Caroline da Silva
Gravado via financiamento coletivo, o novo disco de Wander Wildner traz canções escolhidas pelos fãs com arranjos inéditos. Wanclub - Música para dançar - Volume 59 (Deck, R$ 30,00) tem show de lançamento nesta quarta-feira, no Opinião (José do Patrocínio, 834), às 21h, com ingressos de R$ 25,00 a R$ 60,00 - antecipados nas lojas Youcom e Multisom.
Na apresentação, ele interpretará as 20 músicas gravadas (14 no disco físico e seis no virtual) e estará acompanhado dos Comancheros Jimi Joe (guitarra e violão), Arthur de Faria (gaita, teclado e glockenspiel), Luke Faro (bateria), Gustavo Chaise (baixo) e Ândrio Maquenzi (guitarra), ainda com a participação especial de Julio Rizzo (trombone), Sandro Nunes (backin vocal), Mauricio Chaise (guitarra), Nenung (vocal) e André Vicente da Silva (harmônio). Flu estará colocando som e transmitindo ao vivo do local a partir das 19h30min com a Rádio Barril (
www.radiobarril.com.br).
Wander se reuniu com o grupo em estúdio em dezembro de 2015 para gravar o repertório com as músicas mais pedidas pela plataforma do crowdfunding. São temas de toda a carreira, incluindo da época em que era vocalista na banda Os Replicantes. "Existiam dois seres diferentes: o que eu queria ser e o que as pessoas queriam ver. Este disco liga os dois! É uma homenagem às próprias músicas e aos fãs", explica o cantor, que pensou, desde o início, em apresentar Wanclub em forma de baile, querendo fazer o público dançar.
Desck/Divulgação/JC
Novo álbum do artista foi produzido por meio de financiamento coletivo
Sua faceta de intérprete foi destacada pelo mesmo em entrevista coletiva na semana passada, um dia antes de estrear em Santa Maria o sarau vendido como uma das formas de recompensa no financiamento coletivo: "Venho do teatro, do cinema. Nos Replicantes, também era um intérprete. Subo no palco para contar uma história!".
Figura caricata da cena porto-alegrense e nacional, ele é, mesmo, um eterno mutante. "Eu sou um Wildner, um nômade, sem ponto fixo." O artista se reinventa a cada trabalho, transformando estilo, postura, figurinos, perfil das composições e tudo mais que houver para mudar. Prova disso é este álbum. O mais universal dos roqueiros gaúchos e um dos músicos independentes brasileiros que melhor compreendeu como se mover nos novos tempos concedeu às canções de sempre, escolhidas pelos fãs, um caráter de ineditismo. "Elas têm arranjos minuciosos. Nesse tempo, aprendi mais música!" A ousadia é uma de suas características marcantes, tanto quanto a crença no punk rock como música e como filosofia de vida. Assim, Astronauta abre os trabalhos. Foi lançada em 1987, em Histórias de Sexo & Violência, segundo álbum dos Replicantes.
Depois de reverenciar o passado de crooner de banda, emenda uma trilogia emblemática de sua carreira solo, mais ligada ao punk brega, com Eu tenho uma camiseta escrita eu te amo, Bebendo vinho e Eu não consigo ser alegre o tempo inteiro. A quarta faixa é Um lugar do caralho, de Júpiter Maçã, regravada por Wander em Baladas sangrentas (1996), seu álbum de estreia solo. A letra traz "cerveja artesanal" no lugar de "cerveja barata". Ela é seguida por Surfista calhorda - de Carlos Gerbase e Heron Heinz. Na sequência, outra dupla de hits: Mantra das possibilidades, de Eu sou feio mas sou bonito! (2001), e Rodando el mundo, de Paraquedas do coração (2004), produzida pelo comanchero Arthur de Faria.
A segunda trilogia da obra se inicia com Sandina, escrita pelo velho parceiro Jimi Joe, que divide os vocais com Wander. Também produzida por Faria, Amigo punk, da Graforreia, foi gravada por Wander no CD La canción inesperada (2008). Outro som originalmente gravado pelos Replicantes, Hippie Punk Rajneesh fecha mais um bloco de Wanclub, que prossegue com duas releituras: Quase um alcoólatra, da banda gaúcha Chulé de Coturno, e Eu queria morar em Beverly Hills, da banda punk pernambucana Paulo Francis vai pro Céu, com um clima de reggae no refrão. Ambas foram registradas em seu segundo álbum de estúdio, Buenos dias! (1999). A positiva Boas notícias, de Camiñando e cantando (2010), fecha o disco no clima de festa. Os bônus track são a inédita Colonos em chamas; Empregada (um clássico do punk brega); Festa punk (do Replicantes), Jesus voltará! (do Sangue Sujo); Mares de cerveja e Um bom motivo.
Wander contou que voltou a compor há três anos, estando envolvido em muitas parcerias. Em breve, terá outras novidades para divulgar, entre elas - incrivelmente -, na área infantil.
O músico tem olhado muito para a nova geração - a qual chama de "filhos dos Los Hermanos, netos do Legião Urbana". Inclusive, foi a banda gaúcha Apanhador Só que o orientou no processo de financiamento coletivo. "Esses artistas novos têm outras ideias. Vi que precisava prestar atenção nisso para entendê-los." Mais um atestado de que Wander continua buscando referências para se reinventar.