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- Publicada em 16 de Março de 2016 às 18:51

Dilma diz que ex-presidente vai fortalecer governo e terá autonomia

 Brazilian President Dilma Rousseff speaks during a press conference at Planalto Palace in Brasilia on March 16, 2016.  Rousseff named her predecessor Luiz Inacio Lula da Silva as her chief of staff Wednesday, sparing him possible arrest for corruption as she seeks to fend off a damaging crisis. AFP PHOTO/EVARISTO SA

Brazilian President Dilma Rousseff speaks during a press conference at Planalto Palace in Brasilia on March 16, 2016. Rousseff named her predecessor Luiz Inacio Lula da Silva as her chief of staff Wednesday, sparing him possible arrest for corruption as she seeks to fend off a damaging crisis. AFP PHOTO/EVARISTO SA


EVARISTO SA/AFP/JC
A presidente Dilma Rousseff (PT) convocou entrevista, na tarde de ontem, para defender a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para integrar o seu governo, assumindo a Casa Civil, e disse que não se sente "nem um pouco desconfortável" com a presença dele no Palácio do Planalto. "A vinda de Lula fortalece o meu governo e tem gente que não o quer fortalecido", desabafou a presidente, ao dizer que ele "vai ser um grande ganho" para o seu governo, porque "Lula vem com capital político de hábil articulador". "O presidente Lula, no meu governo, terá os poderes necessários para me ajudar", afirmou.
A presidente Dilma Rousseff (PT) convocou entrevista, na tarde de ontem, para defender a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para integrar o seu governo, assumindo a Casa Civil, e disse que não se sente "nem um pouco desconfortável" com a presença dele no Palácio do Planalto. "A vinda de Lula fortalece o meu governo e tem gente que não o quer fortalecido", desabafou a presidente, ao dizer que ele "vai ser um grande ganho" para o seu governo, porque "Lula vem com capital político de hábil articulador". "O presidente Lula, no meu governo, terá os poderes necessários para me ajudar", afirmou.
Ao ser lembrada que Lula poderia vir como uma espécie de superministro, podendo fazer sombra a ela, Dilma disse que "o presidente Lula no ministério é importante e relevante pela inequívoca experiência política dele". Em seguida, disse que "tem seis anos que vocês tentam me separar do Lula. A minha relação com Lula não é relação de poder ou superpoderes. É uma sólida relação de quem constrói um projeto".
Ao ser perguntada sobre as exigências que Lula fez para assumir o governo, Dilma desconversou dizendo que "isso não é do perfil do presidente Lula". Ela justificou a demora dele em concordar em assumir o cargo por ter dúvidas.
"O presidente Lula tinha dúvidas se ele deveria ou não assumir o cargo. Dúvidas essas mais ligadas à situação, ao confronto que a oposição poderia fazer sobre suas razões", comentou ela, ressaltando que achava que "essas dúvidas foram integralmente superadas".
Porém, como condição imposta pelo ex-presidente para assumir a Casa Civil, Dilma discute uma nova reforma ministerial. As alterações podem envolver pastas como Comunicação Social, Esporte, Educação, Relações Exteriores e até mesmo a chefia do Banco Central. O objetivo é acomodar aliados do petista e promover mudanças que deem novo fôlego ao governo federal diante da possibilidade de abertura do processo de impeachment.
Antes de promover as alterações, a presidente realizará uma espécie de análise da fidelidade da base aliada. A intenção é ponderar qual é a base real de apoio ao governo federal e, assim, redimensionar os atuais espaços dos partidos na Esplanada dos Ministérios.
No encontro com a presidente no Palácio da Alvorada, ontem, Lula cobrou alterações na política econômica e sugeriu nomes para outras pastas estratégias do governo federal. A ideia é deslocar o ministro Edinho Silva da Comunicação Social para Esportes, alteração com a qual ele já tem trabalhado. Para seu lugar, foi sugerido o jornalista Franklin Martins, que ocupou a pasta no governo do petista.
Para o Banco Central, Lula sondará Henrique Meirelles, que também esteve à frente do cargo na administração do petista. O ministro Alexandre Tombini tem resistência a uma guinada econômica no governo. Para Relações Exteriores, o petista tem defendido o retorno de Celso Amorim e, para substituir o ministro Aloizio Mercadante (PT) na Educação, ele defende Ciro Gomes, do PDT.
A presidente tem discutido as mudanças, e a expectativa é anunciá-las até o fim da próxima semana. Lula tomará posse hoje, às 10h, no Palácio do Planalto.

