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Investimento

- Publicada em 06 de Abril de 2016 às 20:13

Retiradas da poupança são maiores que os depósitos

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JOÃO MATTOS/ARQUIVO/JC
Dívida em atraso, desemprego, inflação alta ou mudança de aplicação financeira. São vários os motivos que levaram a caderneta de poupança a ter, em 2016, o pior começo de ano em 21 anos. De janeiro a março, os brasileiros sacaram - já descontados os depósitos - R$ 24,1 bilhões desse investimento, superando o volume de retiradas de igual trimestre do ano passado, que tinha sido o pior da história (R$ 23,2 bilhões). Os saques em março superaram os depósitos em R$ 5,380 bilhões.
Dívida em atraso, desemprego, inflação alta ou mudança de aplicação financeira. São vários os motivos que levaram a caderneta de poupança a ter, em 2016, o pior começo de ano em 21 anos. De janeiro a março, os brasileiros sacaram - já descontados os depósitos - R$ 24,1 bilhões desse investimento, superando o volume de retiradas de igual trimestre do ano passado, que tinha sido o pior da história (R$ 23,2 bilhões). Os saques em março superaram os depósitos em R$ 5,380 bilhões.
Após a debandada recorde de R$ 12,0 bilhões da poupança em janeiro, a quantidade de recursos que os investidores sacaram da caderneta em fevereiro, já descontadas as aplicações, ficou em R$ 6,6 bilhões. Agora em março, o resultado ficou negativo em R$ 5,4 bilhões. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira, 6, pelo Banco Central.
As retiradas no início deste ano foram retomadas após uma "pausa" vista em dezembro, quando o investimento costuma ganhar um impulso por causa do pagamento do 13º salário (no último mês de 2015, as aplicações foram maiores do que os saques em
R$ 4,790 bilhões). Com exceção deste mês, desde janeiro do ano passado, houve retirada líquida da poupança em todos os meses do ano.
De acordo com o BC, o total de aplicações no mês passado foi de R$ 164,4 bilhões, e o de saques, de R$ 169,8 bilhões. O Brasil possui hoje R$ 644,6 bilhões nesse investimento, já considerando os rendimentos de R$ 3,9 bilhões de março. Com os rendimentos inferiores às retiradas, mais uma vez, o patrimônio da caderneta recuou.
A sangria da poupança no mês passado só não foi pior porque, nos últimos dias úteis de março, ingressaram R$ 5,5 bilhões na caderneta, um valor maior do que o resultado negativo do período. Até o dia 30, a conta estava negativa em R$ 9,608 bilhões. Isso ocorre com o sazonal aumento dos depósitos na caderneta no último dia útil por causa de aplicações automáticas da conta-corrente que alguns investidores já deixam programadas para ocorrer.
A contínua e acentuada deterioração da caderneta, apontam especialistas, se dá por conta da recessão econômica, que gera aumento do desemprego e desorganiza as finanças das famílias. Isso acontece ao mesmo tempo que a inflação segue em nível elevado no País, o que corrói o poder de compra da população.
Além disso, a evasão da poupança também é explicada pelo fato de outros tipos de investimento, como papéis do Tesouro Direto, atrelados à variação do dólar e da taxa básica de juros, Selic, proporcionarem um maior rendimento do que a caderneta. A remuneração da poupança é formada por uma taxa fixa de 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR) - esse cálculo vale para quando a taxa básica de juros (Selic) está acima de 8,5% ao ano. Atualmente está em 14,25% ao ano.
O diretor executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade, Miguel José Ribeiro de Oliveira, está pessimista sobre a possibilidade da melhora da caderneta. Para ele, como devem permanecer o quadro de inflação e juros altos, queda da renda e desemprego, além da Selic elevada que reduz a rentabilidade da poupança frente a fundos de investimento, o movimento de redução dos depósitos deve se acentuar.

BC teve prejuízo de R$ 144 bilhões com administração das reservas

Com a queda de 10,09% do dólar em março, o Banco Central teve prejuízo de R$ 144,1 bilhões com a administração das reservas internacionais, um tipo de seguro que o País possui para ser usado em momentos agudos de crise. O volume é o maior para um mês desde o início do ano passado, quando a instituição passou a divulgar semanalmente esses resultados.
Alvo de críticas, pelo seu tamanho e também por se tratar de um dinheiro que "fica parado", as reservas são formadas por moedas estrangeiras, títulos públicos de outros países e também por ouro, entre outras aplicações. Nesta quarta-feira, o BC informou que esse colchão de recursos chegou a
US$ 374,970 bilhões.
Ao mesmo tempo, a baixa da moeda americana levou o BC a ter um lucro recorde com as operações de swap cambial, um instrumento derivativo de mercado financeiro, que serve para proteger agentes financeiros de vaivém extremo das cotações, segundo a autarquia. Em março, o ganho foi de R$ 42,7 bilhões, o que ameniza as perdas de rentabilidade das reservas.
O maior volume obtido pelo BC em um mês desde que passou a usar a ferramenta, em 2002, tinha sido em abril do ano passado (R$ 31,829 bilhões), imediatamente após a instituição encerrar a chamada "ração diária", um programa de oferta de dólares que começou em 2013 justamente para tentar proteger os agentes econômicos.
O swap é um contrato negociado em reais, mas que tem como referência a variação do dólar e das taxas de juros em determinado período. De forma genérica, o BC ganha quando o real sobe ante o dólar, porque a operação equivale à venda da moeda no mercado futuro. Em abril do ano passado, o BC, que possui US$ 102 bilhões de estoques de swap, tentou diminuir sua posição com o encerramento da "ração diária". A iniciativa, no entanto, gerou volatilidade extra ao mercado, e a instituição recuou.
O BC também informou hoje que o fluxo cambial, que é o volume de recursos que entram e saem do País por meio de transações comerciais e financeiras, voltou a ficar negativo em março. No mês passado, saíram do Brasil US$ 2,5 bilhões, ante evasão de US$ 9,3 bilhões vista em fevereiro. No ano, o fluxo segue negativo em US$ 10 bilhões. Em igual período de 2015, no entanto, o resultado estava positivo em US$ 5,1 bilhões. No primeiro trimestre deste ano, a principal porta de saída foi o segmento financeiro, que registrou um resultado negativo de US$ 17,3 bilhões.