Ricardo Gruner
Consagrada como destaque na nova geração de músicos brasileiros, a paulista Tulipa Ruiz já tem três discos na carreira; enquanto isso, o conterrâneo Marcelo Jeneci mantém o mesmo status, mas com apenas dois registros solo.
Em 2009, entretanto, nenhum deles havia estreado oficialmente nem despontado em cenário nacional: naquele ano, os artistas dividiam uma temporada de shows em uma casa de São Paulo, onde Tulipa se apresentava em uma segunda-feira e Jeneci, no dia seguinte. Para marcar o final da empreitada, subiram juntos ao palco e interpretaram uma canção coescrita por eles, Dia a dia, lado a lado.
Gravada somente no final do ano passado, esta faixa é o carro-chefe do show que os dois apresentam juntos em Porto Alegre nesta noite. O espetáculo acontece a partir das 22h, no Opinião (José do Patrocínio, 834), com abertura das portas às 20h30min. Ingressos podem ser adquiridos por valores entre R$ 55,00 e R$ 120,00 e estão disponíveis antecipadamente pelo site
http://minhaentrada.com.br ou nas lojas Youcom.
Atualmente, Tulipa divulga Dancê (2015), trabalho que lhe rendeu um Grammy Latino na categoria de melhor álbum pop contemporâneo brasileiro. Ela havia separado algumas datas no mês de janeiro para as apresentações com Jeneci, mas a agenda foi prolongada. Até agora, os dois já celebraram a parceria em três cidades: Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. "A cada show, nós vamos entrando mais no universo do outro. Ficamos no palco o tempo todo", antecipa ela, referindo-se ao setlist, em que divide os vocais tanto em canções de seu repertório quanto do amigo.
Para a artista, conta a favor da parceria uma série de coincidências - além do fato de os dois se entenderem. "Começamos a compor na mesma época, e depois a experimentar as músicas com banda... Até lançamos o primeiro disco no mesmo período (2010)", lembra ela, completando: "Embora nossos trabalhos soem diferentes, temos estrada parecida e até mesmo músicos parecidos. E também galera de luz, projeção, técnico de som".
O grupo que os acompanha em Porto Alegre, por exemplo, é resultado de uma mistura da equipe que geralmente os dá suporte nas apresentações solo. Do time da cantora, sobem ao palco Márcio Arantes (baixo), Gustavo Ruiz (irmão, produtor e guitarrista de Tulipa) e Samuel Fraga (baterista que até gravou álbum com Jeneci). Já os companheiros usuais de Jeneci estão representados por Régis Damasceno (guitarrista que esteve na Capital gaúcha, na semana passada, com a banda Cidadão Instigado).
Canção que dá nome ao espetáculo, Dia a dia, lado a lado só foi gravada tantos anos após ser escrita devido à correria em que os compositores entraram ao longo desta década. Desenvolvida também por Gustavo Ruiz, a faixa só era conhecida a partir de versões ao vivo, registradas em ocasionais encontros entre os intérpretes. Mesmo assim, caiu no gosto do público: em 2015, a dupla percebeu que um vídeo no YouTube tinha 2 milhões de visualizações.
Ver o alcance da canção, que sobreviveu e foi propagada sem uma versão convencional em streaming nem apoio de rádios, foi a gota d'água para enfim os autores a registrarem devidamente em estúdio. "São três compositores, três perfis diferentes. É a minha sutileza misturada com a do Marcelo e com a do Gustavo", comenta Tulipa, a respeito da canção, que abre com o verso "Eu sonhei que estava exatamente aqui / Olhando pra você". "Não tínhamos uma ideia específica para ela, pensamos mais no estado de espírito e fomos decupando", relata.
E agora, com o trio reunido novamente para tocar, há chance de uma nova parceria? Conforme Tulipa, a estrada é um lugar frutífero: "Existem todas as possibilidades do mundo. Ele (Jeneci) está no processo do seu disco novo agora. Mas quem sabe, no meio disso tudo, pinte alguma".