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Economia

- Publicada em 01 de Maio de 2016 às 21:48

Grupo Herval fortalece operações industriais

Nova fábrica, em Pernambuco, ampliará alcance no mercado interno, afirma Seger

Nova fábrica, em Pernambuco, ampliará alcance no mercado interno, afirma Seger


GRUPO HERVAL/DIVULGAÇÃO/JC
Marina Schmidt
Atenta às oportunidades abertas pela variação cambial, que voltou a favorecer as exportações, a Herval vislumbra alcançar novos mercados, mas é apostando no Brasil que o grupo tem crescido. Sustendo investimentos mesmo diante da crise, a empresa - que é detentora de mais de uma dezena de marcas dos ramos industrial, comercial e varejista - está fortalecendo as suas operações industriais com a abertura de uma nova fábrica de espumas em Bezerros (Pernambuco).
Atenta às oportunidades abertas pela variação cambial, que voltou a favorecer as exportações, a Herval vislumbra alcançar novos mercados, mas é apostando no Brasil que o grupo tem crescido. Sustendo investimentos mesmo diante da crise, a empresa - que é detentora de mais de uma dezena de marcas dos ramos industrial, comercial e varejista - está fortalecendo as suas operações industriais com a abertura de uma nova fábrica de espumas em Bezerros (Pernambuco).
Dos cerca de R$ 2,8 bilhões que o grupo prevê faturar neste ano, 28% serão obtidos graças à produção fabril de espumas, que atendem às aplicações: vão de estofados aos bojos das lingeries femininas. O investimento de mais de R$ 80 milhões no parque industrial pernambucano vai aproximar a Herval dos compradores do Norte e Nordeste, aumentando a competitividade do grupo. Nesta entrevista, o diretor-presidente do Grupo Herval, Agnelo Seger, revela otimismo em meio a uma maré pessimista.
Jornal do Comércio - A Herval já teve um momento de bastante presença no mercado externo. O câmbio está favorecendo a retomada dessa participação?
Agnelo Seger - É, já faz bastante tempo, lá por 2004, tínhamos bastante exportação, vendíamos para 35 países. Atualmente, ela tem uma representatividade baixa, mas está crescendo. Então, estamos retomando os clientes - é lógico que temos que buscá-los, porque eles acabam comprando de outros fornecedores, porque o mercado está ocupado. Mas nós ficamos um pouco mais competitivos em função da desvalorização do real, só que agora nos deparamos também com uma volatilidade muito grande. É complicado, tu não sabe que preço fazer. Estamos vivendo um período bastante conturbado, mas depois que a questão política entrar em calmaria, não sabemos até quando isso vai durar. Nós já tivemos um dólar acima de R$ 4,00, depois reduziu para R$ 3,50, hoje subiu um pouco de novo, mas é algo instável. Para nós, essa volatilidade é considerada ruim. Mas, com certeza, com o câmbio no atual patamar, temos perspectiva de retomar a exportação, isso está acontecendo.
JC - Algum mercado em especial?
Seger - Na Argentina, a gente tinha uma boa participação. Mas, nos últimos tempos, no governo Kirchner, isso se tornou impossível. Os clientes precisavam de autorização para importar, o que inviabilizou nossas vendas. Agora, estamos retomando.
JC - O Brasil não estava tão competitivo em relação a outros mercados até essa guinada no câmbio...
Seger - É verdade. Chegou um momento em que a gente brincava que embarcávamos o produto e mandávamos um dinheiro junto, porque não dava resultado. Aí, também, é difícil manter as vendas para fora. O País, de certa forma, perdeu demais a competitividade. O dólar, efetivamente, ajuda, mas temos tantas outras questões estruturais a resolver, como logística e tudo mais. O Custo Brasil é enorme.
JC - O Grupo Herval, observando as oportunidades do mercado interno, está com uma fábrica de ponta recém-instalada em Bezerros, no estado de Pernambuco. O senhor pode detalhar melhor esse investimento?
Seger - Trabalhamos com produtos como espumas de poliuretano, que fabricamos e usamos para fazer colchões, mas que também vendemos para indústria moveleira, para outros clientes comerciais, para indústria calçadista, para indústria de confecção, onde esse material é muito usado. Isso aí é volumoso. Tem mais volume do que peso, o que faz com que esse nicho seja mais característico de indústrias regionais. Então nós levamos, por exemplo, esses produtos até São Paulo, o que seria mil quilômetros. Passou disso, a questão de transporte e logística se torna praticamente inviável. Sempre tivemos uma participação interessante no Nordeste, mas ou colocaríamos uma fábrica lá ou perderíamos esse mercado, porque tinham produtos em que o frete representava até 35% do preço final.
