor da deposição da presidente. "Por mais que se tenha a natureza político-jurídica de um processo de impeachment, ele é um processo jurídico. Seja qual for a decisão da Câmara, tem que ser praticada com base nos ritos legais."
"Não se sustenta inviabilização da defesa inadequada. (...) Não constato vícios alegados e não há que se falar em nulidade do parecer", afirmou Fachin. Ele destacou que o plenário da Câmara deverá analisar apenas os decretos relativos a créditos suplementares sem aval do Congresso e às chamadas pedaladas fiscais. Pelo entendimento de Fachin, portanto, a delação do senador Delcídio Amaral (ex-PT) não deve ser considerada na votação do impeachment no domingo.
Acompanharam o entendimento de Fachin os ministros Luís Roberto Barroso, Teori Zavascki, Rosa Weber, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes e Celso de Mello, diferentemente de Marco Aurélio Mello e Ricardo Lewandowski.
Barroso apontou que o parecer apresentado pelo relator da Comissão Especial extrapola a denúncia inicial, mas no âmbito da "contextualização". Teori Zavascki destacou que não foram demonstrados os prejuízos sofridos pela defesa da presidente.
Os ministros já haviam dado sinais, nos bastidores, de que não pretendiam interferir no processo de impedimento da presidente. Nesta quinta, decidiram resolver todas as ações recebidas de uma só vez, em uma sessão extraordinária que começou por volta das 18h e avançou por mais de seis horas, madrugada adentro. A intenção dos ministros é evitar novas tentativas de judicialização do impeachment, com a palavra final dada pelo plenário da Corte. Até o fim da tarde, os ministros ficaram em seus gabinetes estudando o tema.
O STF também decidiu validar a proposta de votação sugerida pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para o processo de impeachment da presidente Dilma. Os ministros Teori Zavascki, Rosa Weber, Luiz Fux, Carmen Lúcia, Gilmar Mendes e Celso de Mello divergiram do relator, Marco Aurélio, por entenderem que não houve ilegalidade na interpretação do regimento interno da Casa por parte de Cunha.
Segundo o presidente da Câmara, a votação será alternada, começando por um estado do Norte, seguido por um do Sul, na seguinte ordem: deputados de Roraima, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Amapá, Pará, Paraná, Mato Grosso do Sul, Amazonas, Rondônia, Goiás, Distrito Federal, Acre, Tocantins, Mato Grosso, São Paulo, Maranhão, Ceará, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Piauí, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Sergipe e Alagoas.
Mais cedo, após o anúncio da realização de "sessão relâmpago" pelo STF para julgar a validade do procedimento de votação, Cunha voltou atrás e mudou a ordem de chamada. Antes, o parlamentar havia decidido que a votação começaria pelos estados da região Sul e terminaria com os do Norte.

Líder do PT admite que governo não tem votos para barrar impeachment

A três dias da votação final do impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara, o líder do PT na Câmara, Afonso Florence (BA), reconheceu que o governo tem "quase" os votos necessários para barrar o afastamento de Dilma. Florence, que concedeu entrevista após um café da manhã de vinte minutos com outros aliados no Palácio do Alvorada, foi o primeiro porta-voz do governo a admitir publicamente que o governo ainda não tem o mínimo de 172 votos.
Na quarta-feira, auxiliares da presidente já reconheciam reservadamente poder contar seguramente com cerca de 12 votos a menos do que o necessário para derrubar o impedimento da presidente no plenário da Câmara.
"Hoje, eles (os pró-impeachment) não têm 342 votos. O governo tem quase os 172. Mas ausências e abstenções caracterizarão na prática os "não 342", afirmou Afonso Florence.
José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara, comparou o clima atual, às vésperas da votação na Câmara, ao segundo turno das eleições de 2014, nas quais Dilma derrotou Aécio Neves por menos de dois pontos percentuais e ambos estavam tecnicamente empatados no dia do pleito.
"Para nós, é o segundo turno de 2014. É a mesma tensão, o mesmo enfrentamento. É aquele segundo turno ali: corrida de cavalo parelha", declarou Guimarães.
A presidente recebeu ministros e deputados em um rápido café da manhã no Palácio da Alvorada, que durou cerca de vinte minutos. Estavam os ministros Jaques Wagner (Gabinete Pessoal), Celso Pansera (Ciência e Tecnologia), Mauro Lopes (Aviação Civil), Marcelo Castro (Saúde), Antônio Carlos Rodrigues (Transportes) e Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo).
Compareceram os deputados: Afonso Florence, Silvio Costa (PTdoB-PE), José Guimarães, Henrique Fontana (PT), Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Daniel Almeida (PCdoB-BA) e José Rocha (PR-BA).

Governadores petistas vão a Brasília buscar votos

Governadores petistas começam a desembarcar em Brasília para articular votos contrários ao afastamento da presidente. Três governadores - Rui Costa (Bahia), Camilo Santana (Ceará) e Wellington Dias (Piauí) - já estão na capital federal, onde conciliam agenda administrativa com reuniões com parlamentares de seus respectivos estados.
A reportagem apurou que Santana e Dias reuniram-se nesta quinta-feira com os ministros Jaques Wagner (Gabinete da Presidência) e Ricardo Berzonini (Governo) para traçar estratégias para conquistar votos pró-governo.
Rui Costa estará com os 24 deputados governistas da bancada baiana num jantar na casa do deputado federal Ronaldo Carletto (PP). Jaques Wagner estará presente. O objetivo é garantir que todos os parlamentares que participam da base no governo federal e possuem cargos no governo estadual votem contra o impeachment.
Nos últimos dias, o governador articulou pessoalmente os votos de cinco deputados baianos do PSD e agora foca nos parlamentares do PP e PR. Entre os principais alvos estão dos deputados federais Cacá Leão (PP), filho do vice-governador João Leão (PP), e Mário Negromonte Júnior (PP), que ainda não decidiram se seguirão a determinação do partido de votar pelo impeachment ou atenderão os apelos do governador.
O deputado João Carlos Bacelar (PR) é outro indeciso que deve ouvir apelos do petista. Ele faz parte da base de Rui Costa, mas em Brasília compõe a tropa de choque do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
O governador do Piauí, Wellington Dias, também vai mobilizar deputados em favor de Dilma. Com trânsito no Congresso, onde foi líder do governo no Senado, deve atuar na articulação não só na bancada do Piauí, mas também junto a deputados de outros estados.
Já Camilo Santana, governador do Ceará, chegou a Brasília nesta quinta. Oficialmente, cumpre agenda administrativa nos ministérios da Justiça e Meio Ambiente. Mas o petista também deve se reunir com deputados federais aliados.