Depois de verificarem uma retração no ano passado, os transformadores de produtos plásticos no Rio Grande do Sul esperam uma retomada para 2016. Em 2015, a produção física do segmento foi de 477.739 toneladas, o que representou uma diminuição de 10,71% (no Brasil a queda foi de 8,7%). Além desse revés, houve a redução de postos de trabalho na ordem de 8,62%, ficando 27.618 trabalhadores atuando na área.
Apesar dos recentes resultados negativos, o presidente do Sindicato das Indústrias de Material Plástico no Estado do Rio Grande do Sul (Sinplast-RS), Edilson Deitos, projeta que, neste ano, haverá uma melhora, embora tímida. O empresário estima um crescimento na produção na ordem de 3% no mercado gaúcho, o mesmo ocorrendo para o nacional como um todo. O dirigente justifica essa previsão devido à expectativa de um bom desempenho das exportações de diversos setores da economia que agregam produtos plásticos. Como exemplo, o presidente do Sinplast-RS cita segmentos como o de ônibus (que tem várias peças plásticas) e o de carne (por causa de embalagens).
Deitos comenta que a indústria do plástico no Rio Grande do Sul está percebendo um movimento de migração, como já ocorrido no ramo calçadista, motivado por fatores como logística, mercado e incentivos. Em 2014, conforme o dirigente, no Brasil, foram fechadas 40 empresas transformadoras de plástico; desse total, 10 encontravam-se no Rio Grande do Sul. O empresário acrescenta que outra dificuldade enfrentada pelas companhias do setor no Estado é o piso regional, que, conforme o presidente do Sinplast-RS, vira um indexador para as negociações coletivas de diversos segmentos da economia.
"Como a gente vem com pisos regionais com ganhos acima do salário-mínimo, a indústria gaúcha, a cada ano que passa, vem perdendo competitividade, porque ao invés de apresentar aumento de produtividade, só vem tendo aumento de custos", aponta o dirigente. Para tentar reverter esse cenário, Sinplast-RS, Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Nordeste Gaúcho (Simplás), Sindicato das Indústrias de Material Plásticos do Vale dos Vinhedos (Simplavi), Braskem e governo do Estado montaram um grupo de trabalho para buscar soluções e fortalecer a cadeia local do plástico. A meta é criar um programa de incentivo que possibilite que um maior volume de matéria-prima do Polo Petroquímico de Triunfo seja transformado no Rio Grande do Sul e impulsione a geração de postos de trabalho.
Questionado se a prisão de dirigentes que ocuparam cargos de destaque na Odebrecht, inclusive do ex-presidente da empresa Marcelo Odebrecht, pode afetar o setor petroquímico brasileiro (já que a companhia é controladora da Braskem), Deitos argumenta que a Braskem possui uma gestão independente e profissional e não deve ser afetada no momento. Porém, se o fato chegar a comprometer o caixa do grupo Odebrecht, o dirigente acredita que a Braskem passa a ser um ativo que possa ser colocado à venda. Se isso ocorrer, o presidente do Sinplast-RS projeta que somente um grupo internacional teria condições de fazer essa aquisição.