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Opinião

- Publicada em 11 de Fevereiro de 2016 às 16:44

Oswaldo Cruz provou que pode-se vencer mosquitos

O Brasil não tem sossego na área política e, menos ainda, na área econômica. As finanças federais estão ruins desde 2015, e fala-se em um novo corte de despesas, agora de R$ 30 bilhões, para aumentar o superávit primário. E isso para o pagamento dos juros da astronômica dívida pública, de cerca de R$ 2,7 trilhões. A Selic está em absurdos 14,25% ao ano, quando, no resto do mundo, os juros estão baixando ou mesmo negativos, caso do Japão.
O Brasil não tem sossego na área política e, menos ainda, na área econômica. As finanças federais estão ruins desde 2015, e fala-se em um novo corte de despesas, agora de R$ 30 bilhões, para aumentar o superávit primário. E isso para o pagamento dos juros da astronômica dívida pública, de cerca de R$ 2,7 trilhões. A Selic está em absurdos 14,25% ao ano, quando, no resto do mundo, os juros estão baixando ou mesmo negativos, caso do Japão.
Agora, o País abriu guerra contra um mosquito. Assim, teremos uma campanha de esclarecimento pelo governo da União, com apoio dos estados, municípios e cerca de 20 mil militares da Marinha, Exército e Força Aérea. Depois, na segunda etapa, uma operação de visitação maciça em capitais e outras cidades do País, visando combater um mosquito com bonito nome em Latim, o Aedes aegypti. Há uma associação, não comprovada cientificamente, entre o zika vírus e a microcefalia. Só em 2015, mais de 1,2 mil casos foram diagnosticados, quando a média anual era de 150.
Margareth Chan, diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), foi convidada a vir ao Brasil para ver as providências tomadas. A campanha lembra a figura de Oswaldo Cruz, médico bacteriologista, epidemiologista e sanitarista, pioneiro no estudo das moléstias tropicais e da medicina experimental no Brasil.
Fundou, em 1900, o Instituto Soroterápico Federal, no Rio de Janeiro, transformado em Instituto Oswaldo Cruz, respeitado internacionalmente. Em 1896, estagiou durante três anos no Instituto Pasteur, em Paris. Voltou ao Brasil em 1899 e organizou o combate ao surto de peste bubônica registrado em Santos e em outras cidades portuárias. Demonstrou que a epidemia era incontrolável sem o emprego do soro adequado.
Nomeado pelo presidente Rodrigues Alves, coordenou as campanhas de erradicação da febre amarela e da varíola, no Rio de Janeiro. Organizou os batalhões de "mata-mosquitos" como será feito agora no País , encarregados de eliminar os focos dos insetos transmissores. Convenceu Rodrigues Alves a decretar a vacinação obrigatória, o que provocou a rebelião de populares e da Escola Militar, em 1904, contra o que consideravam uma invasão de casas e uma vacinação forçada, o que ficou conhecido como Revolta da Vacina.
O Rio de Janeiro era uma das cidades mais sujas do mundo. Boletins sanitários da época informam que foram visitados, em um mês, 14.772 prédios, extintos 2.328 focos de larvas, limpos 2.091 calhas e telhados, 17.744 ralos e 28.200 tinas. Foram lavadas 11.550 caixas de descarga, 3.370 caixas d'água, e 173 sarjetas, retirando 6.559 baldes de lixo.
Dos quintais de casas e terrenos, 36 carroças de lixo, usando 1.901 litros de petróleo. Houve momento em que Oswaldo Cruz foi chamado de "inimigo do povo", nos jornais, nos discursos da Câmara e do Senado, nas caricaturas e nas modinhas de Carnaval. Até uma revolta, a "quebra-lampeão", em que todos foram quebrados pela fúria popular, alimentada criminosamente durante meses pela demagogia de fanáticos e ignorantes. O médico foi premiado no Congresso Internacional de Higiene e Demografia, em Berlim, em 1907.
Os mais idosos devem se lembrar que Porto Alegre teve também agentes chamados de "mata-mosquitos". Fardados, iam de casa em casa levando óleo para colocar nos locais que poderiam ser focos de mosquitos. Por isso, 112 anos depois, o Brasil não pode ser derrotado por um mosquito. Oswaldo Cruz provou isso, mesmo contra a vontade de muitos de então.
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