Os moradores da ocupação Lanceiros Negros, localizada em prédio público abandonado na esquina das ruas Andrade Neves e General Câmara, realizaram protesto, nesta quinta-feira, contra ação de reintegração de posse. A comunidade, composta por 70 famílias, recebeu mandado para desocupar a edificação do Centro da Capital na quarta-feira. A ordem é de cumprimento imediato, mas o grupo se recusa a sair.
Cerca de 200 pessoas caminharam com faixas, alertando para a situação. Os manifestantes passaram pela Andrade Neves, pela avenida Borges de Medeiros e finalizaram o ato em frente ao Palácio Piratini. Como gesto simbólico, os ativistas pararam por um minuto fazendo, com as mãos, o símbolo de uma casa.
"Estamos com o risco iminente de reintegração. A Justiça já está notificando o Corpo de Bombeiros e a Brigada Militar para nos retirar. Temos medo, pois sabemos da violência usual da Polícia Militar (PM). Em dezembro, por exemplo, após uma audiência pública sobre moradia na Assembleia Legislativa, os policiais nos encontraram na Praça da Matriz e bateram em todo mundo", relata Priscila Voigt, coordenadora do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB).
Em reunião interna, as famílias ocupantes decidiram que resistirão ao despejo, visto que não receberam nenhuma proposta efetiva do governo do Estado. "Vamos lutar até o fim, pois queremos moradia digna", promete Priscila. No ano passado, a Justiça já havia determinado a reintegração de posse, mas a ação foi cancelada após recurso, uma vez que o Estado não apresentou proposta de local para abrigar a comunidade. O MLB pedirá nova suspensão da medida.