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- Publicada em 21 de Fevereiro de 2016 às 21:41

Delcídio recua e admite tirar licença do mandato

Após ser ameaçado de passar por um processo público de expulsão do PT caso insista em provocar constrangimentos ao partido ao assumir protagonismo no Senado, o senador Delcídio Amaral (suspenso do PT), que foi para a prisão domiciliar na última sexta-feira, recuou de sua estratégia inicial de retomar seu mandato esta semana como um "trator". Ontem, assessores do senador avisaram a petistas que ele desistiu de brigar para se manter na presidência da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e que deve se focar em sua defesa, a exemplo do que defenderam seus colegas nos últimos dias.
Após ser ameaçado de passar por um processo público de expulsão do PT caso insista em provocar constrangimentos ao partido ao assumir protagonismo no Senado, o senador Delcídio Amaral (suspenso do PT), que foi para a prisão domiciliar na última sexta-feira, recuou de sua estratégia inicial de retomar seu mandato esta semana como um "trator". Ontem, assessores do senador avisaram a petistas que ele desistiu de brigar para se manter na presidência da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e que deve se focar em sua defesa, a exemplo do que defenderam seus colegas nos últimos dias.
Delcídio sinalizou, ainda, que cogita tirar uma licença por período inferior a 120 dias enquanto se dedica a se defender das acusações de que é alvo. Ele foi preso, no dia 25 de novembro, a pedido da Procuradoria-Geral da República, e com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), sob suspeita de tentar atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato. O maior temor do senador é perder o foro privilegiado e cair nas mãos do juiz Sergio Moro, na Justiça Federal do Paraná. Com a licença, ele manteria o mandato e o foro privilegiado e, ao sair dos holofotes, esvaziaria as pressões dos colegas, o que poderia ajudá-lo a escapar da cassação no Conselho de Ética.
O recuo de Delcídio foi precedido de uma intensa operação por parte da cúpula do PT durante o fim de semana. Até sexta-feira, quando conversou com interlocutores, o senador havia mandado recados de que pretendia retornar ao Senado de "cabeça erguida", com a retomada da presidência da CAE, e que não aceitaria ter seu mandato cassado no processo que sofre no Conselho de Ética.
No sábado, dirigentes do PT entraram em campo para comunicar a Delcídio que sua postura estava contrariando o partido, e que sua expulsão dependeria da forma como irá se portar daqui em diante. A filiação do senador está suspensa desde dezembro, e há um processo disciplinar para investigar sua conduta, que pode culminar na sua expulsão. Se suas atitudes provocarem constrangimentos maiores ao PT, o resultado será sua expulsão. "Foi avisado a Delcídio que, caso ele mantenha o pé no acelerador, o PT fará o mesmo e ele ficará sozinho. Por enquanto, ele está apenas suspenso do PT, mas isso pode se tornar um processo de expulsão com toda a pompa e circunstância. Não interessa a ele passar por essa execração pública", afirma um petista.
Após receber as mensagens da cúpula petista, o senador avisou, por meio de seus assessores, que está disposto a formalizar sua renúncia à presidência da CAE na quarta-feira, quando a comissão irá se reunir e deverá eleger a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) para o cargo. A decisão, porém, ainda não foi comunicada oficialmente à bancada do partido, nem à Mesa Diretora do Senado.
A bancada do PT já apresentou ofício pedindo a substituição de Delcídio no comando da CAE, e o temor é que o senador crie um fato político ao tentar retomar o posto, o que seria um constrangimento para Gleisi Hoffmann e para o partido. O líder do PT, senador Humberto Costa, que conversou com Delcídio na sexta-feira por telefone, irá se reunir com o correligionário no início desta semana para tratar o tema. Interlocutores de Delcídio se queixaram da forma como o assunto foi conduzido e expuseram sua contrariedade com o fato de o partido ter tomado a decisão sem consultá-lo.
"O ideal era fazer tudo conversado, e não como uma imposição. Teria que fazer combinado, mas o PT decidiu fazer isso sem consultá-lo. A saída dele da prisão atrapalhou os planos de muita gente", afirma um auxiliar do senador.
A volta do senador está provocando constrangimento generalizado no Senado, mas especialmente no PT. Durante o fim de semana, integrantes do partido conversaram, de forma reservada, sobre o que consideram uma ausência de "condições morais" por parte de Delcídio para exercer seu mandato da mesma forma que fazia antes de ser preso. Além de presidir a CAE, Delcídio era líder do governo no Senado e tinha papel de destaque nas discussões da Casa.

Partidos da base aliada e da oposição avaliam que permanência do senador desgasta a Casa

Lideranças de partidos da base e da oposição também avaliaram que o clima para a permanência de Delcídio Amaral (suspenso do PT) no Senado é ruim e defenderam que ele tire uma licença para evitar ser cassado. Mesmo tendo enviado mensagens de que não entrará na briga pelo comando da Comissão de Assuntos econômicos (CAE), Delcídio reforçou a interlocutores que pretende fazer um corpo a corpo com os senadores para defender seu mandato, e evitar perder o foro privilegiado. Alguns senadores disseram ter interpretado recados de Delcídio como uma pressão para que não cassem seu mandato. Segundo relatos, o petista teria dito a interlocutores ter muitas informações sobre as operações na Petrobras, o que foi visto como um aviso de que pode decidir falar e comprometer colegas caso fique isolado.Delcídio Amaral foi preso em 25 de novembro, depois de ser acusado de tramar a manipulação da delação e a fuga do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. Em conversa gravada por Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras, o senador promete falar com ministros do STF para relaxar a prisão de Cerveró. Diz ainda que ele poderia fugir para a Espanha. Pelas tratativas, a fuga teria entre seus patrocinadores o banqueiro André Esteves, dono do BTG Pactual.Na última sexta-feira, depois de passar 85 dias detido em dependências da Polícia Federal e da Polícia Militar, o senador foi solto após ser autorizado pelo ministro do Supremo Teori Zavascki a responder as acusações que pesam contra ele na Operação Lava Jato em prisão domiciliar. No despacho, Teori autorizou Delcídio a trabalhar no Senado, mas com a obrigação de se recolher em casa à noite e em dias de folga.