No poder desde 2006, o presidente da Bolívia, Evo Morales, teve ontem a confirmação de sua derrota no referendo de domingo, que rejeitou a intenção do governante de se candidatar a um quarto mandato consecutivo. Com 99,49% das urnas apuradas, o "não" se impôs com 51,31% dos votos contra 48,69% do "sim", confirmou a presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Katia Uriona. O resultado também impede o vice-presidente Álvaro García de concorrer novamente.
"Respeitamos os resultados, faz parte da democracia", afirmou Evo em coletiva de imprensa no Palácio Quemado em La Paz. "Perdemos a batalha, mas não a guerra. A luta continua", completou.
Essa foi a primeira derrota eleitoral do presidente em uma década no poder. Em 2009, ele conseguiu aprovar uma nova Constituição, com 61,43% dos votos.
Após a confirmação dos resultados, houve festa nas ruas de Santa Cruz, cidade no oeste do país, onde a oposição ao governo de Evo Morales é forte. La Paz também foi palco de comemorações.
"Uma ampla faixa de eleitores que antes apoiava o governo se juntou à oposição tradicional de Morales, formada pelos ricos e pela classe média", disse Jim Shultz, diretor do Centro da Democracia na Bolívia, grupo que atua na área do Direito. "Essa mudança não representa uma guinada à direita", mas sim uma reprovação da corrupção e a afirmação de que "20 anos é tempo demais para uma pessoa ser presidente", acrescentou.
García acusou a oposição de estar "tentando fazer desaparecer os votos a favor de Morales vindos das áreas rurais". Observadores da Organização dos Estados Americanos (OEA) não reportaram evidências de fraude na votação.