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Empresas & Negócios

- Publicada em 11 de Abril de 2016 às 15:18

Crise afeta segmento de fusões e aquisições

Entrevista com advogado Sillas Battastini Neves

Entrevista com advogado Sillas Battastini Neves


FREDY VIEIRA/JC
Jefferson Klein
O dito popular sustenta que cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém, entretanto o cuidado em excesso devido à crise econômica e política tem impactado as operações de fusões e aquisições no Brasil. O advogado Sillas Battastini Neves, sócio do escritório Zulmar Neves Advocacia (ZNA), destaca que a situação atual desperta o receio nos investidores estrangeiros. Contudo, o especialista em Direito Societário pela Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (Edesp/FGV) afirma que há oportunidades surgindo através de empresas que estão se desfazendo das suas operações.
O dito popular sustenta que cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém, entretanto o cuidado em excesso devido à crise econômica e política tem impactado as operações de fusões e aquisições no Brasil. O advogado Sillas Battastini Neves, sócio do escritório Zulmar Neves Advocacia (ZNA), destaca que a situação atual desperta o receio nos investidores estrangeiros. Contudo, o especialista em Direito Societário pela Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (Edesp/FGV) afirma que há oportunidades surgindo através de empresas que estão se desfazendo das suas operações.
JC Empresas & Negócios - Como está o mercado de fusões e aquisições neste momento de crise econômica e política?
Sillas Battastini Neves - Essa crise é muito ruim. Estamos (o escritório) com algumas operações em andamento e essa é a primeira coisa que aparece na mesa. Mas, ao mesmo tempo, o investidor estrangeiro que tem mais experiência enxerga que isso passará. Além disso, a Operação Lava Jato tem feito com que algumas empresas desfaçam-se de determinadas operações e isso acaba gerando uma oportunidade fenomenal para a entrada de estrangeiros.
Empresas & Negócios - Os investidores têm uma estimativa de quando acontecerá a virada desse cenário?
Neves - Eles não dão um prazo, mas veem que não acontecerá em 2016, nem em 2017 e 2018, com eleições., pode ser que comece a virada. Porém, é muito difícil saber. Amanhã, a Dilma (presidente) pode cair ou o Lula ser preso e tudo isso vai impactando.
Empresas & Negócios - Como foi a atividade de fusões e aquisições no ano passado?
Neves - Houve em torno de 700 a 750 operações relevantes de investimentos estrangeiros no Brasil, sem contar as ações domésticas. Essa movimentação concentrou-se, basicamente, no Sudeste, no Rio de Janeiro e São Paulo. O Rio Grande do Sul representou entre 5% a 7% do total.
Empresas & Negócios - Para este ano é possível esperar um desempenho semelhante?
Neves - É muito difícil prever tão cedo, mas tenho a impressão que será menor. Porque querendo ou não, a instabilidade política gera receio. Já ouvi de um grupo norte-americano que viraríamos uma Venezuela, mas acho uma posição extremista. Não creio que chegaremos nesse ponto, mas, ao ouvir isso de um investidor, eu acho que haverá uma redução.
Empresas & Negócios - Entre as maiores operações em 2015, quais o senhor destacaria?
Neves - Um dos destaques é a Coty Inc, que comprou a operação de cosméticos da Hypermarcas e a J&F que adquiriu a Alpargatas.
Empresas & Negócios - Quais são os setores que estão mais aquecidos para movimentações atualmente?
Neves - TI e Serviços são os segmentos que estão em alta. Em terceiro lugar colocaria Alimentação. Já na Educação, que teve uma explosão em 2013 e 2014, com várias fusões, aquisições e consolidação de mercado, a gente viu que parou um pouco, porque mudou o programa de financiamento do governo. O Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) alterou as regras. Em bens de consumo em geral e na construção civil também vimos redução.
Empresas & Negócios - Qual é a nacionalidade dos principais investidores que demonstram interesse em comprar empresas no Brasil?
Neves - Cerca de 95% das aquisições no Brasil são de grupos norte-americanos. Talvez isso se deva à familiaridade dos norte-americanos com o mercado brasileiro.
Empresas & Negócios - Como é o perfil das companhias estrangeiras que buscam adquirir outras empresas no País?
Neves - Geralmente, esses grupos já têm experiência internacional, até mesmo no Brasil, ruins ou boas. Mas, também há empresas que vêm se aventurar no País. Porém, normalmente quando isso acontece começa com uma Joint Venture, com um parceiro local. Quem é internacionalizado quer o controle, quem é menor vai com cuidado.
Empresas & Negócios - Existem regulamentações nacionais ou outros fatores que causem preocupação nos empreendedores estrangeiros?
Neves - Tem duas questões que para eles é muito complicado: relação trabalhista, porque a legislação brasileira é uma mãe, e a logística, com um País continental que não tem infraestrutura. Para eles são dois gargalos.
Empresas & Negócios - Como está o desempenho dos empreendedores brasileiros no segmento de fusões e aquisições?
Neves - O movimento de operações nacionais importantes está muito pequeno. O que acontece às vezes? Consolidação de setor. Pensamentos como: é interessante unirmos para dominar o mercado. Por exemplo, houve uma operação grande no ano passado envolvendo a Neobus e a Marcopolo, com uma troca de ações.
Empresas & Negócios - Qual a sua avaliação sobre o desempenho do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade)?
Neves - O Cade funciona bem. O caso da BRF, por exemplo, com a união da Sadia e Perdigão, como houve uma dominância de mercado, a empresa foi obrigada a se desfazer de operações. A regulamentação é necessária e hoje temos uma legislação no Brasil, em termos de defesa econômica, boa.
Empresas & Negócios - Quais são os possíveis erros que devem ser evitados no momento de uma aquisição?
Neves - Observamos que algumas transações são feitas de boca e depois a pessoa vai olhar a empresa. O problema é esse "depois vai olhar". Não se pode assinar o contrato e, posteriomente, ver o que foi comprado. Um erro que às vezes acontece é não dar a devida atenção aos riscos da operação. É muito importante ter uma assessoria jurídica e fiscal.
Empresas & Negócios - Falamos em fusões e aquisições, mas, na maioria das vezes, o que ocorre realmente são aquisições e não fusões, correto?
Neves - É o que acontece. É tradicional chamar o mercado de fusões e aquisições, mas na verdade fusões são poucas. Normalmente, uma empresa domina a outra. Fusão propriamente é as empresas deixarem de existir e criar uma nova. Operacionalmente, isso é surreal. No caso Itaú Unibanco, o Itaú incorporou o Unibanco.
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