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Indústria automotiva

- Publicada em 13 de Abril de 2016 às 21:37

Fábricas do País recorrem à ajuda das matrizes

GM poderá reavaliar plano de investimentos, alertou presidente mundial da montadora

GM poderá reavaliar plano de investimentos, alertou presidente mundial da montadora


JONATHAN HECKLER/JC
No primeiro bimestre, montadoras e autopeças do Brasil enviaram US$ 12 milhões para as matrizes em forma de lucros e dividendos. Por outro lado, receberam das matrizes US$ 619 milhões em investimentos diretos, segundo dados do Banco Central (BC). Com queda na produção e nas vendas e operando com menos de 40% da capacidade produtiva, a indústria de veículos local, que no passado ajudou a socorrer as companhias-mãe, agora dependem da ajuda externa.
No primeiro bimestre, montadoras e autopeças do Brasil enviaram US$ 12 milhões para as matrizes em forma de lucros e dividendos. Por outro lado, receberam das matrizes US$ 619 milhões em investimentos diretos, segundo dados do Banco Central (BC). Com queda na produção e nas vendas e operando com menos de 40% da capacidade produtiva, a indústria de veículos local, que no passado ajudou a socorrer as companhias-mãe, agora dependem da ajuda externa.
De 2006 a 2013, as remessas de lucros superaram os investimentos recebidos das matrizes, mas o quadro se inverteu nos últimos dois anos. Em 2014, foram enviados US$ 884 milhões para fora do País - 73% menos que em 2013. A injeção de capital somou US$ 2,9 bilhões, alta de 56% ante 2013. No ano passado, os percentuais foram parecidos, com remessa de US$ 271 milhões e entrada de US$ 4,5 bilhões.
Se forem somados os montantes enviados em 2015 como empréstimos intercompanhias, o valor sobe para US$ 10 bilhões. O investimento direto é injeção de capital feito pelas matrizes, e não há obrigação de devolver esse dinheiro. Já os empréstimos intercompanies precisam retornar em algum momento. A reversão entre o que entra e o que sai se mantém nos dois primeiros meses do ano, segundo o BC. Se acrescidos os empréstimos feitos no período, o valor recebido das matrizes sobe para US$ 1 bilhão.
"Estamos há três anos operando com prejuízos", afirma o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan. "É uma relação de acionista, que quando a situação da filial está bem, recebe parte do ganho, e quando está, mal precisa enviar apoio."
Moan afirma que, mesmo nos anos de remessas recordes, como em 2008 - período que coincide com a crise nos Estados Unidos, que quase levou algumas montadoras à falência - e em 2011, com remessas superiores a US$ 5 bilhões, os valores enviados nunca superaram o percentual de 4,5% do faturamento das empresas locais.
O executivo não sabe informar até onde vai o fôlego das matrizes em enviar socorro às filiais. "Precisamos de agilidade na solução das questões políticas do País para dar aos investidores um sinal de perspectiva de melhora do quadro econômico. Do contrário, pode haver decisões de redução ou postergação de investimentos."
Moan ressalta, contudo, que as matrizes sabem do potencial do mercado brasileiro e que, se deixar de investir, especialmente em novos produtos e tecnologias, a marca vai sofrer quando o País se recuperar. "Apesar de toda a queda, o Brasil ainda é o oitavo maior mercado do mundo e tem grande potencial, pois já foi o quarto maior", garante Moan, ressaltando que, até o momento, nenhuma fabricante desistiu de investimentos anunciados.
Em visita ao Brasil em fevereiro, contudo, o presidente mundial da General Motors, Dan Ammann, número dois no comando da companhia norte-americana, disse que, se a situação econômica e política não melhorar nos próximos seis a 12 meses, a empresa poderá reavaliar o plano de investimentos de R$ 6,5 bilhões anunciados para o País até 2019. Embora não comentem oficialmente, os executivos de outras montadoras admitem que também veem esse risco.
Marcelo Cioffi, sócio no Brasil da consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC), acredita que haverá tolerância por parte das grandes fabricantes mundiais, até porque a maioria delas fez investimentos recentes no País. "O Brasil é um mercado importante e acredita-se que a crise econômica, agravada pela crise política, pode ser passageira."
Cioffi lembra que, nos anos 2000, três marcas importantes deixaram de produzir automóveis no País - Audi, Land Rover e Mercedes-Benz - e agora estão de volta ao Brasil. "A competição no Brasil é forte, com número elevado de montadoras, o que faz com que o setor tenha sensibilidade grande."

Com vendas em queda, Kia suspende produção de caminhão

GM poderá reavaliar plano de investimentos, alertou presidente mundial da montadora

GM poderá reavaliar plano de investimentos, alertou presidente mundial da montadora


JONATHAN HECKLER/JC
Com as vendas de veículos em queda livre no País, a Kia Motors do Brasil suspendeu a produção do caminhão Bongo 2.500, no Uruguai. A empresa mantinha uma linha de montagem do modelo no país vizinho desde 2010 e, em seu pico, chegou a empregar 300 pessoas. "Paramos a produção até o mercado voltar. O estoque está alto, e a operação não se viabilizava", explicou o presidente da Kia, José Luiz Gandini.
A unidade do Uruguai tem capacidade para produzir 6.000 veículos por ano. Desde 2010, foram montados 20 mil modelos. Desses, 95% foram vendidos no Brasil. Com a paralisação da linha, os 170 funcionários, que ainda trabalhavam na fábrica, estão afastados e recebendo o seguro-desemprego, um programa semelhante ao PPE (Programa de Proteção ao Emprego) brasileiro.
No ano passado, segundo a Abeifa (Associação Brasileira dos Importadores e Fabricantes de Veículos Automotores), a importadora vendeu 15,93 mil unidades no País, dos quais 2.400 Bongos. Até março, a Kia comercializou 2,66 mil veículos. Para este ano, o executivo projeta vendas totais da ordem de 12 mil automóveis. Além da paralisação da linha de montagem no Uruguai, o Grupo Gandini decidiu suspender as importações dos modelos da chinesa Geely.
Segundo o executivo, assim como no caso do Bongo, os estoques dos veículos da marca estão altos. "Essa suspensão será por seis meses, no mínimo. Com o dólar nesse patamar, não há como vendermos os modelos a um preço competitivo no Brasil. A equação não fecha", afirmou Gandini. Até março, foram comercializados 181 carros da Geely no País.