Michele Rolim
Marcel Odenbach é um dos artistas alemães pioneiros no trabalho com filme e vídeo. Sua produção pode ser conhecida, a partir de hoje, às 19h, no Margs (Praça da Alfândega, s/nº), e, a partir de amanhã, também no Goethe-Institut Porto Alegre (24 de Outubro, 112).
A exposição individual Marcel Odenbach - Stille Bewegungen (Movimentos Silenciosos) apresenta a obra do artista, através de instalações, vídeos e peças em papel das últimas três décadas. Nascido em 1953, em Colônia, Odenbach tem como característica de seus trabalhos apresentar narrativas complexas criadas por meio de uma técnica de colagem de trechos de produções para cinema e televisão, material de arquivo e imagens feitas por ele mesmo. Simultaneamente, a programação segue com uma mostra de seis vídeos do alemão, que podem ser vistos a partir de amanhã, na galeria do Goethe-Institut Porto Alegre.
Organizada pelo Instituto de Relações Exteriores da Alemanha em colaboração com o curador Matthias Mühling, a seleção dos trabalhos apresentada combina um enfoque retrospectivo com a tentativa de cobrir as principais temáticas abordadas pelo artista.
"Por mais de três décadas, ele tem sido um inovador no meio e tem se mantido na vanguarda de novos desenvolvimentos desde que produziu seus primeiros trabalhos em vídeo, nos anos 1970", conta a historiadora da arte e curadora alemã Vanessa Joan Müller. Ela estará em Porto Alegre amanhã, às 19h, no Goethe-Institut, para falar sobre a obra de Odenbach. E completa: "Seus experimentos nas áreas da narrativa e projeção de canais múltiplos estabeleceram as bases para a prática contemporânea de vídeo que parecem comuns hoje, mas, na verdade, elas não foram apresentadas em instituições de arte e galerias antes da década de 1990".
Para a historiadora, ao longo dos anos, Odenbach desenvolveu uma característica iconográfica que lida com uma gama de tópicos, ao mesmo tempo que também é fortemente focada na história alemã e no relacionamento entre memória individual e coletiva. "O trabalho de Odenbach sempre abordou questões contemporâneas sociais e políticas através das lentes da história recente, especialmente a própria história da Alemanha no século XX, do Nacional Socialismo à reunificação do país", comenta Vanessa.
Apesar de trabalhar temas caros à Alemanha, segundo Vanessa, sua obra atinge um potencial independentemente do lugar onde é apresentado. O ponto de partida, muitas vezes, é a relação de um alemão nativo com a sociedade, mas que gera tópicos com significado tanto global quanto pessoal. "Sua habilidade para investigar o relacionamento entre identidade pessoal e política também estabelece uma conexão íntima com o espectador. Em uma inspeção mais próxima, tanto em seus vídeos quanto em seus trabalhos em papel, nada é o que parece", afirma a curadora em arte.
A arte de Odenbach requer um modo reflexivo de ver, um espectador ativo, que seleciona sua própria posição dentro de uma linha de argumentos. "Os espectadores são convidados a não contentarem-se com a visão geral, mas a prestar atenção nos detalhes que revelam insights ambivalentes", diz ela.
No Margs, a exposição pode ser visitada até 15 de maio, de terças-feiras a domingos, das 10h às 19h, nas galerias João Fahrion, Pedro Weingartner, Ângelo Guido, Iberê Camargo e Oscar Boeira. Visitas mediadas a grupos podem ser agendadas pelo e-mail
[email protected]. A visitação dos vídeos no Goethe-Institut ocorre até 28 de maio. A entrada é franca.