O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está sendo pressionado a assumir um ministério no governo Dilma Rousseff (PT). Mas, até agora, ele resiste. Com o avanço da Operação Lava Jato, aliados de Lula dizem que ele precisa de foro privilegiado, porque, segundo eles, do jeito que a operação caminha, o petista pode ter a prisão decretada. O assunto foi tratado na noite de terça-feira em reunião de Lula, Dilma e ministros, no Palácio da Alvorada.
Se Lula ocupar um ministério, um eventual pedido de prisão precisa ser autorizado pelo Supremo Tribunal Federal e o ex-presidente não ficará nas mãos do juiz Sérgio Moro, que conduz a Lava Jato na 1ª instância. Para petistas, é claro o objetivo da operação de atingir Lula e o PT, além de jogar combustível no impeachment de Dilma.
"Aumentou no PT a pressão para que Lula assuma um ministério, para tentar também esboçar uma reação do governo às arbitrariedades que estão ocorrendo", afirmou um amigo do ex-presidente.
Lula não quer aceitar nenhum cargo no governo sob o argumento de que isso passaria a impressão de confissão de culpa.
Em agosto de 2015, o PT já o havia sondado para ocupar um ministério. No entanto, apesar das especulações, o ex-presidente Lula disse ontem que não pretende assumir nenhum ministério no governo Dilma.
A informação é do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que recebeu o ex-presidente na residência oficial do Senado para um café da manhã com senadores de vários partidos da base aliada. O encontro durou cerca de três horas.
"Evidente que não temos informações sobre essa hipótese. Na conversa, ele disse que quer ajudar o Brasil e o governo e que, para fazer isso, não precisa ser nomeado ministro. Ele pode fazer de qualquer maneira", afirmou Renan, ressaltando que Lula teria negado no encontro que tenha recebido convite da presidente nesse sentido.
O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), anunciou ontem que o partido vai recorrer à Justiça para barrar uma eventual nomeação do ex-presidente Lula para um ministério do governo Dilma. Deverão ser apresentadas ações populares nas 27 unidades da federação a fim de impedir a posse do ex-presidente.