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- Publicada em 11 de Abril de 2016 às 13:34

Misteriosa luz amarela, uma estreia madura


DIVULGAÇÃO/JC
Trustália - uma quase distopia (Chiado Editora, 258 páginas), do compositor, pesquisador e músico (com mais de 110 canções gravadas) Magno Mello, é seu romance de estreia - ele recebeu o Prêmio Interações Estéticas (Ministério da Cultura - Funarte), por seu trabalho de Poética Musical - estudo inédito no Brasil sobre os elementos e ferramentas que estruturam uma letra de música. Há oito anos, Mello ministra cursos, workshops e palestras pelo Brasil. Segundo o consagrado jornalista e crítico musical gaúcho Juarez Fonseca, "Magno Mello, sem dúvida, afirma-se como um dos melhores novos letristas brasileiros".
Trustália - uma quase distopia (Chiado Editora, 258 páginas), do compositor, pesquisador e músico (com mais de 110 canções gravadas) Magno Mello, é seu romance de estreia - ele recebeu o Prêmio Interações Estéticas (Ministério da Cultura - Funarte), por seu trabalho de Poética Musical - estudo inédito no Brasil sobre os elementos e ferramentas que estruturam uma letra de música. Há oito anos, Mello ministra cursos, workshops e palestras pelo Brasil. Segundo o consagrado jornalista e crítico musical gaúcho Juarez Fonseca, "Magno Mello, sem dúvida, afirma-se como um dos melhores novos letristas brasileiros".
O romance Trustália se inicia quando a população de um pequeno povoado vê seu destino profundamente alterado após o aparecimento de uma misteriosa luz amarela. Simplesmente os habitantes passam a ouvir os pensamentos alheios. A partir desta ideia aparentemente simples, o escritor imprime uma desconstrução progressiva dos caracteres dos personagens, gerando, com isso, reflexões acerca das estratégias e hipocrisias presentes nas relações cotidianas. A não fixidez das personalidades humanas fica absolutamente escancarada.
O aparecimento da luz, que durou segundos, permanece sem explicação. Não há viés religioso ou filosófico. Simplesmente a luz leva conflitos psíquicos às pessoas da pequena comunidade. Episódios pitorescos, românticos, violentos, dramáticos, tragicômicos e eróticos são descritos e a perspectiva puramente imagética é, também, explorada. Detalhes mínimos mostram muito.
A linguagem simples, objetiva, mesmo com alguns refinamentos, faz com que as tramas e o grande número de personagens sejam bem apresentados ao leitor. A relativização da maldade, a não expectativa, a ausência de valores e mesmo a falta de sentidos aparecem bem na história, apesar da mesma passar-se em um pequeno povoado.
Um trecho: "Não havia mais caminho de volta, o mundo estava por um fio. A não ser que partissem de lá. Mas algo não deixava: uma espécie de anjo exterminador que construíra uma redoma invisível, à provade fuga. Seria outra manifestação do fenômeno? Ou eram as mentes tornadas viciadas, que agora estavam, presas umas às outras, naquela rede sinistra de comunicação absoluta?".
Como se pode ver, trata-se de uma estreia madura, de um texto bem trabalhado, que equilibra forma e conteúdo, que mostra um cenário em que nada pode ser escondido ou disfarçado. Como está dito na apresentação, o romance é uma metáfora sobre nossa era de comunicação e informação plenas, que vem colocado abaixo valores, comportamentos e sentidos que vinham sendo seguidos há séculos. E nada de utopias à vista.

Lançamentos


DIVULGAÇÃO/JC
Bíblia Sagrada - Elas falam de Deus (Sociedade Bíblica do Brasil, 1.588 páginas) mostra o texto bíblico ao lado da reflexão das mulheres sobre a ação e o cuidado de Deus na vida delas. O coração feminino mostra anseios, dúvidas, alegrias, decepção e pecado, bem como o perdão. Coração de mulher, criatura de Deus, chamada para ser filha dele pela fé em Jesus Cristo.
Da literatura ao palco - Dramaturgia de textos narrativos (É Realizações, 160 páginas), do premiadíssimo dramaturgo e diretor de teatro espanhol José Sanchis Sinisterra, trata do desafio de enfrentar textos que originalmente não foram criados para o palco, mas que são interessantes para serem transformados em peças teatrais.
Demonstração e interpretação (WMF Martins Fontes, 72 páginas), de Tiago Tranjan, professor de filosofia da Unifesp e ex-professor da Unicamp, explora a tentativa de entender e exprimir o mundo. Nossos argumentos só são válidos porque os interpretamos como válidos. Aristóteles, Tomás de Aquino, Ockham, Frege e Wittgenstein, autores clássicos, são estudados.

