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aviação

- Publicada em 13 de Abril de 2016 às 21:29

Companhias do País cedem pilotos para a Ásia

 Salários pagos pelas empresas internacionais são forte atrativo para tripulantes nacionais

Salários pagos pelas empresas internacionais são forte atrativo para tripulantes nacionais


JOÃO MATTOS/ARQUIVO/JC
O mês do comandante Luciano Mangoni, 52 anos, é fatiado em dois períodos. Na primeira parte ele descansa 10 dias em Porto Alegre ao lado da mulher e da filha, de 19 anos. Nos outros 20 dias sua base é Istambul (Turquia), de onde decola com um Boeing-777 da Turkish Airlines para destinos nos Estados Unidos, no Canadá, na China, no Japão e nas Filipinas. Há quase três anos é assim. Mangoni trocou o trabalho na TAM por uma licença não remunerada e foi pilotar em empresas estrangeiras. "Foi uma saída para um momento em que as coisas não estão boas no Brasil."
O mês do comandante Luciano Mangoni, 52 anos, é fatiado em dois períodos. Na primeira parte ele descansa 10 dias em Porto Alegre ao lado da mulher e da filha, de 19 anos. Nos outros 20 dias sua base é Istambul (Turquia), de onde decola com um Boeing-777 da Turkish Airlines para destinos nos Estados Unidos, no Canadá, na China, no Japão e nas Filipinas. Há quase três anos é assim. Mangoni trocou o trabalho na TAM por uma licença não remunerada e foi pilotar em empresas estrangeiras. "Foi uma saída para um momento em que as coisas não estão boas no Brasil."
A tendência agora está em alta. E as empresas nacionais incentivam. "Como o mercado encolheu, há pilotos sobrando no Brasil. No exterior é o contrário, faltam sobretudo pilotos experientes", diz José Adriano Castanho, presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas. "Vemos com bons olhos essa iniciativa. Com certeza evita demissões nessa crise."
A maior parte das empresas incentiva a licença, sem contato com as companhias de fora. A Azul formalizou uma parceria com a HNA, companhia chinesa que no fim de 2015 comprou 27,3% da brasileira. Segundo o presidente da companhia, Antonoaldo Neves, há 150 tripulantes, 30 deles pilotos, em licença não remunerada. Outros 100 estão inscritos para um programa específico com a HNA.
"Eu queria que fosse um programa de, no máximo, dois anos, mas os chineses querem três", diz ele. A ida de pilotos para a China vai representar um corte de custo de 2% para a Azul. Parece pouco, mas pode ser um respiro. A Azul vendeu recentemente 20 aviões e sua capacidade encolheu 7%. A renda do piloto é composta pelo salário fixo e uma remuneração por voo. Com menos voos, os pilotos perdem renda.
Segundo o presidente da Azul, um piloto da companhia voava cerca de 60 horas por mês, mas, com a queda na demanda, caiu a cerca de 55 horas por mês.Mesmo que não houvesse a queda na renda, ainda assim os chineses pagam mais. "Um piloto da Azul ganha um salário anual de US$ 60 mil, entre salários e benefícios. Já os pilotos que vão para a China receberão cerca de US$ 100 mil anuais", diz Neves.
O fato de a Azul ter uma universidade de pilotos ajudou na parceria com os chineses, segundo o presidente da companhia. Formar um piloto no exterior é caro. No Reino Unido, por exemplo, quem quer se tornar piloto de Boeing-747 ou Airbus-A320 precisa estar disposto a gastar cerca de £ 100 mil, o equivalente a mais de R$ 500 mil. A Boeing, fabricante americana de aeronaves, estima que até 2034 serão necessários 558 mil pilotos, o que representa 28 mil novas vagas por ano.
O Grupo Latam Airlines, não quis falar sobre o programa de licença não remunerada, mas admite que passa por aperto. Reduziu a oferta de voos no mercado doméstico brasileiro em 2,5% no ano passado, cortou rotas e diminuiu o número de voos para os EUA. A Gol argumentou que não podia falar sobre o assunto porque estava em período de silêncio que antecede à divulgação de resultados.
Mas dias depois, a companhia emitiu um comunicado sobre a ampliação do programa de licença não remunerada, iniciado em 2015. "Observando a atual conjuntura do mercado da aviação fora do País, identificamos diversas oportunidades de trabalho com contratos temporários que apresentam um tempo mínimo de contratação entre três e cinco anos."
Ao chegar à Turquia, o comandante Luciano Mangoni viu sua renda crescer 50% em comparação com o que ganhava na TAM. No dia 2 de março, chegou ao fim a licença de Mangoni e ele teve que decidir se retomava o emprego na TAM. "Resolvi continuar na empresa turca. Não quero mais voltar. Meu plano é me aposentar na Turquia", disse, antevendo um caminho sem volta.

Anac prorroga a consulta pública sobre transporte aéreo

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) prorrogou o prazo para receber contribuições sobre a proposta de revisão das Condições Gerais de Transporte Aéreo (CGTA).
A decisão a agência foi publicada no Diário Oficial da União. A consulta pública se encerraria às 18h do domingo, dia 10 de abril, mas teve seu prazo estendido para o dia 2 de maio, às 18h.
A prorrogação do prazo de contribuição se deu em virtude de solicitações encaminhadas por instituições que participaram da audiência pública presencial realizada em Brasília na segunda semana deste mês.
A proposta de norma visa consolidar os regulamentos relacionados ao tema, agregando em um único normativo todas as condições gerais de transporte e os direitos de assistência aos passageiros.
As propostas de mudanças nas Condições Gerais de Transporte Aéreo dividiram a opinião dos especialistas em direito do consumidor: alguns as viram como um retrocesso; outros, como benéficas para o consumidor.
Na semana passada, a Proteste Associação de Consumidores lançou uma petição on-line contra a proposta da Anac que prevê, entre outros pontos, mudanças nas regras que garantem assistência ao passageiro em caso de atraso ou cancelamento de voos.
O objetivo da Proteste é coletar adesões à campanha para pressionar a agência reguladora do setor aéreo a não revogar a Resolução nº 141, que assegura a assistência material (comunicação, alimentação e acomodação) como um direito do passageiro.
Os interessados em contribuir para aperfeiçoar a proposta de regulamento das CGTA devem encaminhar sugestão à gerência de regulação das relações de consumo, da Superintendência de Acompanhamento de Serviços Aéreos, por meio de formulário eletrônico próprio disponível no site da agência (www.anac.gov.br, em Participação Social, Audiências e Consultas Públicas).
Além do espaço para participação no site da Anac, o interessado também pode enviar sua contribuição por meio da audiência pública. A mais recente foi realizada na sexta-feira, dia 8 de abril, a partir das 9h, na Representação Regional da ANAC em São Paulo (SP).