JC - Encareceria demais...
Seger - É. A gente se obrigou a colocar uma unidade. Fizemos uma fábrica padrão internacional, como a que temos aqui. A planta começa com a fabricação da espuma, o que nos permite fazer blocos de 60 metros, de forma totalmente computadorizada e automatizada, ninguém põe a mão, é uma espumação contínua. De lá, os blocos vão para um armazém de cura, onde permanecem 24 horas. O processo é totalmente automatizado. Depois, os blocos curados vão para um depósito, onde passam por pontes rolantes, e só então começam a ser beneficiados. Conseguimos laminar essa espuma com precisão de décimos de milímetros. Isso é muito usado na indústria automobilística, na indústria de confecção - principalmente na fabricação de bojo usado na lingerie, que é termoconformado. Esse é um mercado enorme. O Nordeste tem fábricas locais que dependem desse tipo de espuma. Mas a nossa é a única planta industrial no Nordeste com esse tipo de capacidade e de condição de produção. Com esses padrões, só existem três fábricas no País: as nossas do Nordeste e do Sul e uma instalada no estado de São Paulo.
JC - Qual é a representatividade da Herval no ramo de espumas?
Seger - Hoje, estamos entre os três principais players do Brasil nesse mercado. Em tecnologia, então, com certeza, considerando essa nova planta. Nossa indústria aqui no Rio Grande do Sul tem mais tempo, mas fomos construindo e modernizando gradativamente. Lá no Nordeste, os equipamentos são todos novos e selecionados com base naquilo que fomos aprendendo ao longo dos 56 anos de existência que a empresa tem. Espumas nós fazemos há 30 anos. Isso nos permitiu colocar, nessa nova fábrica, o suprassumo do que aprendemos no decorrer do tempo.
JC - Deve ser um investimento expressivo para a cidade em que a planta está instalada.
Seger - Realmente, é um empreendimento modelo em um local onde, hoje, praticamente não existe nada. É uma área de 250 mil metros quadrados, com 37 mil metros quadrados de área construída, e dentro de um padrão sustentável. Lá, água é um bem muito nobre, então adotamos o seu reaproveitamento nas nossas instalações. É uma beleza trabalhar lá, tem conforto térmico, a iluminação é toda de LED e pode ser dimerizada de acordo com a necessidade do ambiente. Durante o dia, não há necessidade de iluminação, porque foi tudo feito com domos que permitem a entrada da luz natural. Tem pé-direito alto. É, realmente, muito confortável, uma fábrica de primeiro mundo. Aquilo que eu disse que fomos aprendendo ao longo do tempo, colocamos em prática lá.
JC - Há previsão de mais concorrentes nesse mercado se instalando no Nordeste?
Seger - Eu acho que dificilmente poderia haver uma fábrica com essas características, porque o mercado não comporta investimento assim, que abastece todo Norte e Nordeste, e ainda sobra capacidade industrial. O investimento aumentou muito em função de podermos fazer blocos de 60 metros, de colocar um armazém de cura automatizado, de poder beneficiar esses blocos de indústria. Isso exige uma tecnologia que, praticamente, só três empresas têm no Brasil.
JC - Qual é a representatividade da área industrial no Grupo Herval?
Seger - Nosso grande negócio atualmente é o varejo. E dentro desse grande negócio, por exemplo, temos as lojas TaQi e as lojas da Apple. Estamos com 100, em 18 estados e mais o Distrito Federal, e abriremos mais duas em outros dois estados, totalizando 102 lojas da Apple em praticamente todo o País. Isso tem uma representatividade enorme. Teve uma época em que a indústria era 45% do nosso faturamento e o restante vinha do varejo. Mas, em função da abertura dessa centena de lojas - o que ocorreu praticamente no último um ano e meio a dois anos -, a indústria caiu para cerca de 25% a 28%, e o restante é varejo - de um faturamento global de R$ 2,8 bilhões.  
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