Oposição tece críticas à nomeação e ameaça processo judicial

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, disse que a presidente Dilma Rousseff (PT) "abdicou" de forma definitiva ao seu mandato, ao nomear o ex-presidente Lula como ministro da Casa Civil. Aécio, em nota, classificou de "absolutamente condenável" a nomeação de Lula e disse que isso, na área econômica, pode levar ao "populismo e à irresponsabilidade fiscal".
Para o tucano, sempre ficará a "certeza" de que foi uma manobra para se "interferir" nas investigações da Lava-Jato. O parlamentar também afirmou que a nomeação de Lula não reduz a força do movimento pró-impeachment da presidente Dilma. "Continuaremos firmes no apoio ao impeachment e na expectativa de que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) cumpra seu papel".
Para o tucano, a nomeação significa de que "não há mais governo". E acrescentou: "Por maiores que sejam os malabarismos que se façam, enquanto a presidente da República estiver no cargo, não há possibilidade de um novo recomeço para o país".
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) também se manifestou sobre a nomeação de Lula. O tucano estava no meio de uma palestra quando afirmou ser um erro a decisão política. Ele também classificou o fato como "escandaloso" e disse que a população precisa reagir.
Assim como os tucanos, opositores de outros partidos deflagraram uma chuva de ações na Justiça para tentar impedir a nomeação. A avaliação da oposição é que Lula tenta se "blindar" com foro especial. O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado, informou que as ações populares dos parlamentares do DEM estão prontas e que ele entrará em Goiânia. Já o líder do PV no Senado, Álvaro Dias, já protocolouAção Popular na Justiça Federal de Brasília pedindo liminar sustentado a nomeação ou os efeitos da nomeação. Todas as ações estão no sentido de que há um desvio de finalidade com a nomeação de Lula.

Manifestantes reagem contra nomeação em protestos pelo País

 manifestantes protestam contra ida de Lula para a Casa Civil em frente ao palacio do planalto foto EVARISTO SA AFP PHOTO

manifestantes protestam contra ida de Lula para a Casa Civil em frente ao palacio do planalto foto EVARISTO SA AFP PHOTO


EVARISTO SA/AFP/JC
Motivados por parlamentares oposicionistas e convocações nas redes sociais, centenas de manifestantes contrários ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT) fizeram, ontem à noite, manifestações em diferentes cidades do País, protestando contra a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como ministro-chefe da Casa Civil, realizada ontem por Dilma. Uma delas ocorreu em frente ao Palácio do Planalto. A rua em frente à sede do Executivo foi fechada nos dois sentidos. A tropa de choque da Polícia Militar e seguranças do Planalto se posicionaram. Além de bonecos infláveis com a imagem do ex-presidente, os manifestantes portavam bandeiras do Brasil e faixas de protesto. Eles também gritaram palavras de ordem, como "Lula, ladrão, seu lugar é na prisão".
Os deputados Paulinho da Força (SDD), Darcídio Perondi (PMDB-RS), Rubens Bueno (PPS-PR), Pauderney Avelino (DEM-AM) e Mendonça Filho (DEM-PE) foram vistos no protesto. De acordo com a Polícia Militar, mais de 2 mil manifestantes participavam do ato às 20h.
Em São Paulo, um grupo de cerca de 30 manifestantes iniciou uma vigília no vão livre do Masp, na avenida Paulista, contra o que chamam de "golpe petista".
Os manifestantes empunhavam bandeiras do Brasil e cartazes com críticas a Lula. As frases "Lula na cadeia" e "Fora PT" foram repetidas pelos participantes do protesto. Segundo a porta-voz do movimento Nas Ruas, Carmen Lutti, que é assistente social e advogada, o ato foi organizado por um "grupo de cidadãos indignados".
Em Porto Alegre, motoristas fizeram um buzinaço nas imediações do parque Moinhos de Vento, local para o qual também o Movimento Brasil Livre (MBL) havia convocado uma manifestação às 20h.
Nomes da oposição também reagiram à nomeação. O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, disse que a presidente Dilma Rousseff (PT) "abdicou" de forma definitiva ao seu mandato. A avaliação da oposição é que Lula tenta se "blindar" com foro especial. O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado, informou que as ações populares dos parlamentares do DEM estão prontas e que ele entrará em Goiânia. Já o líder do PV no Senado, Alvaro Dias, já protocolou Ação Popular na Justiça Federal de Brasília pedindo liminar sustando a nomeação.

Para Gilmar Mendes, STF pode suspender foro privilegiado de Lula

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), avaliou ontem que, mesmo com nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para ser ministro do governo Dilma Rousseff (PT), existe a possibilidade de a investigação aberta contra ele na Operação Lava Jato ser mantida na primeira instância, sob os cuidados do juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal de Curitiba. Ministros de Estado tem foro privilegiado para serem julgados no STF.
"Se o tribunal, numa questão de ordem, puder chegar à conclusão de que, para esses fins, a nomeação não é válida, mantém-se o processo no âmbito do primeiro grau", afirmou Mendes, que costuma ter posição crítica em relação ao governo. O ministro disse também que será analisada a hipótese de que a nomeação de Lula seja uma tentativa de escapar de Sérgio Moro. "Eu acho que é um assunto digno de preocupação para o tribunal."