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Desenvolvimento

- Publicada em 06 de Abril de 2016 às 22:24

Governo lança programa Brasil Mais Produtivo para a indústria

Depois de amargar, no ano passado, a maior queda de sua história, a indústria brasileira, que desacelerou 6,2% em 2015, se volta para a produtividade como caminho para amenizar o impacto da retração econômica, contando com o apoio do governo federal. Lançado na tarde de ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Economia e Comércio (Mdic), o programa federal Brasil Mais Produtivo promete auxiliar pequenas e médias empresas a experimentarem o tão sonhado ganho de produtividade.
Depois de amargar, no ano passado, a maior queda de sua história, a indústria brasileira, que desacelerou 6,2% em 2015, se volta para a produtividade como caminho para amenizar o impacto da retração econômica, contando com o apoio do governo federal. Lançado na tarde de ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Economia e Comércio (Mdic), o programa federal Brasil Mais Produtivo promete auxiliar pequenas e médias empresas a experimentarem o tão sonhado ganho de produtividade.
Recorrendo a mecanismos que, frequentemente, estão restritos às grandes indústrias, a proposta democratiza o acesso às técnicas mais avançadas usadas no setor em todo o mundo, explica o diretor-geral do Senai, Rafael Lucchesi. Desenvolvido a partir de propostas elaboradas pela CNI, o programa foi colocado em prática pelo Senai, que testou o processo em 18 empresas de quatro estados (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Ceará).
A instituição consolidou um modelo de baixo custo para implantação da chamada manufatura enxuta (lean manufacturing), processo de produção que vem se aprimorando desde 1980, quando a Toyota adotou práticas de redução de desperdícios nos processos fabris como forma de competir com montadoras americanas, consagrando o método como toyotismo. O processo ataca os principais problemas encontrados nas indústrias, sobretudo as de menor porte, como excesso de estoque, retrabalho, desorganização de materiais e ausência de padronização.
"Há uma racionalização do chão de fábrica, e com isso conseguimos aumentar a capacidade produtiva, racionalizando todo o processo", explica Lucchesi. Nas empresas em que o processo foi adotado, os resultados demonstraram não só ganho de produtividade como redução de custos. Agora, o governo federal quer estender esses benefícios a um número maior de pequenas e médias indústrias, que já podem se candidatar para ingressar no programa por meio de inscrição no site www.brasilmaisprodutivo.org.br.
Serão 3 mil empresas atendidas até 2017. Estão aptas a participar indústrias que tenham entre 11 e 200 empregados. Inicialmente, a seleção dará preferência a organizações que estejam inseridas em Arranjos Produtivos Locais (APLs) e que atuem nos setores com maior demanda, como metalmecânico, vestuário, calçados, moveleiro, alimentos e bebidas.
O custo do programa por empresa será de R$ 18 mil, sendo R$ 15 mil subsidiados pelo programa. O restante (contrapartida do empresário) poderá ser financiado pelo cartão Bndes. A primeira fase, que vai de abril a maio deste ano, terá orçamento de R$ 50 milhões, que será divido entre Mdic e Senai.
Lucchesi explica que o processo de intervenção nas empresas é rápido, contemplando 120 horas. Ao término desse período, as indústrias participantes terão acesso às ferramentas de mensuração de resultados. "O empresário só vai pagar os R$ 3 mil de investimento da parte dele se obtiver os benefícios", frisa.
São parceiros e apoiadores do programa a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), o Sebrae e o Bndes.
Entre as organizações que participaram do projeto piloto, as vantagens são nítidas. Instalada em São Sebastião do Caí (a 65 Km da Capital), a Delta Frio seguiu as orientações dos consultores do programa e criou uma linha de montagem, eliminando estoques excessivos e reorganizando o processo produtivo. Com isso, a capacidade de produção diária cresceu 21%. De acordo com a análise de resultados, se for somado o aumento de faturamento à redução de custo, o retorno para a empresa é 108 vezes maior que o valor do investimento.
Para elaborar o modelo que está sendo utilizado pelo programa, a CNI e o Senai se espelharam nas melhores práticas adotadas no mundo. As principais referências, exemplifica Lucchesi, vêm, majoritariamente, da Alemanha, seguida dos Estados Unidos.

Armando Monteiro admite que a crise é limitador para o alcance da iniciativa

Ministro critica sistema tributário

Ministro critica sistema tributário


MARCELO CAMARGO/ABR/JC
Ao anunciar o programa Brasil Mais Produtivo, o ministro do Desenvolvimento e Comércio Exterior, Armando Monteiro, admitiu que o seu alcance é limitado, diante da situação "extraordinariamente difícil" por que passa o País e do sistema tributário "disfuncional".
Segundo ele, embora haja espaço para melhorar a competitividade da indústria nacional, há muito o que fazer "fora da porta da fábrica". Ele destacou que a medida mais importante adotada até agora do ponto de vista de política industrial foi o realinhamento do câmbio, que está favorecendo os exportadores. Monteiro avalia que o saldo da balança comercial poderá ficar entre US$ 40 bilhões e US$ 50 bilhões, mas ainda mantém a projeção de US$ 35 bilhões em 2016.
"O realinhamento do câmbio foi a medida de política industrial mais importante. O câmbio é um preço fundamental, e grande parte da perda da indústria é decorrente do período de apreciação cambial que erodiu completamente a competitividade da indústria brasileira", disse o ministro.
Ele destacou, porém, que o programa é uma medida de baixo custo e que pode trazer efeitos positivos rapidamente.