Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Empresas & Negócios

- Publicada em 26 de Abril de 2016 às 15:05

Cultivando empreendedorismo

 Projeto estimula ex-catadores a buscarem novas fontes de renda por meio da qualificação

Projeto estimula ex-catadores a buscarem novas fontes de renda por meio da qualificação


JONATHAN HECKLER/JC
Maria Eugenia Bofill
Antes reciclador, Armando Pedroso agora possui uma tenda de doces. O plano é evoluir o carrinho de doces. "Quero deixar ele mais moderno, criar o 'Mercadinho do Armando', com uma maior variedade de coisas", conta. Lisandra de Oliveira Vargas, que já tem uma máquina de costura, quer comprar uma de melhor qualidade e abrir uma loja de lingeries. Hoje, é vendedora ambulante, coloca as sacolas uma em cada lado da bicicleta e sai a pedalar nas ruas da cidade. Ana Lorena Serafim, que ainda trabalha com reciclagem e realiza pequenas reformas em costura, deseja montar uma pastelaria no bairro Vila Nova. Estes são alguns sonhos encontrados na sala 104 do prédio Centenário da Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Ali, ex-catadores e ex-carrinheiros recebem aulas de empreendedorismo para, em breve, terem a oportunidade de transformar esses sonhos em realidade.
Antes reciclador, Armando Pedroso agora possui uma tenda de doces. O plano é evoluir o carrinho de doces. "Quero deixar ele mais moderno, criar o 'Mercadinho do Armando', com uma maior variedade de coisas", conta. Lisandra de Oliveira Vargas, que já tem uma máquina de costura, quer comprar uma de melhor qualidade e abrir uma loja de lingeries. Hoje, é vendedora ambulante, coloca as sacolas uma em cada lado da bicicleta e sai a pedalar nas ruas da cidade. Ana Lorena Serafim, que ainda trabalha com reciclagem e realiza pequenas reformas em costura, deseja montar uma pastelaria no bairro Vila Nova. Estes são alguns sonhos encontrados na sala 104 do prédio Centenário da Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Ali, ex-catadores e ex-carrinheiros recebem aulas de empreendedorismo para, em breve, terem a oportunidade de transformar esses sonhos em realidade.
A atividade faz parte do Semeia Sonho, uma iniciativa da Cooperativa Mãos Verdes em parceria com a Ufrgs e o programa da prefeitura Todos Somos Porto Alegre. O objetivo é incentivar o cunho empreendedor das pessoas que foram prejudicadas pela lei que proibiu a circulação de carroças nas ruas de Porto Alegre. O curso ocorre em três etapas: a primeira consiste em aulas teóricas e práticas (e terminou no dia 20 de abril). A partir de então, os alunos começam a preparar seus planos de negócios e entrar na terceira fase, quando é lançada uma captação de recursos para colocarem seus empreendimentos na rua.
O coordenador Alceu Terra Nascimento explica que o Semeia Sonho não tem como propósito formar empreendedores, mas sim trabalhar uma característica que eles já possuem. "O cunho empreendedor não se ensina, se desenvolve nas experiências de vida. Nas aulas, estamos reafirmando isso", ressalta. Semear os sonhos e colher resultados. Para Nascimento, esta é a essência do projeto, que tem como símbolo uma rede, que simboliza todas as pessoas e organizações que se uniram para auxiliar nos sonhos dos outros. "Queremos mostrar para eles que os sonhos são possíveis e se fortalecem, porque entram em uma teia de cooperação", salienta o coordenador. As aulas são ministradas por professores voluntários da Ufrgs e também por alunos da universidade, que fazem parte da Empresa Junior da Engenharia de Produção (EPR). No início do curso, cada participante recebeu uma apostila que foi desenvolvida em uma cadeira do curso de Engenharia de Produção. O material apresenta situações cotidianas que podem ser inseridas na realidade dos futuros empreendedores.
"Trabalhamos com exercícios para estimular a coragem e a atitude", explica Nascimento. A atividade "Vai lá e faz" é um exemplo. Os participantes, divididos em dois grupos, recebem R$ 30,00 e precisam fazer o dinheiro render por meio da criatividade. Também são abordados os riscos na hora de abrir um negócio e como se comportar diante dessas situações. Entre as nove cadeiras ocupadas na sala, uma delas é de Jair Santos Dutra, 51 anos, que ainda trabalha com reciclagem, "Esse curso não está me profissionalizando, mas dando um sonho de continuar trabalhando", ressalta. Ao final do treinamento, cada aluno criou um Canvas - uma ferramenta para desenvolver o modelo de como montar um negócio -, para então preparar o projeto. Cada um defende o plano para uma banca de professores e, a partir de então, são realizados encontros semanais para aprimorá-lo.
Pelos participantes, o curso é visto como uma troca e, além de tudo, uma grande oportunidade. "Eles estão apostando no nosso sonho. Foram pessoas que não nos conheciam, mas, mesmo assim, estão acreditando no nosso potencial. Se não der certo, nós não perdemos nada, podemos dizer que, pelo menos, tentamos", afirma Ana Lorena. Na metade deste mês, haverá o lançamento dos negócios e será iniciada a captação de recursos via crowdfunding - forma de financiamento coletivo on-line. O dinheiro arrecadado será dividido entre os participantes para colocarem em práticas seus negócios. A intenção é realizar uma segunda edição do Semeia Sonho no próximo semestre deste ano.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO