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Conjuntura

- Publicada em 03 de Março de 2016 às 22:04

Queda do Produto Interno Bruto de 3,8% é a mais expressiva desde 1990

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmou que o Produto Interno Bruto (PIB) teve, em 2015, o pior desempenho desde 1990. A queda de 3,8% é a maior desde o recuo de 4,3% registrados em 1990. Os dados foram divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira. Com esse resultado, o PIB de todo o ano passado somou R$ 5,904 trilhões. O tombo levou a economia brasileira a retroceder a patamares vistos no início de 2011, comparou a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmou que o Produto Interno Bruto (PIB) teve, em 2015, o pior desempenho desde 1990. A queda de 3,8% é a maior desde o recuo de 4,3% registrados em 1990. Os dados foram divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira. Com esse resultado, o PIB de todo o ano passado somou R$ 5,904 trilhões. O tombo levou a economia brasileira a retroceder a patamares vistos no início de 2011, comparou a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
 
A atual série histórica do IBGE para as Contas Nacionais Trimestrais começa em 1996. A queda de 6,2% do PIB da Indústria em 2015 é a maior da série desde 1996. Já o PIB de Serviços, além de ter a maior queda da série, registrou o único resultado negativo para um ano desde então.
 
Pelo lado da demanda, a queda de 4,0% do Consumo das Famílias em 2015 é a maior da série desde 1996, registrando o primeiro recuo desde 2003, quando foi registrada retração de 0,5%. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), de 14,1%, também teve a maior queda da série desde 1996, superando o recuo de 8,9% de 1999.
 
A queda de 1,4% no PIB da indústria no quarto trimestre de 2015 ante o terceiro trimestre do ano foi a quarta taxa negativa consecutiva do setor, segundo os dados das Contas Nacionais Trimestrais. Antes disso, a indústria vinha de um trimestre de estagnação e outros dois recuos.
 
No PIB dos Serviços, a queda de 1,4% no quarto trimestrede 2015 ante o terceiro trimestre do ano também foi a quarta taxa negativa consecutiva e a mais intensa desde o quarto trimestre de 2008, em que registrou recuo de 2,3%. As importações, que recuaram 5,9% no quarto trimestre de 2015 ante o terceiro trimestre, tiveram o quinto resultado negativo consecutivo.
 
No Consumo das famílias, a queda de 1,3% na mesma comparação foi a quarta taxa negativa seguida. Na comparação com o quarto trimestre de 2014, o consumo das famílias mostrou queda de 6,8%. Já o consumo do governo, que caiu 2,9% no quarto trimestre de 2015 ante o terceiro trimestre do ano, teve o pior resultado desde o quarto trimestre de 2008, quando houve retração de 3,4%.
 
Em 2015, recuou 1% ante 2014.
 
O PIB per capita ficou em R$ 28.876,00 em 2015, o que representa recuo de 4,6% em relação a 2014. Trata-se da maior queda já registrada na série do indicador, que foi iniciada em 2000.
 
O ano foi marcado por graves problemas fiscais e políticos que abalaram a confiança do consumidores e empresários. O desemprego subiu, assim como a inflação. O País caminha para uma de suas mais longas recessões já documentadas.
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Retração brasileira destoa do desempenho dos demais países emergentes

A contração de 3,8% do PIB brasileiro no ano passado só encontra similares nas graves crises enfrentadas por Rússia, Ucrânia e Venezuela. A economia venezuelana, ditada pelos preços do petróleo, encolheu 5,7% no ano passado, quando a cotação do combustível no mercado internacional foi reduzida praticamente pela metade (queda de 47%).
A economia russa, que também é muito dependente dos preços das commodities, teve uma retração similar à brasileira: 3,7%. A queda também é explicada pelo embargo internacional iniciado há dois anos pelo conflito com a Ucrânia. O PIB ucraniano de 2015 ainda não foi divulgado pela agência de estatística local, mas o próprio governo trabalha com um cenário de retração de 10,4%.
Porém, é importante ressaltar que os casos de Ucrânia e Venezuela são mais graves do que o brasileiro, já que registraram contrações expressivas em 2014: o Produto Interno Bruto ucraniano encolheu 6,8%, e o venezuelano, 3,9%. A Rússia, apesar do embargo e da queda das cotações das matérias-primas, cresceu 0,6% dois anos atrás; o Brasil ficou praticamente estagnado, com alta de 0,1%.
Outros países emergentes perderam força no ano passado, mas nada parecido com o Brasil. A alta do PIB da África do Sul passou de 1,5%, em 2014, para 1,3%. No caso da Indonésia, a alta de 4,8% em 2015 foi 0,2 ponto percentual menor que a do ano anterior, situação parecida com a filipina (de 6,1% para 5,8%). Esses países sofrem - além de questões internas - com o declínio dos preços das commodities e a desaceleração da economia chinesa.

Fazenda confia em retomada do crescimento

Diante da confirmação de retração do PIB no ano passado, o Ministério da Fazenda afirmou, por meio de nota, que a economia poderá voltar a crescer ainda neste ano. "A economia poderá se estabilizar no terceiro trimestre e apresentar crescimento positivo a partir do quarto trimestre deste ano", diz a nota.
De acordo com a Fazenda, entre os fatores que mais influíram para esse cenário estão: queda no preço das commodities; crise hídrica e consequente problema de abastecimento; desinvestimentos da cadeia de petróleo, gás e construção civil; realinhamento de preços relativos na economia; e ajuste macroeconômico. A aposta do ministro Nelson Barbosa para uma recuperação ainda neste ano se baseia na crença de que esses fatores não devem se repetir "na mesma intensidade" em 2016.
A retração do PIB decorreu da contribuição negativa da demanda doméstica de 6,5%, enquanto a demanda externa contribuiu com crescimento positivo de 2,7%, diz a nota. "O grande desafio do crescimento é recuperar a demanda interna. Nesse sentido, o governo tem realizado uma série de iniciativas que permitirão a retomada do crescimento e a estabilização da renda e do emprego." O ministro cita o esforço de ajuste fiscal, que aconteceu no ano passado e persistirá em 2016 - o corte em gastos discricionários previsto no Orçamento deste ano será de R$ 23,4 bilhões.
Analistas, no entanto, discordam de uma retomada neste ano. O desempenho da economia em 2015 foi tão ruim que muitos economistas já revisaram para baixo a expectativa para o PIB de 2016. E a atividade econômica pode ser ainda mais fraca do que no ano passado, uma vez que já há quem espere uma contração de 4% em 2016, mais acentuada do que os 3,8% do ano passado, divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE.

Recordes negativos

A queda de 3,8% registrada na atividade econômica em 2015 é a maior desde 1990, quando a economia encolheu 4,3%. O último resultado negativo havia sido registrado em 2009 (-0,1%), no auge da crise econômica mundial. Em 2014, o PIB teve leve alta de 0,1%.
Em 2015, pela primeira vez na série histórica (iniciada em 1996), o setor de serviços encolheu. A queda foi de 2,7% em uma atividade que responde por 72% do PIB e vinha resistindo à recessão.
A queda de 6,2% da indústria foi a pior desde 2009, auge da crise global.
A queda de 4% no consumo das famílias é a maior da série histórica, iniciada em 1996, assim como a de 14% do investimento.
A queda de 14,3% das importações de bens e serviços é a maior desde 1999, quando caiu 15,1%.
Embora tenha crescido 1,8%, o desempenho da agropecuária em 2015 foi o pior desde 2012, quando caiu 3,1%.
A queda de 1% do consumo do governo foi a maior desde o primeiro ano da série histórica, em 1996, quando o recuo foi de 1,8%.