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Energia

- Publicada em 22 de Março de 2016 às 22:41

Com xisto, Braskem depende menos da Petrobras

 BRASKEM EVENTO DE INAUGURAÇÃO DE SUA PLANTA DE BUTADIENO (MATÉRIA-PRIMA PARA PRODUÇÃO DE BORRACHAS, ESPECIALMENTE DE PNEUS),     NA FOTO: INSTALAÇÕES DA BRASKEN

BRASKEM EVENTO DE INAUGURAÇÃO DE SUA PLANTA DE BUTADIENO (MATÉRIA-PRIMA PARA PRODUÇÃO DE BORRACHAS, ESPECIALMENTE DE PNEUS), NA FOTO: INSTALAÇÕES DA BRASKEN


MARCELO G. RIBEIRO/JC
Por 34 meses, a Braskem viveu uma queda de braço com a Petrobras, sua principal fornecedora e segunda maior acionista. A petroquímica tentava um acordo de longo prazo para o fornecimento de nafta - principal matéria-prima para o eteno, básico da cadeia do plástico. A batalha terminou em dezembro, mas com um acordo para cinco anos. Cerca de 75% do custo de produção do eteno, petroquímico que é a base da cadeia do plástico, vem da nafta.
Por 34 meses, a Braskem viveu uma queda de braço com a Petrobras, sua principal fornecedora e segunda maior acionista. A petroquímica tentava um acordo de longo prazo para o fornecimento de nafta - principal matéria-prima para o eteno, básico da cadeia do plástico. A batalha terminou em dezembro, mas com um acordo para cinco anos. Cerca de 75% do custo de produção do eteno, petroquímico que é a base da cadeia do plástico, vem da nafta.
Para reduzir sua dependência do insumo - e, consequentemente, da própria Petrobras, que fornece 70% de toda a demanda da petroquímica -, a Braskem decidiu diversificar: acaba de fechar um acordo para importar dos Estados Unidos o shale gas, o chamado gás de xisto, que revolucionou a indústria global porderrubar os custos de produção.
O projeto exigirá um investimento de R$ 380 milhões, e o produto será fornecido pela Enterprise Products, a mesma distribuidora que atende as fábricas da petroquímica brasileira nos EUA. O gás importado vai abastecer até 15% da fábrica de Camaçari, que se tornará uma unidade "flex", capaz de utilizar gás ou nafta na produção.
Hoje, dos quatro polos produtivos da Braskem no Brasil, três são movidos a nafta. O único que utiliza gás é o de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, que responde por 15% da produção brasileira. A fábrica é abastecida com gás nacional e não opera a 100% da capacidade justamente pela falta de insumo brasileiro, explica o vice-presidente da unidade de petroquímicos básicos da Braskem, Marcelo Cerqueira.
Com a parte da fábrica de Camaçari que será flex, a representação do gás poderá subir para 20% da produção nacional da Braskem. Para o analista do Citi, Nuno Pinto, mais que reduzir custos com a troca de insumos básicos, a importação de gás poderá ser, no futuro, um instrumento de barganha entre a Braskem e a Petrobras. "Ninguém quer estar na mão da Petrobras. Se amanhã eles decidirem aumentar o preço da nafta, como já fizeram, a rentabilidade da Braskem pode cair de forma significativa."
Cerqueira, no entanto, diz que a importação de gás não reduzirá o volume de nafta comprado da Petrobras. "Vamos substituir a nafta importada." A revolução do shale gas americano mudou a indústria petroquímica global. Nos sete primeiros anos da década de 2000, produzir eteno com nafta custava até 30% menos do que usar o gás, apontam dados da consultoria IHS, que consideram o cenário nos Estados Unidos. A partir de 2006, a relação se inverteu e o gás chegou a custar até 75% mais barato do que a nafta.
O governo norte-americano utilizou os benefícios do gás de xisto para fomentar a recuperação do país após a crise do subprime, em 2008. As regras proibiam a exportação do insumo, em uma tentativa de atrair novas indústrias para os Estados Unidos.
Com o crescimento da produção, que tornou os EUA o maior produtor de gás do mundo, o governo flexibilizou as regras para evitar um excesso de oferta. Desde então, distribuidoras investiram em terminais de liquefação de gás, para viabilizar a sua exportação. A primeira remessa de gás exportado dos Estados Unidos saiu do país em dezembro do ano passado. "A exportação do gás de xisto é uma festa que vai começar. Temos de estar nesse jogo", disse o vice-presidente da Braskem.
Estimativas de mercado apontam que mesmo com o custo do frete marítimo, o gás importado americano custaria, em média, 50% menos que a nafta no Brasil nos últimos dois anos. Além da Braskem, a própria Petrobras também anunciou que vai importar gás dos Estados Unidos. O produto será usado para abastecer as usinas termoelétricas da estatal.
Para o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires, há uma tendência mundial de aumento da oferta de gás, o que deve manter os preços do produto em baixa, puxada por novas descobertas e por mais investimentos em liquefação.
"Vamos viver a era do gás natural. As petroquímicas que mantêm uma matriz de produção focada em nafta, como é o caso da Braskem hoje, vão perder competitividade internacional se não migrarem para o gás", afirmou. Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Fernando Figueiredo, a competitividade da Braskem é fundamental para toda a cadeia. "Ela está na base da pirâmide. Se o custo dela é acima do mercado internacional, toda indústria química sente."

Governo encontra a saída para interligar o sistema elétrico

 BRASKEM EVENTO DE INAUGURAÇÃO DE SUA PLANTA DE BUTADIENO (MATÉRIA-PRIMA PARA PRODUÇÃO DE BORRACHAS, ESPECIALMENTE DE PNEUS),     NA FOTO: INSTALAÇÕES DA BRASKEN

BRASKEM EVENTO DE INAUGURAÇÃO DE SUA PLANTA DE BUTADIENO (MATÉRIA-PRIMA PARA PRODUÇÃO DE BORRACHAS, ESPECIALMENTE DE PNEUS), NA FOTO: INSTALAÇÕES DA BRASKEN


MARCELO G. RIBEIRO/JC
O governo encontrou uma forma de integrar ao Sistema Interligado Nacional (SIN) a maior parte das regiões isoladas do sistema elétrico, em sua maioria, na região Norte do País. Cansado de esperar que as distribuidoras fizessem a conexão nas linhas de transmissão da região amazônica, uma mudança legal vai permitir que o governo leiloe linhas de baixas tensão, de 138 Kv (Kilovolt), para garantir a integração.
O decreto com a mudança regulatória foi publicado pela presidência da República. Até o decreto, linhas de transmissão de baixa tensão eram de responsabilidade das distribuidoras. Desde 2012, o Norte do Amazonas e Roraima, além de outras regiões esperam a conexão na linha de Tucuruí, de responsabilidade da Amazônia Energia, subsidiária da Eletrobras. No Pará, no Sudoeste, também não há condições para a interligação ao sistema. O problema se repete em partes do Acre, do Amapá e de Rondônia.
"A decisão implementa, em uma região importante, uma solução estruturante. Isso vai permitir que se integre as regiões ao SIN", diz Eduardo Braga, ministro de Minas e Energia. Agora, o governo vai correr para leiloar ao menos duas linhas de transmissão no Sudoeste do Pará. Embora os investimentos sejam menores do que em linhas de transmissão de alta tensão, investidores se sentirão atraídos, acredita Braga.
"São regiões atrativas, com produção agropecuária e mineral. Os polos de serviços estão chegando também." A expectativa, além de interligar essas regiões ao sistema, é que a redução de subsídios ajude a baixar a conta de luz para o resto do País. "Um efeito colateral positivo é a redução da CCC (Conta de Consumo de Combustível), pois as térmicas responsáveis por manter a eletricidade da região poderão ser desligadas", afirma. Apesar do plano, algumas regiões ainda devem permanecer isoladas do sistema elétrico.
O governo espera que a briga entre geradores termelétricos com o mercado de curto prazo, gerenciado pela CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica), se encerre. O MME recebeu uma carta da Abraget (associação dos geradores) exigindo o pagamento de créditos acumulados no mercado de curto prazo - onde geradores e consumidores fazem um ajuste de contas. Somente a Petrobras possui cerca de R$ 1,5 bilhão em créditos acumulados. Devido às liminares que judicializaram esses acertos, as empresas devedoras têm pagado muito menos do que deveriam. Braga diz que, reunidas, a Abraget e a CCEE, acertaram que, com a retirada das liminares, os devedores vão pagar o saldo devido em até seis vezes.