Bibliomania, bibliófilos

Bibliomania (Ateliê Editorial, 232 páginas, R$ 50,00) traz, em uma simpática e colorida caixinha 12x16cm dois livrinhos costurados, de 116 páginas cada, nos quais os autores Marisa Midori e Lincoln Secco, professores da USP, apresentam pequenos textos com homenagens, impressões, histórias, memórias e ensaios sobre o infinito mundo dos livros.
Quem gosta, ao menos um pouco, de livros, não pode deixar de ler. Os textos foram publicados originalmente para a revista Brasileiros, na coluna Bibliomania, que deu nome às duas obras de Marisa e Lincoln. Escrever sobre livros é tarefa infinita e os temas se multiplicam. Dentre as histórias sedutoras a respeito de literatura e autores, já de início, merece destaque a da página 29 do volume de Lincoln, intitulada A crise do livro. O final do texto: "O e-book é uma benção, pois vai diminuir o custo ecológico do livro, salvando árvores que eram consumidas por livros de consumo rápido e frenético. Afinal, na rede (virtual) tudo se faz com rapidez. Na rede (real) tudo se faz com prazer".
Os autores defendem a permanência do livro impresso, ainda que junto com os livros digitais. No volume de Marisa, página 51, há um texto interessante sobre livros raros, leilões, falsários e sobre um conto de Gustave Flaubert sobre o tema. Ouro de tolo é o título do artigo, mostrando que nem tudo que reluz é ouro e indicando o livro Bibliófilo aprendiz, clássico de Rubens Borba de Moraes, para quem quer aprender a comprar em livrarias especializadas e adquirir raridades. Rubens explica que o dinheiro não é tudo. As vezes o faro é mais importante.
Falsas dedicatórias, tipos de livros, livros perigosos, Lenin-bibliófilo, Marx-bibliófilo, As armas e os livros, A fogueira de livros, O livro, a feira e a festa e Os inimigos do livro são alguns dos títulos dos textos, que relacionam livros com pessoas, locais, épocas e com outros livros. Como a gente sabe, o mundo do livro é infinito.
Sobre a maldição da letra impressa, está lá, no livro de Marisa, página 45: "A consciência de que a letra impressa tira do autor a autoridade sobre o escrito moveu teóricos e profissionais do livro por longos séculos. Tem significados profundos, até nossos dias. O debate em torno do direito autoral diante das novas tecnologias de difusão do texto, não necessariamente impresso, mas eletrônico, está na ordem do dia. Mario de Andrade escreveu: É natural isso da gente cair num abatimento desiludido cada vez que publica um livro, eu sempre fico desolado quando enfim uma obra minha se converte a essa realidade brutal e castigadora de letra-de-forma."
Sobre manuscritos perdidos, há interessante história envolvendo Celso Furtado e o clássico Formação Econômica do Brasil no livro de Lincoln, página 45. Também há ótimos relatos na página 49 e seguintes.

A propósito...

Pois é, ter um livro nas mãos é tipo estar sozinho e bem-acompanhado, é ter um jardim no bolso. Com o Kindle, leitor eletrônico, então, dá para levar no bolso a Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos. Livro impresso, e-book, outras formas, não importa. O livro segue como objeto de design insuperável e uma das maiores invenções da humanidade. Permanece como território livre e infinito. Livro é ótimo. Livros sobre livros sempre têm charme, algo a mais. É o caso destes dois, Lincoln e Marisa, que, acima de tudo, passam seu amor de bibliófilos aos outros milhões de bibliófilos.