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Indústria

- Publicada em 21 de Fevereiro de 2016 às 21:36

Foton assina acordo com Agrale até março

 Fotos do terreno que receberá a fábrica da Foton, em Guaíba.

Fotos do terreno que receberá a fábrica da Foton, em Guaíba.


MARCO QUINTANA/JC
O acordo entre Foton Aumark do Brasil e Agrale para começar a montar caminhões da marca chinesa deve ser oficializado no começo de março. A negociação está nos detalhes finais sobre o contrato, informou o diretor de relações institucionais da Foton Aumark, Luiz Carlos Paraguassu. Enquanto firma a negociação, que foi antecipada em 2015 pelo Jornal do Comércio, a empresa que vai explorar o nicho de caminhões de até 10 toneladas se prepara para assinar a escritura da compra da área de 100 hectares em Guaíba, uma fração do terreno que no fim dos anos de 1990 chegou a ser destinado a uma fábrica de automóveis da Ford.
O acordo entre Foton Aumark do Brasil e Agrale para começar a montar caminhões da marca chinesa deve ser oficializado no começo de março. A negociação está nos detalhes finais sobre o contrato, informou o diretor de relações institucionais da Foton Aumark, Luiz Carlos Paraguassu. Enquanto firma a negociação, que foi antecipada em 2015 pelo Jornal do Comércio, a empresa que vai explorar o nicho de caminhões de até 10 toneladas se prepara para assinar a escritura da compra da área de 100 hectares em Guaíba, uma fração do terreno que no fim dos anos de 1990 chegou a ser destinado a uma fábrica de automóveis da Ford.
A montadora norte-americana acabou rompendo o acordo com o Rio Grande do Sul e transferiu o investimento para a Bahia. A garantia de que a opção de dar início à montagem em Caxias do Sul, onde fica a Agrale, não ameaça o projeto no município da Região Metropolitana é de Paraguassu. Desde que o plano de instalar a base provisória foi ventilado, a população de Guaíba elevou o grau de temor sobre perder o empreendimento. Segundo uma fonte próxima ao empreendimento, a assinatura do contrato com a Agrale seria feito durante a Festa da Uva, que vai até 6 de março. Mas a repercussão para Guaíba acabou alterando as agendas.
A escritura da área definitiva deve ser firmada em duas semanas, o que assegura a liberação da primeira parcela do financiamento total de R$ 60 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes). Este quesito também estava segurando o começo da construção em Guaíba. O investimento da Aumark, que tem acordo com a chinesa Foton para uso de componentes e tecnologia da marca, já foi estimado em R$ 250 milhões na primeira fase com capacidade instalada de montar 21 mil unidades, que seria progressivamente ativada. A geração de emprego é esperada em 250 vagas diretas. "Não vamos transferir a unidade para lá. Temos pressa para produzir o caminhão nacional", justifica o diretor.
O cronograma da Foton Aumark está um ano atrasado. A previsão era de começar as obras para montar os galpões no começo de 2015. A demora na venda do terreno pelo Estado, condição para contratar o empréstimo de mais de R$ 100 milhões com o Bndes, foi a principal razão do adiamento da instalação. Como o empreendimento está inscrito no programa automotivo Inovar-Auto, do governo federal, que previa redução do imposto de importação a unidades trazidas da China até o fim do ano passado, a empresa precisava engatar a marcha da fabricação nacional. "Somos obrigados a antecipar a produção nacional, mas será por prazo determinado, enquanto construímos em Guaíba", garantiu Paraguassu.
Um ano deve ser o tempo do contrato com a Agrale para ocupar as instalações. A indústria de Caxias do Sul confirma que está em negociação com a Foton Aumark. A aposta é que a produção comece em abril. Os detalhes já estariam acertados, só falta assinar. Mesmo com mercado em queda de venda de caminhões, os novos fabricantes querem garantir produto para abastecer revendas. A marca Foton tem ainda unidades importadas, parte está estacionada no terreno em Guaíba. "Com o dólar a R$ 4,00, só vamos importar se precisar mesmo", explica o diretor da Aumark.
O secretário de Desenvolvimento Econômico de Guaíba, Cleber Quadros, disse que conversou, na semana passada, com o presidente do conselho de administração da Foton Aumark, o ex-ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros. Quadros admitiu que a preocupação é crescente sobre a manutenção do projeto na cidade e que buscou a garantia do principal acionista. "Ele me disse que o contrato será de um ano para se adequar ao Inovar-Auto", reproduziu o secretário, que avaliou como tranquilizadora a resposta. "O acordo com a Agrale já havia criado um alvoroço na cidade, diante do que significaria a perda", contou Quadros. "O Mendonça foi incisivo, explicando que seria mais caro sair daqui."
Na sede da Agrale, não há ainda definição de volume de mão de obra a ser empregado nos caminhões. Parte do quadro da indústria caxiense será deslocado para a montagem, o que reduzirá a ociosidade da planta. Na região de Caxias do Sul, há queda de 18,8% no emprego formal no setor automotivo em 2015. Foram fechados 5 mil postos. O tombo só não é maior que em Gravataí, outro polo automotivo, que teve recuo de 19,8% no emprego e onde fica a fábrica da General Motors. A montadora norte-americana analisa, segundo o comando mundial, rever investimentos previstos em R$ 6,5 bilhões no Brasil, devido à recessão. Parte do aporte é previsto para Gravataí e seria deflagrado em três anos.
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General Motors estuda cancelar investimento no Brasil se economia continuar paralisada

A General Motors pode rever seu plano de investimento no Brasil de R$ 6,5 bilhões, anunciado em julho passado, e com previsão de cobrir gastos até 2019. A unidade em Gravataí, considerada uma das mais eficientes do mundo da marca, foi incluída no plano. O presidente mundial da empresa, Dan Ammann, teme que o País continue com a economia paralisada, o que impedirá a reação do mercado automobilístico nos próximos anos. "Tenho esperança de ver sinais de avanços políticos e econômicos nos próximos seis a 12 meses, o que vai nos permitir seguir o curso do investimento planejado." Do contrário, afirma ele, "vamos reavaliar".
Número dois no comando da GM global, Ammann esteve no País, na terça-feira e quarta-feira da semana passada, para ver o andamento de novos projetos e se mostrou bastante preocupado com a situação local. "Estamos aqui há 91 anos e estamos acostumados com ciclos de altas e baixas no Brasil e na América do Sul, mas o que mais nos preocupa agora é que pode não haver solução nos próximos três anos", disse o presidente mundial. Boa parte para o desenvolvimento de novos produtos e tecnologias.
A queda de 26,6% no mercado em relação a 2014 gera dúvidas. Fábricas suspenderam a produção várias vezes e reduziram o quadro de pessoal em 14,7 mil trabalhadores. Na fábrica em Gravataí, adota-se layoff em parte do quadro. Este ano, o mercado começou com nova queda de quase 40% nas vendas anualizadas em janeiro. Ammann ressalta que o novo pacote de investimento só começará a ser efetivamente aplicado em 2017, o que dá tempo para avaliar seu cancelamento. "Dividimos nossas responsabilidades com os acionistas e qualquer investimento tem de ser avaliado à luz de um retorno", reforça Barry Engle, presidente da GM para a América do Sul.
"A pergunta mais importante é saber quando vamos ver a estabilidade para criar uma situação que permita continuar nossos investimentos", diz Ammann. "Estamos preocupados, pois o ambiente está instável e sem previsão para os próximos anos." Ele sugere ao Brasil observar o que ocorre na Argentina. "O país demonstrou como a situação pode mudar rapidamente com uma liderança correta na economia." Para ele, o mesmo tipo de perspectiva pode ocorrer no Brasil, "se as mudanças corretas acontecerem".
O câmbio desvalorizado poderia ajudar na exportação, mas, no caso da GM, acaba atrapalhando, diz Ammann. "Temos nossas receitas e custos em moeda local, e importamos alguns componentes. Por isso, uma moeda fraca é negativa para a gente." Ele diz ainda que, para criar oportunidades de exportação de longo prazo é preciso ter um ambiente regulatório estável, regras comerciais, regime mais simples de impostos, "e a gente não tem nada disso aqui".