Ricardo Gruner
Experimental, musical e híbrido: começa hoje o Ovo Festival Sonoro, que inclui workshops, apresentações, residência artística transmitida on-line e outras incursões. A programação acontece até o dia 15 de maio, com atividades na Sala II do Salão de Atos da Ufrgs (Paulo Gama, 110), na Galeria La Photo (Travessa da Paz, 44) e com acompanhamento pelo site
ovofestivalsonoro.com.
Idealizado pela musicista Carina Levitan e pelas produtoras Sofia Ferreira e Francine Mello, o evento é dividido em duas fases. A primeira busca proporcionar uma imersão no universo das artes sonoras. Para isso, foi escalado o inglês David Toop, integrante da The Flying Lizards, banda experimental dos anos 1970, e também professor da London College of Communication e escritor de livros sobre audição e som. O britânico faz a abertura do evento e comanda um workshop com a performer japonesa Rie Nakajima. "Pensamos em estratégias para introduzir esse tema, que supostamente é de um nicho bem reduzido", explica Sofia.
Segundo Carina, que estuda as artes sonoras há cerca de 15 anos, o termo é relativamente novo. "Surgiu pela quantidade de artistas que começaram a trabalhar com som de formas diferentes. John Cage foi um dos primeiros a considerar que o ambiente também pudesse ser música, ele abriu algumas ideias", exemplifica. "E começou a se perceber que existia uma unidade nisso: artistas trabalhando com soundscape, construção de instrumentos, instalação sonora, performance em galerias de artes..."
Já a segunda metade do programa tem um aspecto mais prático. Além de incluir a apresentação dos participantes do workshop, o cronograma inclui uma residência artística com seis nomes: Carina Sehn; Leonardo Remor; Lucas Alberto Santos; Luciana Bass; Rodrigo Fernandez e Sissi Betina Venturin. As experiências dos selecionados vão desde a utilização de softwares de biologia para criação de música até pesquisa sobre a musicalidade do corpo.
O grupo terá condução do ator e poeta inglês Ollie Evans e pensará em trabalhos especificamente para o festival. A partir da transmissão pelo site do festival, a ideia é que os espectadores sejam, indiretamente, agentes de influência na criação desse material. "A esfera que propomos, muito alinhada a algumas premissas da arte contemporânea, é que o processo é também produto. E queremos aproximar o público", explica Sofia.
No último dia de atividades, está agendada uma compilação com parte dos integrantes do festival, na Galeria La Photo. A partir das 15h, os artistas residentes mostram o que desenvolveram, e Ollie Evans e Medula Experimentos Sonoros, grupo de pesquisa da Ufrgs, também se apresentam.
No fechamento, a própria Carina é outra atração: ela comanda, junto ao inglês Graham Mackeachan, o show Lote 3. Cada um em sua cidade, os dois se conectam pela internet para encontros e desencontros sonoros - e com projeção na Hundred Years Gallery, em Londres. "É uma galeria superativa na cena da música de improvisação, então vai ser uma costura legal", afirma ela, crente que o experimentalismo no som vem ganhando mais interessados.