A Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica (CEEE-D) assumiu como uma estratégia fundamental a redução das perdas não técnicas (avarias ou fraudes, conhecidas popularmente como "gatos") registradas pela empresa. A estatal passará da realização de 30 mil fiscalizações em campo ao ano para 140 mil ações.
Como essa medida será intensificada a partir deste segundo semestre, para este ano, o diretor de distribuição da CEEE-D, Júlio Elói Hofer, estima fazer cerca de 70 mil fiscalizações, alcançando o patamar de 140 mil em 2017. O dirigente revela que as perdas não técnicas significam cerca de R$ 200 milhões em energia que deixa de ser faturada pela empresa ao ano.
A CEEE-D também terá apoio da tecnologia para diminuir os impactos com as irregularidades. Hofer adianta que serão implementados canais de comunicação on-line (através da conexão com os medidores de energia) com consumidores que representam praticamente 50% do faturamento da distribuidora. "Todos os grandes clientes terão equipamentos conectados on-line, será um sistema de acompanhamento e fiscalização eletrônica", reforça o diretor. A ação prevê o recebimento de dados informatizados desde os pontos de entrada de energia no sistema da CEEE-D até o medidor do consumidor.
Além disso, a companhia fará uma campanha midiática sobre os "gatos". Hofer ressalta que a fraude é um crime de furto, que pode implicar uma pena de quatro a oito anos de prisão. Quanto a pequenos consumidores que apresentam dificuldades econômicas e que adotam a prática ilícita, o diretor defende a regularização através do programa Energia Legal promovido pela concessionária.
Outro interesse da CEEE-D é aprimorar seus indicadores de qualidade de fornecimento de eletricidade, uma cobrança da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), reguladora do setor elétrico. Hofer recorda que, para melhorar o atendimento, foi estabelecido um plano estratégico fundamentado em quatro pilares: pessoas, processos, resultado e tecnologia.
Quanto ao quesito pessoal, foi focado envolvimento, motivação e trabalho em conjunto. Hoje, a CEEE-D conta com aproximadamente 1,3 mil funcionários próprios e em torno de 2 mil terceirizados. Na área da tecnologia, uma das novidades é o sistema chamado Solução de Despacho Móvel (SDM).
A ideia é digitalizar e informatizar toda a relação de gestão e logística das equipes de agentes da CEEE-D em campo. Ao invés de ser entregue uma ordem de serviço manual, o comando é digitalizado em um tablet, e o operador monitora a equipe por radiofrequência, GPRS ou satélite, o que torna o trabalho mais eficiente e produtivo. A meta é tornar todo o processo digitalizado até meados de 2017. O investimento na iniciativa é de cerca de R$ 12 milhões.
Área de distribuição projeta investir em torno de R$ 200 milhões em 2016
diretor de distribuição do Grupo CEEE, Júlio Elói Hofer, crédito das fotos Guga Marques Grupo CEEE
GUGA MARQUES/GRUPO CEEE/DIVULGAÇÃO/JC
Para este ano, a estimativa da CEEE-D, de acordo com o diretor de distribuição da estatal, Júlio Elói Hofer, é aplicar aproximadamente R$ 200 milhões na sua área de distribuição. Os recursos serão empregados em obras para tornar mais robusta a infraestrutura da concessionária gaúcha.
O dirigente admite que ainda há locais, como as zonas Sul e Norte de Porto Alegre, que apresentam equipamentos muito próximos do limite de carga. Entre os projetos que poderão beneficiar esses lugares estão as subestações Rincão e Restinga (na região Sul) e a subestação Aeroporto (na Norte). Os dois primeiros empreendimentos verificam um estágio adiantado de desenvolvimento, e o último terá que ser relicitado devido a problemas econômicos apresentados por uma empresa envolvida com a obra.
Apesar de ainda ter "gargalos" a serem resolvidos, a CEEE-D vem percebendo avanços no que diz respeito aos seus "termômetros" de qualidade. No indicador Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (DEC), a concessionária obteve uma redução de 37% de 2014 para 2015, passando de 27,45 horas/ano para 17,08 horas/ano. Já quanto à Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (FEC), a diminuição foi de 33%, passando de 17,66 o número de vezes de interrupções para 11,70. Para 2016, o objetivo da distribuidora é baixar o DEC para 11,51 horas e o FEC para 9,71 interrupções.
Com os resultados conquistados, a CEEE-D teve ganhos quanto ao Desempenho Global de Continuidade (DGC), que é a média ponderada do DEC e do FEC. Em 2014, em um ranking de 63 distribuidoras brasileiras estipulado pela Aneel, a estatal aparecia na posição 60, sendo que apenas três empresas estavam em condições piores (CEA, CEAL e CELG-D). Já em 2015, a CEEE-D evoluiu, ficando na posição de 51 (percentualmente, a companhia foi a que apresentou a maior melhora quanto ao DGC, com um avanço de 30%).
No começo deste ano, a estatal já se encontrava no 49º lugar (as outras duas grandes distribuidoras do Rio Grande do Sul, AES Sul e RGE, estavam, respectivamente, nas colocações 52 e 33). A CEEE-D tem um alvo ousado para os próximos anos. Hofer espera que, em 2019, a concessionária esteja entre as 10 melhores companhias do Brasil nesse quesito.