Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

- Publicada em 18 de Abril de 2016 às 22:40

Temer Lulia poderá ser 22º advogado a presidir o País

{'nm_midia_inter_thumb1':'http://jornaldocomercio.com/_midias/jpg/2016/04/18/206x137/1_ev_0740-477059.jpg', 'id_midia_tipo':'2', 'id_tetag_galer':'', 'id_midia':'571544a2ed2d8', 'cd_midia':477059, 'ds_midia_link': 'http://jornaldocomercio.com/_midias/jpg/2016/04/18/ev_0740-477059.jpg', 'ds_midia': ' Charge Vital  ', 'ds_midia_credi': 'REPRODUÇÃO/JC', 'ds_midia_titlo': ' Charge Vital  ', 'cd_tetag': '1', 'cd_midia_w': '800', 'cd_midia_h': '576', 'align': 'Left'}
Após 26 anos governado por engenheiros, sociólogos, metalúrgicos e economistas, o Brasil pode restabelecer a hegemonia dos advogados. Caso Dilma Rosseff (PT) seja deposta e seu vice, Michel Miguel Elias Temer Lulia (PMDB), assuma o posto, com a instauração do processo de impeachment pelo Senado, Temer será o 22º presidente formado em Direito, do total de 41. Não é à toa: nosso país ganhou o apelido de a "República dos Bacharéis" no início do século XX.
O ainda atual vice não gosta de ser nominado como Miguel Elias Temer, nem como Michel Temer Lulia - uma letra "i" apenas diferenciando-o de Lula, seu grande adversário atual.
Filho de Miguel Elias Temer Lulia e March Barbar Lulia, ele é o mais jovem de oito irmãos. Sua família, cristã, emigrou de Betabura, no norte do Líbano, em 1925. Ao contrário de ex-presidentes que se formaram em Direito, mas não trabalharam na área - como José Sarney e João Goulart - Temer Lulia possui vasta experiência no ramo. Ele foi advogado e procurador do estado de São Paulo, concursado, por mais de 20 anos, antes de ingressar na política.
Nascido em 23 de setembro de 1940, em Tietê (SP), Temer Lulia seguiu o rumo de quatro de seus sete irmãos e formou-se em 1964 na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Embora tenha se envolvido com a política estudantil, não lutou contra o golpe militar, nem o apoiou. Nos anos 1980, ele era procurador do Estado, e o governador Franco Montoro convidou-o para assumir a Secretaria de Segurança. "Não entendo nada de segurança nem sei onde fica a secretaria", respondeu.
Montoro disse que não precisava de um secretário que entendesse de segurança, mas de um homem que apaziguasse as polícias civil e militar. Temer assumiu, conversou com um, conversou com outro e acalmou a todos. Depois disso, Montoro passou a chamar Temer sempre que estourava um conflito. Os sem-teto invadiram um prédio? Chama o Temer. Os estudantes tomaram a faculdade? Um trabalho para o Temer. Quando deu por si, estava eleito deputado, acumulando mandatos de 1987 a 2010. Encerrava-se uma bem-sucedida carreira de professor de Direito e advogado constitucionalista.
Só agora com a maior notoriedade que o político ganhou, os biógrafos e pesquisadores deram-se conta da efetivamente existência do último sobrenome Lulia - que Michel Miguel Elias Temer Lulia, 75 de idade, prefere não usar.

Solidariedade ausente

Ainda não se viu nenhum grande gesto de solidariedade com o zelador José Afonso, do Condomínio Solaris, demitido após testemunhar o vai e vem de Lula, Marisa e empreiteiros no mais famoso tríplex de Guarujá.
Por enquanto apareceu apenas um advogado lembrando a possibilidade de uma ação por dano moral contra o condomínio.
Mesmo que o trabalhador não tenha sido demitido por justa causa e que tenha recebido inteiramente todas as parcelas rescisórias.

O Brasil é um país onde...

