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Trabalho

- Publicada em 25 de Fevereiro de 2016 às 00:09

Desemprego cresce 70% em um ano na área de Porto Alegre

Em relação ao País, Capital voltou a registrar a menor taxa de desocupação entre as regiões analisadas

Em relação ao País, Capital voltou a registrar a menor taxa de desocupação entre as regiões analisadas


PATRICIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
A taxa de desemprego na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) fechou praticamente estável em janeiro, em 9,7%, ante 9,6% registrados em dezembro de 2015. No entanto, se comparado com janeiro do ano passado, quando marcava 5,7%, o avanço foi de 70%. Os dados são da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED).
A taxa de desemprego na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) fechou praticamente estável em janeiro, em 9,7%, ante 9,6% registrados em dezembro de 2015. No entanto, se comparado com janeiro do ano passado, quando marcava 5,7%, o avanço foi de 70%. Os dados são da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED).
Menos vagas de emprego, mas, ao mesmo tempo, menos gente procurando uma ocupação. Foi essa a equação que resultou, em janeiro, no indicador estável. Na área pesquisada, que, além da Capital, engloba outros 23 municípios, foram encontradas 1,677 milhão de pessoas ocupadas em janeiro. O dado representa uma queda de 2,7% em relação a dezembro, e de 6,6% em relação ao primeiro mês de 2015. Ao mesmo tempo, porém, também foram levantados menos desempregados em janeiro (180 mil), do que no mês anterior (183 mil), queda de 1,6%. O número absoluto é o maior para o mês desde 2010 e, no ano passado, limitava-se a 118 mil.
No cômputo geral, portanto, o que se viu foi um encolhimento da População Economicamente Ativa (PEA) da Região Metropolitana, que em janeiro englobou 1,857 milhão de pessoas. Entre ocupados e desocupados, eram 1,907 milhão em dezembro, e 1,903 milhão um ano antes. Segundo a coordenadora da PED pelo Dieese, Virginia Donoso, a saída de porto-alegrenses do mercado de trabalho ocorre tanto pelo maior número de aposentadorias, quanto pela postergação do início da carreira profissional pelos jovens. "Além disso, há também casos de quem perdeu o emprego há pouco e ainda não passou a procurar uma nova ocupação", comenta Virginia.
A pesquisadora acredita, ainda, que a estabilidade em relação a dezembro dá sinais de que, talvez, o pior já tenha passado. "O dado positivo é que, já nos últimos meses, vemos que pelo menos parou de crescer a taxa de desocupação, o que pode ser um sinal de retomada da economia", analisou Virginia. O fato de o desemprego manter-se em um dígito após ter extrapolado os 10% entre setembro e novembro passados também foi celebrado. Porto Alegre também voltou a ter a menor taxa entre as regiões pesquisadas - a segunda é Fortaleza, com 10,2%.
A situação fica um pouco mais nebulosa quando a avaliação dá conta dos vencimentos dos trabalhadores. Ainda referente a dezembro, o rendimento médio ficou em R$ 1.876,00, valor 2,1% menor do que em novembro, e 8% a menos do que em dezembro de 2014. A única categoria que registrou ganhos foi a dos autônomos, que viu seus vencimentos crescerem 1,8% em relação a novembro, para R$ 1.744,00. Fatores como a inflação e a recontratação por salários menores são apontados como possíveis causas da perda de poder econômico dos trabalhadores.
A economista da Fundação de Economia e Estatística (FEE, outra das entidades que organizam a PED), Iracema Castelo Branco, acrescenta que é praticamente impossível que a taxa de desemprego chegue aos níveis registrados na década de 1990. O auge até hoje é a taxa de 19,9%, encontrada em outubro de 1999. "Temos uma população com menor número de jovens, e mesmo os que temos também estão optando mais por apenas estudar, então o fator demográfico nos ajuda nisso", argumenta Iracema. Outros fatores como auxílios sociais e a menor dependência de um único provedor nos lares, que fazia com que todo a família buscasse emprego quando este ente era demitido, são apontados como motivos para a previsão.
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Mais de mil trabalhadores da fábrica da Dana em Gravataí concordam em aderir ao PPE

Em meio à forte queda na venda e na produção de veículos no Brasil, a fabricante de autopeças Dana informou ontem que 1.100 funcionários da unidade de Gravataí, no Rio Grande do Sul, concordaram em aderir ao Programa de Proteção ao Emprego (PPE), do governo federal. O acordo prevê seis meses de adesão, podendo ser renovado por mais seis meses, caso o mercado não apresente melhora. As empresas que aderem ao PPE podem reduzir a jornada de trabalho dos seus empregados em até 30%, sem que o trabalhador tenha uma redução salarial no mesmo nível. Metade da diminuição da jornada é bancada pelo governo, enquanto a outra metade é negociada entre funcionários e empresa. No caso da Dana, 600 funcionários terão a jornada reduzida em 20%, com redução de 5% do salário (dos 15% restantes, 10% serão bancados pelo governo e os outros 5% pela empresa). Para os outros 500, a jornada cairá 10%, com diminuição salarial de 2,5% (dos 7,5% restantes, 5% bancados pelo governo e 2,5% pela empresa). Em Gravataí, apenas 100 funcionários não entrarão no PPE. Com a aprovação dos trabalhadores, o próximo passo da Dana é enviar o pedido de adesão ao governo. As outras duas unidades da empresa no Brasil, em Diadema e Sorocaba, em São Paulo, também fizeram o pedido de adesão. Por terem começado o processo mais cedo, ambas estão em estágio de análise mais avançado. Somando as três unidades, a Dana tem cerca de 2 mil empregados no País. A empresa explicou que decidiu recorrer ao PPE para poder acompanhar os movimentos da indústria automobilística, que tem enfrentado queda na produção. Em 2015, o volume de veículos produzidos pelas montadoras no Brasil caiu 22,8% em relação a 2014. O recuo na produção se deve principalmente aos fracos resultados nas vendas, que caíram 26,5% na mesma comparação. Logo no primeiro mês de 2016, os dados mostraram quedas ainda mais intensas. A produção recuou 29% ante janeiro de 2015 e as vendas tiveram baixa de 38%. O PPE foi criado pelo governo em julho do ano passado para evitar demissões nas empresas que enfrentam dificuldades financeiras. Diversas montadoras e fornecedores de autopeças já aderiram ao programa. A adesão, porém, não tem evitado demissões em massa no setor. Só em 2015, 14,7 mil postos de trabalho foram eliminados pelas montadoras instaladas no País, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). A indústria de autopeças, por sua vez, fechou 28,9 mil vagas, de acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças).