Pela primeira vez desde que o promotor argentino Alberto Nisman foi encontrado morto, em janeiro de 2015, um funcionário do sistema judicial do país afirmou se tratar de um caso de assassinato. O promotor-geral da Câmara Criminal, Ricardo Sáenz, escreveu, em documento entregue à Justiça, que Nisman foi "vítima de um crime de homicídio".
No texto, Sáenz diz ainda que Diego Lagomarsino, o dono do revólver encontrado ao lado do corpo, deve ser considerado responsável pelo crime, "pois não se pode acreditar nele". O técnico de informática trabalhava para Nisman e havia afirmado que o promotor lhe pedira a arma emprestada por motivos de segurança.
Lagomarsino declarou à imprensa local, nesta quinta-feira, que Sáenz "pode dizer o que quiser", mas que está provado que ele não tem culpa. O promotor-geral ainda acatou a apelação de Sandra Arroyo Salgado, ex-mulher de Nisman, para que a causa seja enviada à Justiça Federal. Ele argumentou que homicídio é a principal hipótese para o caso, já que ocorreu quatro dias depois de seu ex-colega denunciar a então presidente Cristina Kirchner por encobrir o envolvimento do Irã no atentado terrorista à sede da Associação Mutual Israelita da Argentina (Amia).
Nisman investigava o episódio, no qual 85 pessoas morreram depois que uma van carregada de TNT explodiu diante do prédio da entidade na manhã do dia 18 de julho de 1994.
Há duas semanas, a juíza Fabiana Palmaghini, responsável pela investigação, havia negado o pedido de Sandra de mandar a ação para a Justiça Federal. Ela afirmara ser prematuro para sustentar a hipótese de homicídio.
Às vésperas de sua morte, o promotor teria uma audiência no Congresso da Argentina, na qual apresentaria informações complementares da denúncia assinada por ele contra Cristina e o chanceler Alberto Timmerman. O procurador os acusava de conluio com o Irã para acobertar as investigações. Desde 2006, Nisman apontava de forma rotunda o envolvimento do governo iraniano com o atentado.