Tim Maia disse várias vezes que o "Brasil é um país onde putas gozam, cafetões têm ciúmes, traficantes cheiram e pobres são de direita".
Na semana passada, em um dos seus potins sobre a crise política brasileira, um comentarista do jornal The New York Times incorporou: "No domingo, uma pessoa que não rouba será julgada, entre outros, por alguns ladrões".

Cacoetes

A massiva exposição do Supremo Tribunal Federal (STF) na tevê, nos últimos dias, chamou a atenção para detalhes miúdos, que se entremearam com discursos empolados de juridiquês de alguns ministros: o grande número de vezes em que Lewandowski aperta uma das mãos no queixo; o rola-rola que Gilmar Mendes faz com sua aliança durante suas falas; os movimentos rítmicos das mãos de Luís Roberto Barroso. Sem esquecer da rara e rica competição de beleza, cores e qualidade das gravatas dos ministros.

Coisas do 'baixo clero'

Quem se lembra do Show da Xuxa, nos anos 1980, deve lembrar que a apresentadora perguntava aos seus baixinhos para quem eles queriam mandar beijos. Nove entre dez das crianças diziam: "Para minha mãe, para meu pai e para você".
Durante as quatro horas e meia de votação, os brasileiros escutaram no domingo uma versão atualizada daquelas antigas manhãs na tevê. Houve políticos que evocaram e mandaram beijos para a esposa Mariana, as filhas Marianinha, Heloísa e Camila; os netos Antonio e João; a neta Olímpia que está por nascer; a tia Alzamir, com 93 de idade. E mais dezenas de nomes que não foi possível anotar.
A questão dos motivos para o impeachment de Dilma ficou, muitas vezes, em segundo plano.
Foi então que pontificou o bom humor de Chico Lopes (PCdoB-CE) que, antes de proferir o seu "não", alfinetou: "Pensei que tinha vindo para um encontro político. Mas é o encontro dos bons maridos, dos bons pais, aqui não tem ninguém desonesto".

Verdade

Antes da votação, ainda na hora dos derradeiros discursos, o deputado Silvio Costa (PTdoB-PE), alfinetou com uma verdade.
Ele disparou que "tem muito deputado, nesta Câmara, temendo uma delação premiada do Eduardo Cunha (PMDB-RJ)".

Pérolas da sessão da Câmara no domingo

"Dilma, você está sentindo o que 10 milhões de brasileiros passaram quando foram demitidos. Você também está perdendo o seu emprego. Tchau, querida." (Cabo Sabino - PR-CE).
"Linda! Linda! Gostosa!" (Deputados federais gritando logo após o voto de Mariana Carvalho - PSDB-RO).
"Cunha, você é um gangster! O que dá sustentação à sua cadeira cheira a enxofre! Por Prestes, Olga Benário e Zumbi dos Palmares, eu voto não". (Glauber Braga - P-Sol-RJ).
"Pelo suor dos fumicultores. Feliz aniversário, Ana, minha neta". (Sérgio Moraes - PTB-RS).
"Pelo fim da vagabundização, eu voto sim!". (Alceu Moreira - PMDB-RS).
Voto sim, pelos meus filhos Rogério e Eder, que junto com a minha esposa e eu formamos a família do Brasil. A família que tanto querem destruir com propostas para que crianças troquem de sexo e aprendam sobre sexo nas escolas, com seis anos de idade". (Eder Mauro - PSD-PA).

A propósito

O cientista político Renato Lessa disse ao jornal O Globo, de ontem, ter ficado horrorizado com a votação na Câmara dos Deputados.
- Se a maioria dos deputados dissesse apenas "sim", eu, contrariado, aceitaria. Mas fiquei abismado com as declarações de votos. Não foram posicionamentos políticos, mas assuntos privados: a homenagem a netos, filhos, esposas, cidade natal, Deus - um horror.
Ah! Teve ainda a homenagem que Jair Bolsonaro (PSC-RJ) fez ao torturador Ustra.