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Opinião

- Publicada em 23 de Março de 2016 às 17:23

A profissionalização do terrorismo

A descoberta dos primeiros documentos com a conscrição e cadastro de jihadistas impacta por eles mostrarem o nível de profissionalização com que, hoje, se recrutam os possíveis combatentes do Isis. São perguntas sobre as peculiaridades físicas ou a instrução dos pretendentes, inclusive, sobre os seus gostos por viagens. De logo, exige-se a opção, pelo candidato, entre a sua militância na guerra e no conflito armado direto e seu embarque no terrorismo, sem volta.
A descoberta dos primeiros documentos com a conscrição e cadastro de jihadistas impacta por eles mostrarem o nível de profissionalização com que, hoje, se recrutam os possíveis combatentes do Isis. São perguntas sobre as peculiaridades físicas ou a instrução dos pretendentes, inclusive, sobre os seus gostos por viagens. De logo, exige-se a opção, pelo candidato, entre a sua militância na guerra e no conflito armado direto e seu embarque no terrorismo, sem volta.
Marca-se, este, em qualquer condição, e sem tréguas, pelo abate do adversário, em todo o percalço do confronto, com o custo da própria vida. O jihadismo nega o reconhecimento universal da nossa espécie, instalando o irreversível segregacionismo coletivo. Depara-se, aí, o retrocesso no ganho da consciência humana pela negação básica da sua igualdade, como a assegurou a Revolução Francesa. O marco histórico da modernidade desvinculava-se, de vez, do que, na Idade Média, mantinha esse descarte trágico pelas fogueiras da Inquisição. E repercutia ainda em nosso tempo no que representou o nazismo, como a ratificação dos eleitos ou proscritos à convivência contemporânea. De toda forma, registramos, nestes dias, a queda da primeira sedução jihadista, começada há uma vintena, na intimação para o martírio a que se capacitavam os seus candidatos, desde sua entrega ao jihad. Dentro do Ocidente, à exceção, ainda, dos belgas, depara-se, hoje, a perda do impulso de ingleses e franceses ou alemães, mas, sobretudo, de americanos. O que está em causa é, no entanto, a exaustão do ideal do "consumismo intransitivo", na volta à exigência de todo "mais ser", que marca a nossa cultura. Ela tende a reclamar o sacrifício, sem limites, na busca do perfeccionismo da condição humana. A conscrição do jihad beneficiou o Isis, nos últimos anos. Mas as decepções de agora refletem, cada vez mais, o confronto, em nosso tempo, entre o "ter mais" e o "ser mais", disfarçado pelo capitalismo contemporâneo.
Membro da Academia Brasileira de Letras
 
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