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Crise Política

- Publicada em 11 de Abril de 2016 às 19:00

Discurso de Temer antecipa posição sobre impeachment


FABIO RODRIGUES POZZEBOM/ABR/JC
O vice-presidente Michel Temer (PMDB) reconheceu ontem que enviou de maneira equivocada áudio no qual antecipou discurso sobre vitória no impeachment, mas disse que, independentemente do que ocorra na votação do próximo domingo, continuará sustentando o mesmo discurso da gravação.
O vice-presidente Michel Temer (PMDB) reconheceu ontem que enviou de maneira equivocada áudio no qual antecipou discurso sobre vitória no impeachment, mas disse que, independentemente do que ocorra na votação do próximo domingo, continuará sustentando o mesmo discurso da gravação.
Em rápida entrevista à imprensa, o peemedebista explicou que, a pedido de companheiros do partido, gravou discurso que poderia fazer caso o pedido de afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT) fosse aprovado no plenário da Câmara dos Deputados. Na hora de repassar para um amigo, no entanto, acabou enviando a um grupo de parlamentares peemedebistas.
Em mensagem de quase 15 minutos, Temer disse que, "aconteça o que acontecer", é preciso construir um governo de "salvação nacional" e alertou que haverá "sacrifícios" para retomar o crescimento.
O áudio do vice antecipa o discurso que seria feito à Câmara caso a Casa autorizasse a abertura de processo de impeachment contra a presidente Dilma, o que está previsto para ocorrer apenas no próximo fim de semana.
Temer diz ainda que, "sem essa unidade nacional, penso que será difícil tirar o País da crise em que nos encontramos".
O atual vice-presidente da República diz, como "substituto constitucional da presidente da República", que o País terá que se submeter a sacrifícios. "Vamos ter muitos sacrifícios pela frente. Sem sacrifícios, não conseguiremos avançar para retomar o crescimento e o desenvolvimento que pautaram a atividade do nosso País nos últimos tempos, antes desta última gestão", afirmou.
Temer diz no áudio que, assumindo a presidência, manterá programas sociais como Bolsa Família, Pronatec e Fies. "Sei que dizem, de vez em quando, que, se outrem assumir, vamos acabar com Bolsa Família, vamos acabar com Pronatec, vamos acabar com Fies. Isso é falso. É mentiroso e fruto dessa política mais rasteira que tomou conta do País. Portanto, neste particular, quero dizer que nós deveremos manter estes programas e até, se possível, revalorizá-los e ampliá-los", afirmou.
O vice diz, no entanto, que o Bolsa Família será um programa de transição em seu eventual governo. "Há de ser um estágio do Estado brasileiro. Daqui a alguns anos, a empregabilidade tenha atingido um tal nível que não haja necessidade de Bolsa Família. Mas, enquanto persistir a necessidade, manteremos", afirmou.
O vice-presidente diz também que terá a retomada dos empregos. "Para que haja emprego, é preciso que haja uma conjugação dos empregadores com os trabalhadores. Você só tem emprego se a indústria, o comércio, as atividades de serviço todas estiverem caminhando bem. A partir daí que você tem emprego e pode retomar o emprego", afirmou Temer.
Ele defendeu ainda as parcerias público-privadas para que o Estado fique responsável exclusivo apenas de algumas áreas específicas. "Vamos incentivar enormemente as parcerias público-privadas à medida que isso pode trazer emprego ao País. Estes setores produtivos é que, aliançados, vão fazer a prosperidade do Estado brasileiro, cuidando de segurança, saúde, educação, enfim, de alguns temas fundamentais que não podem sair da órbita pública", afirmou.

Líder da bancada do PT acusa vice-presidente de 'traição'

Em sua fala na sessão da Comissão Especial do Impeachment, o líder da bancada do PT, Afonso Florence (BA), afirmou, na tarde de ontem, que o vice-presidente Michel Temer (PMDB) cometeu alta traição em relação a Dilma Rousseff (PT) e que, se assumir o poder, irá acabar com programas sociais.
Dizendo ter chegado a essas conclusões por meio de entrevistas e manifestações que ouviu, Florence afirmou ainda que o PMDB e a oposição não vão ter "sossego" caso o Congresso aprove o impeachment de Dilma.
O discurso de Florence tem sido repetido por outros petistas na comissão, em um indicativo de que houve combinação prévia. "Eles não vão ter sossego se fizerem isso (aprovar o impeachment). O povo mobilizado vai lutar por suas conquistas. Se aprovarem o golpe, vossas excelências vão entrar na história para a lata do lixo", disse Florence.
De acordo com o petista, a "chapa do golpe", liderada por Temer, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o tucano Aécio Neves (PSDB-MG), representa "um ataque à democracia e a retirada de conquistas sociais", além de ser uma ameaça, acrescenta Florence, às investigações da Lava Jato.
O líder do PT destinou críticas especiais a Temer, que segundo ele cometeu "traição alta ao ser nomeado articulador político e conspirar contra a presidente". Por várias vezes, Florence foi interrompido por protestos da oposição, que o acusou de mentir.
O líder da bancada do PSDB, Antonio Imbassahy (BA), rebateu: "Queria tranquilizar os brasileiros de que alguns pronunciamentos, eivados de coisas que não correspondem à realidade, são mais do que reprováveis, são deploráveis. (...) Revelam o temor de uma derrota iminente".
Em sua fala, o líder do PMDB, Leonardo Picciani, liberou a bancada do partido a votar de acordo com a consciência de cada um. O PMDB rompeu com o governo, mas Picciani faz parte da ala minoritária que se mantém leal a Dilma.

Deputado governista entra no STF para impedir manobra de Eduardo Cunha

Aliado do governo, o deputado Weverton Rocha (PDT-MA) entrou com um mandado de segurança no STF para impedir que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), adote regras que prejudiquem Dilma Rousseff (PT) na votação do impeachmento. Na ação, Rocha alega que Cunha não aplica "de maneira republicana as regras" estabelecidas pelo Supremo ao definir o rito do impeachment. Para ele, o modelo mais adequado para votação seria a alternância entre parlamentares das regiões Norte e do Sul, ou, como alternativa, a adoção de chamada por ordem alfabética, como ocorreu no impeachment de Collor de Mello.

Advogado pede para Cunha abrir impedimento contra peemedebista

O advogado Mariel Marley Marra pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) ontem que dê prazo de 24 horas para o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), instalar processo de impeachment contra o vice-presidente Michel Temer (PMDB). O advogado pede também que seja estipulada multa diária por atraso por descumprimento, no valor de "até 100 vezes do valor da remuneração percebida pelo agente por descumprimento de ordem judicial", o que daria cerca de R$ 3 milhões. A decisão caberá ao ministro Marco Aurélio Mello.
No início do mês, Cunha arquivou um pedido de impeachment que Marra apresentou contra Temer. O advogado recorreu ao STF, e Marco Aurélio determinou que Cunha abrisse o processo imediatamente e o enviasse a uma comissão especial para analisar o caso. Uma semana já se passou, e o presidente da Câmara ainda não cumpriu a ordem. Marra afirmou que a postura de Cunha de descumprimento de ordem judicial reforça o pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de afastamento do parlamentar da presidência da Câmara e do mandato.
Segundo Janot, Cunha usa o cargo "com o propósito de autoproteção mediante ações espúrias para evitar a apuração de sua conduta, tanto na esfera penal como na esfera política".